Pedrinho fala sobre títulos contra o Palmeiras e jogo de despedida

Ídolo do Vasco da Gama, Pedrinho, relembra em entrevista, títulos conquistados contra o Palmeiras e jogo de despedida.

Neste domingo (25/11), às 17h (de Brasília), Vasco e Palmeiras se enfrentam em São Januário, pela penúltima rodada do Campeonato Brasileiro. A busca pela vitória tem significados opostos para as equipes: enquanto que para os donos da casa vale o encerramento de uma vez por todas da chance de queda à segunda divisão, para os visitantes garante o título brasileiro. E para falar sobre esse confronto, um dos maiores clássicos interestaduais do Brasil, o TORCEDORES.COM conversou, com exclusividade, com Pedrinho, ídolo e multicampeão pelo Cruzmaltino e com passagem também pelo Alviverde. O ex-meia, hoje com 41 anos, recordou os títulos do Brasileirão 1997 e Copa Mercosul 2000, conquistados justamente sobre o Palmeiras, além de comentar sobre o momento do time atual do Vasco, sua última passagem pelo Cruzmaltino e outros assuntos. Confira:

1 – O ano de 1997 é justamente o que você fez mais jogos pelo Vasco, 61, e uma dessas partidas é a do título brasileiro, contra o Palmeiras, no Maracanã. Você entrou no decorrer do segundo tempo, no lugar de Juninho Pernambucano. Qual sua principal recordação dessa partida e do título em si?

“Esse jogo foi muito marcante para mim, Pedrinho, particularmente falando, pois foi meu primeiro título como profissional. Foi uma semana de muita ansiedade pois, além da expectativa de sabermos se o Edmundo jogaria ou não, eu era muito jovem e tinha a possibilidade de conquistar um título de tanta expressão pelo meu clube do coração, então foi muito marcante esse momento.”

2 – Além deste título, você também foi campeão da Copa Mercosul 2000 em cima do Alviverde, no famoso “Jogo do Século”. Qual dessas duas conquistas tem sabor mais especial para você?

“O de 1997, como falei, para mim foi muito importante pois foi meu primeiro título, um título brasileiro, muito difícil de se conquistar, por conta da qualidade dos times naquele momento, então isso marca muito. Mas a virada da Mercosul, o jogo por si só foi histórico. Enfim, essa partida foi mais emocionante, porém o título de 1997 me marcou mais.”

3 – Virando rapidamente a chave a para o outro lado, você também jogou no Palmeiras, logo após sua saída do Vasco, em 2001. E, em 2004, você participou ativamente da vitória por 5 a 2 do Alviverde sobre o Cruzmaltino em São Januário, colaborando com um gol e duas assistências, além de ter infernizado a defesa vascaína. Para você, qual foi a sensação de ter essa atuação de gala contra seu clube do coração e justamente em São Januário? Foi a partida mais ‘estranha’ de sua carreira?

“Esse jogo foi uma das melhores atuações que tive pelo Palmeiras, justamente contra o meu time de coração. Na realidade, eu estava vindo de um problema com o treinador daquela época (Estevam Soares), onde existiam algumas coisas muito mal resolvidas entre a gente e eu fiquei um período de fora, não por problemas físicos, mas por problemas de relacionamento com ele. E eu voltei exatamente nesse jogo, jogando como atacante, onde eu nunca tinha atuado. Não sei se ele fez isso para me queimar ou me testar realmente, e acabou que eu tive que me superar e acabei tendo essa grande atuação. Mas foi muito difícil. Dentro de campo, é óbvio que eu sou profissional e vou dar sempre o melhor de mim, mas contra o meu time de coração é sempre muito difícil de ver o resultado final.”

4 – Trazendo para o presente, acha que o atual time do Vasco tem condições de vencer o Palmeiras, líder do campeonato e com elenco teoricamente superior?

“Acredito que o Vasco tem plenas condições de vencer o Palmeiras sim. Dentro de campo, a diferença na tabela não quer dizer nada. O Vasco é muito forte em São Januário, principalmente por causa de seu torcedor. Acho que, com a torcida vascaína apoiando os 90 minutos, os jogadores crescem e o adversário sente muito essa pressão. É lógico que o Palmeiras tem uma equipe mais qualificada nesse momento, mas eu acredito sim numa vitória do Vasco.”

5 – Pelas peças do elenco cruzmaltino, acredita que a atual situação na tabela é justa ou a equipe poderia estar brigando por algo melhor na competição?

“O campeonato está muito nivelado, até na parte de baixo. Existe um equilíbrio, e o Vasco hoje, lutando na parte de baixo, eu acredito que ele poderia estar do meio da tabela para cima. É muito equilíbrio. O Vasco, contra equipes mais fortes, fez bons jogos e acabou não conseguindo os resultados. Enfim, mesmo não tendo uma equipe do padrão dos times que hoje brigam lá em cima, na minha opinião o Vasco poderia estar numa situação melhor dentro do campeonato.”

6 – Uma curiosidade: todo mundo sabe que Felipe era seu melhor amigo e ‘fiel escudeiro’ durante o período de sua primeira passagem pelo Vasco. Mas com quais outros jogadores você também tinha amizade/proximidade naquela época?

“É, todo mundo sabe que o Felipe é meu irmão. É mais do que um amigo. Cresci com ele em São Januário, desde os seis anos. Nos tornamos amigos fora do clube. Somos irmãos até hoje, nossas famílias, enfim. Mas eu tive outros grandes amigos ali: Ramon Menezes, Carlos Germano, Luisinho, além de outros jogadores que vieram da base com a gente, como, por exemplo, Brener, Cristiano, Azul, Richardson. Foi um grupo que deu para a gente fazer grandes amigos.

7 – Agora falando sobre sua segunda passagem pelo Cruzmaltino, em 2008, há aquela marcante imagem de você chorando durante Vasco x Vitória, em São Januário, jogo este que decretou o primeiro rebaixamento vascaíno. Nesta ocasião e durante boa parte do período em que esteve no clube naquela época, você esteve no banco. Por que acha que não foi tão aproveitado nessa última passagem pelo Vasco?

“Em 2008, onde houve a primeira queda, até finalmente eu assinar com o Vasco, aconteceram algumas coisas que poucas pessoas sabem. Eu estava no mundo árabe, meu pai tinha falecido e eu queria ficar no Rio de Janeiro, jogando no Vasco, que era o time de coração do meu pai e meu time também. Eu fiz um esforço muito grande para que isso acontecesse, mesmo ocorrendo muitas coisas dentro do clube para que eu não fosse contratado. Mas acabou que a gente conseguiu fechar. E depois tinham algumas cláusulas no contrato, coisas específicas, que eu fiquei sabendo só depois de já termos feito o acordo.

E, como falei, eu tinha vindo do mundo árabe. Todo mundo sabe que quando um jogador vem de lá, volta muito abaixo fisicamente, por conta do nível de treinamento que é feito lá. E eu cheguei no meio da temporada, na verdade do meio para o final. Acho que eu poderia ter ficado apenas treinando fisicamente mais duas semanas além do tempo que fiquei, para ter um rendimento melhor, mas, sinceramente, senti que isso não era vontade de ninguém ali dentro. Realmente foi um ano bastante difícil.”

8 – Em relação ao seu jogo de despedida, em janeiro de 2013, houveram alguns boatos, na época, de que talvez você pudesse ter continuado jogando pelo Vasco, ao menos até o fim do Carioca daquele ano. Houve, de fato, alguma conversa oficial em relação a isso ou sua aposentadoria já estava realmente definida?

“Eu vinha me preparando muito não especificamente para a partida, mas para minha vida pessoal. Sempre gostei muito de treinar, eu estava muito bem condicionado. E quando recebi o convite para esse jogo de despedida, eu falei: ‘vou para de treinar’. Procurei focar apenas em algum treinamento específico, sem me esforçar muito, justamente para que eu não chegasse tão bem no jogo, tivesse uma boa atuação, e houvesse uma balançada na minha cabeça em relação a voltar a jogar ou não.

Daí eu fui convidado para fazer um coletivo, em Pinheiral, e nesse treino eu fui muito bem e as pessoas já se surpreenderam um pouco. E aí, no jogo contra o Ajax-HOL, eu joguei muito bem, e é lógico que, com a torcida gritando, a nossa cabeça sempre acha que dá. Mas eu tinha muito medo de encara um novo desafio e as coisas não acontecerem de uma forma positiva, e eu acabar decepcionando o torcedor. Eu não queria isso. Porém, não houve nenhum convite oficial para eu voltar a jogar não.”

9 – Não dá para deixar de te perguntar: como está o clima na chapa de oposição política da qual você faz parte em relação às possíveis novas eleições do Vasco? Acreditam que, caso realmente ocorram, dessa vez ganharão?

“Prefiro não falar muito sobre esse assunto. Está na justiça. É sobre fraude. Iremos acatar todas as decisões que forem tomadas pela justiça. A gente só respeita, cumpre ordens. Não temos direito de influenciar em nada. E com relação ao presidente (Alexandre Campello), ele é tão insignificante para mim, tão ‘nada’, que eu prefiro nem fazer críticas, pois qualquer crítica que eu possa fazer a ele ainda será um elogio. Para mim ele é um ‘nada’ e não merece nem minha crítica.”

10 – Por fim, uma mensagem ao torcedor vascaíno.

“É como eu sempre falo: o maior patrimônio do Vasco é sua torcida, e eu faço parte disso, como torcedor e ex-atleta. Cheguei no Vasco em 1983, passei praticamente 20 anos no clube. Minha infância e adolescência foram ali. Durante anos, passei muito mais tempo no clube do que na minha própria casa. Tenho muito respeito pela torcida. Podem ter certeza que eu nunca vou brincar com o torcedor vascaíno, e se eu estiver do lado de alguém é porque eu tenho certeza que esse alguém também não vai brincar. A gente pode errar, mas vamos errar sempre tentando acertar e fazer o melhor, nunca com injustiça, nunca tentando fazer mal ao Vasco, nunca com roubo, nada disso. Sempre tentando fazer o melhor para o clube. E enfatizar o que o torcedor já sabe, que eu sou apaixonado pela torcida do Vasco.”

Torcedores.com

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