Confira o que esperar do Sub-20 do Vasco na Copinha

Com o time mesclado com jogadores novos e experientes, o Vasco busca o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

O único título do Vasco na Copa São Paulo de Futebol Júnior aconteceu em 1992. Caberá a uma geração novata, mesclada a nomes mais experientes, a missão de encerrar o jejum e trazer outro título para São Januário.

Com muitos garotos recém-promovidos do sub-17 – entre eles os badalados Talles Magno e Riquelme -, aliados a nomes mais experientes, como Lucas Santos e Miranda, o Vasco estreia nesta sexta-feira na Copinha: enfrenta o Carajás, às 16h (de Brasília), em Taubaté.

Será um teste de fogo para uma geração considerada extremamente promissora. Para o gerente da base do Vasco, Carlos Brazil, a Copinha cobra bastante do aspecto mental dos jogadores, mais expostos à mídia.

– A grande diferença é o aspecto da mídia. É um torneio tradicional, pega uma época em que os clubes estão voltando para fazer pré-temporada, então tem mais atenção. Os jogadores se sentem mais valorizados. É aquele momento da valorização do atleta, porque aparece um pouco mais. Ela é importante porque aparece mais, eles são mais cobrados pelo torcedor, a mídia e o profissional estão mais atentos a eles – disse Brazil.

É também a chance de mostrar o resultado de quase um ano de trabalho, iniciado em fevereiro de 2018, com a implantação de um novo modelo de jogo. Desta maneira, apostando em novas joias e na sequência de um trabalho, que o Vasco espera colher frutos de sua base.

Confira a entrevista com Carlos Brazil:

GloboEsporte.com: Qual o objetivo deste time na Copinha?

Carlos Brazil: Objetivo não pode ser diferente do que o título. Evidentemente, sabemos que é um time reformulado. Vem treinando bem. A gente vai com expectativa boa, de chegar entre os primeiros. Acredito nisso. Só um ganha o título, são 126 equipes. Acho que a gente tem que ir para a competição com o objetivo maior. Vamos ver onde conseguimos chegar.

Este é um time que foi montado há pouco tempo, e no primeiro teste, na Copa RS, chegou à semifinal. Superou a expectativa?

– Superou bem a expectativa. Porque na realidade a gente tinha acabado de reformular. Chegar à semifinal de uma competição com os principais times do Brasil e da América do Sul, muitos jogando com meninos nascidos em 1998 (ano limite), foi satisfatório. Já tínhamos parcela reformulada e esperando alguns meninos sub-17. Foi extremamente positivo. Fizemos bons jogos, o nível foi melhorando à medida que avançamos na competição.

Saímos dali satisfeitos com o resultado. Quando você chega, se não bater campeão, mas vê que o trabalho surtiu, está dentro do objetivo proposto, é positivo. Chega na Copinha e consegue ver um time com padrão, jogando com o modelo de jogo determinado por nós, de igual para igual com potências de investimento grande na base, a satisfação é total.

Como cortar a diferença para estes clubes com maior investimento na base?

– A diferença é na qualidade no treino, no empenho de todos. O Vasco não está engatinhando, tem um processo de formação de anos. Qual a diferença hoje? Investimento. Outros clubes têm poder de compra. Nós temos que formar. Existe diferença entre comprar algo pronto e formar. É positivo? Se tiver condição, é positivo. Muitas vezes não consegue formar adequar um jogador de determinada posição.

Temos que fazer a diferença na formação, na qualidade do treinamento. Depois tem a questão dos investimentos. Depois vem o modelo. A gente deu continuidade em projetos na base, mas existe um modelo diferente de jogo. Isso tem pouco tempo. Mas a formação já tem há muitos anos.

Recentemente, o Vasco também trouxe alguns jogadores para a base.

– São condições diferentes. Oportunidades. Temos que ter maior criatividade. Tiago Reis apareceu um pouco mais, mas tivemos outros meninos. O Lucas Imperiano chegou muito bem também. É muito mais difícil quando você não tem poder de compra. Tem que ter criatividade, conhecimento no mercado. Trouxemos alguns, mas poderíamos ter trazido muito mais. O Vasco tem um bom elenco formado em casa.

Como você avalia o Tiago Reis, que é um menino recém-contratado e vem fazendo muitos gols?

– Era um jogador do Cruzeiro. O empresário pediu uma oportunidade, a gente também já tinha o monitorado através do CIA. Alguns são pontuados para a gente. Houve uma sinergia nisso. Ele veio aqui e acabou ficando. Tem potencial. A gente o vê como artilheiro, com potencial para o profissional.

Você citou que o Vasco mudou o modelo de jogo na base. Como isso funciona?

– O que mudou foi a forma de jogar. O modelo de jogo mudou de fevereiro para cá. Isso também já está na cabeça dos jogadores. A gente vem jogando dessa maneira há um ano. Acho que os resultados do ano foram muito bons, considerando todos os aspectos.

Isso ajuda na integração entre as categorias?

– O modelo de jogo desde o sub-11 até o sub-20 é o mesmo. Pode mudar o sistema, de acordo com a característica dos jogadores. É um jogo apoiado, de proposta. Isso é importantíssimo para a formação. Quanto mais tempo você tem a bola, melhor você está formando seu jogador. Alguns fazem a conta da minutagem do zagueiro com a bola. Os melhores times na formação tinham os zagueiros e goleiros pegando muito na bola.

Muito se preocupou com as questões táticas. É algo natural. Hoje a gente preconiza muito esse trabalho técnico individual, por posição. Temos um projeto chamado Joias na Colina que preconiza muito essa parte técnica. Lateral tem treinamento específico, meia, atacante.

Hoje, então, a prioridade na formação do Vasco é a parte técnica?

– Eu entendo que, no final, quando bate no profissional, o que faz a diferença é a parte técnica. Por isso muitas vezes essa integração fica distante nos clubes de modo geral. Você tem a preocupação tática o tempo inteiro, mas quando chega no profissional a preocupação é a técnica.

Se ele for bom, vai se adaptar ao padrão tático. Por isso, muitas vezes tem jogador que é banco na base e é titular no profissional. Porque a parte técnica foi valorizada no profissional e não na base.

Onde entra a questão cognitiva?

– Leitura de jogo e raciocínio rápido. Isso é o futebol hoje. A preparação física cresceu demais. O espaço é cada vez mais reduzido. O jogador tem que entender o jogo. Na maior parte do tempo ele joga sem a bola. Essa parte também tem que ser mensurada.

Tem muito entendimento de pai que diz que o filho é tecnicamente muito bom, mas muitas vezes não consegue evoluir nesse aspecto. Isso faz muita diferença.

O Lucas Santos é talvez o nome mais importante do Vasco nesta Copinha. Muitos torcedores já cobram a presença dele nos profissionais. Qual é o plano do Vasco para ele?

– O Vasco hoje tem uma das melhores transições da base para o profissional. O PC Gusmão é o responsável por isso. Ele está muito atento ao que acontece na base, acompanha os jogos. Tenho contato com ele quase diariamente. A gente troca muita informação.

Lucas Santos vai ter a hora dele no profissional. Tem técnica muito apurada, é diferenciado. A gente tem expectativa muito grande com ele na Copinha. A hora dele no profissional vai chegar naturalmente. Não é uma coisa que tem que ser forçada. PC, Valentim e Alexandre estão muito atentos.

O Miranda é outro jogador que esteve no profissional.

Miranda é um jogador que estava lá incorporado, mas nós entendemos que era importante para ele disputar a Copinha. Ele teve uma inatividade grande no ano por conta de lesão. A Copinha dá uma força para a formação do atleta. É importante neste processo. Depois, dependendo da performance dele, o caminho é o profissional.

Qual é o papel da Copinha na formação desses meninos? Qual a diferença desta competição para eles?

– A grande diferença é o aspecto da mídia. É um torneio tradicional, pega uma época em que os clubes estão voltando para fazer pré-temporada, então tem mais atenção. Os jogadores se sentem mais valorizados. É aquele momento da valorização do atleta, porque aparece um pouco mais. Ela é importante porque aparece mais, eles são mais cobrados pelo torcedor, a mídia e o profissional estão mais atentos a eles.

É diferente do Brasileiro, da Copa RS, que são mais o aspecto técnico. A Copinha é mais no aspecto mental.

O Talles e o Riquelme são meninos de apenas 16 anos que já despertam muito interesse. O Vasco tem algum projeto para ajudá-los a lidar com essa expectativa?

– Tem sim. Nossa assessoria de imprensa é muito boa. Esse é um trabalho feito no clube. Tem uma atenção às mídias sociais, à projeção que podem vir a ter. Porque essa exposição pode gerar problema até dentro do próprio grupo. São jogadores convocados para a seleção, já têm destaque naturalmente. Mas são meninos. Não tem nem idade para juniores. Quantos meninos já tiveram projeção grande e não conseguiram desenvolver isso no profissional?

Tudo isso que vem acontecendo na vida deles também pode gerar problemas. Eles têm que estar conscientes. Entra a psicologia, assessoria, coordenação. Todo mundo trabalha. O próprio empresário tem importância muito grande. Para mim, a família representa 70% na formação do atleta, porque ele vai trazer a educação de casa, só vamos complementar.

Todas essas questões de fora geram importância muito grande na formação final. Não é só jogar futebol. Tem uma serie de questões ao redor deles. Eles se destacam porque são de seleção brasileira e têm potencial técnico muito grande. Mas para chegar no profissional tem que ter cuidado. Senão queimamos etapas, e eles não têm ainda maturação física suficiente para encarar um jogo de profissional.

Recentemente, saiu a notícia do interesse de clubes europeus no Riquelme. Como o Vasco se blinda quanto a isso?

– Existe um conjunto de coisas. Nosso cliente, entre aspas, é o jogador. A gente trabalha para eles. Se você formar um bom jogador, você vai atender os outros clientes: torcedores, pais, empresários, que são clientes do clube também. Mas são uma outra ponta.

Se você não faz um trabalho adequado com o jogador, você não vai agradar os outros.

A partir do momento que o atleta tem a percepção de que tem um bom trabalho de formação, sério, com uma equipe qualificada, pessoas comprometidas, dificilmente ele toma a decisão de sair do clube. A gente tem percebido com muita clareza.

Um jogador como Riquelme tem contrato profissional que garante ao clube indenização caso eles queiram sair. Aí entra no processo da lei. À medida que se destacam, os contratos ficam melhores. É natural do mercado do futebol.

Quais são os objetivos da base do Vasco para 2019?

– O primeiro ano foi para consolidar esse modelo. Ganhamos 13 de 21 títulos disputados. É um resultado extremamente positivo. Ganhar num clube como o Vasco faz parte da formação. Tem que acabar com esse negocio de que não é importante ganhar na base. Os jogadores precisam se habituar a vencer. Num processo como um todo, tem a importância da formação. Esse ano o Vasco se consolidou no futebol de base como uma grande força. Chegamos muito bem em quase todas as competições.

2019 é consolidar de vez o trabalho. É um processo. Não existe nada definitivo. É melhoria contínua. Você consolida o trabalho melhorando os processos durante a caminhada.

E aí o grande objetivo são as conquistas. Para que esse trabalho apareça de fato e mostre que estamos no caminho certo. Ganhar títulos não é só consolidação do caminho, mas dar ao atleta uma força de pensamento de que ele é um vencedor, que ele pode acreditar no trabalho porque vai ser vitorioso. Faltam alguns ajustes.

Globo Esporte

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