Fellipe Bastos conta bastidores da Copa do Brasil 2011 e exalta presença de Felipe no Vasco

Campeão da Copa do Brasil com o Vasco da Gama em 2011, Fellipe Bastos revela bastidores da conquista e cita importância de Felipe.

Fellipe Bastos durante o jogo contra o Sport
Fellipe Bastos durante o jogo contra o Sport (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Nesta quarta-feira (2), o Vasco enfrenta o Atlético-MG, na Arena MRV, pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil. A última vez que o Cruz-Maltino chegou nesta fase da competição foi justamente quando se consagrou campeão pela primeira vez no torneio, em 2011. Fellipe Bastos, um dos personagens dessa conquista, relembrou o título inédito que marcou uma geração.

Em entrevista ao Lance!, o ex-jogador contou bastidores daquela campanha, destacou a união do elenco, o jogo que mais o marcou, deixou o seu palpite para o resultado desta semifinal e muito mais.

Qual era o diferencial daquele Vasco para a conquista do título?

– O clima entre a gente era muito bom. A gente tinha uma relação de amizade, que dura até hoje. A gente se cobrava muito dentro de campo, mas fora de campo a gente se defendia, se protegia. Tivemos lideranças que eram muito positivas para gente, com jogadores que eram campeões dentro do clube e muito fortes no cenário nacional. Diego Souza, Felipe, Alecsandro, que tinha acabado de ser campeão pelo Inter, Eduardo Costa. A gente sabia que precisava botar a amizade em campo e foi isso que aconteceu. Nossa expectativa era ser campeão carioca, não deu. Então, concentramos todas as nossas forças na Copa do Brasil e no Brasileirão, que nos foi tirado. Mas conseguimos realizar o nosso sonho e o do torcedor, de ganhar a Copa do Brasil.

Apesar de ter sido a melhor temporada dos últimos 20 anos do clube, 2011 começou com frustração. O Cruz-Maltino perdeu o Campeonato Carioca para o Flamengo, e isso virou a chave na cabeça dos jogadores.

– Depois que perdemos o Carioca, a Copa do Brasil virou nossa obsessão. Principalmente depois daquele jogo contra o Athletico-PR, fazemos o gol no final do jogo, do Elton, e vimos que tínhamos a possibilidade, sim, de ser campeão.

Qual foi o jogo daquela campanha que mais te marcou?

– O jogo que mais me marcou foi o do Avaí na semifinal. Fizemos um excelente jogo lá, 2 a 0. Não tínhamos feito um bom jogo aqui (em São Januário), saímos empatando com um gol no final, de pênalti, do Diego Souza. E lá fizemos, para mim, o melhor jogo dessa campanha. Muito por conta do que o Avaí fez. O clube pegou os jogadores, e já tinham comprado passagem, viagem, sem antes mesmo ter ganhado o jogo. Isso foi um combustível. O Ricardo (Gomes) deu a preleção, pegou o panfleto da viagem dos torcedores do Avaí, deu na nossa mão e falou: ‘Vocês já sabem o que tem que ser feito.’ E foi o melhor jogo nosso. Deve ter sido o melhor jogo do trio de ataque, Diego Souza, Éder e Alecsandro.

Na final, não foi tão simples como as semis. O Vasco venceu o jogo de ida em São Januário por 1 a 0, com gol de Alecsandro, e poderia perder por até um gol de diferença. O início parecia tranquilo, o Cruz-Maltino abriu o placar no Couto Pereira com o camisa 9. Mas pouco tempo depois, o Coritiba conseguiu a virada. Bastos contou como foi o papo no intervalo para confirmar o título.

– Terminamos 2 a 1 o primeiro tempo contra o Coritiba, mas estávamos sendo campeões. Ricardo pediu tranquilidade e pediu para que a gente chutasse fora da área, era uma arma do nosso time. O Éder Luís fez e foi muito feliz naquele chute, conseguimos empatar o jogo. Mas, logo depois o Willian acerta um ‘chutaço’ na gaveta, acabamos tomando aquele gol. E ficou aquela pressão até o final do jogo. Todo mundo ficou apreensivo, nervoso. O Ricardo tinha mais uma substituição e não fez. Até brinco com ele: ‘Pô, professor, queria ganhar o prêmio integral’. Porque eu joguei o jogo de ida, mas não entrei no jogo de volta. Aí ele disse: ‘Até eu esqueci que tinha mais uma alteração para fazer para comer tempo.’

Ainda mantém contato com os jogadores daquele elenco?

– Eu falo com todos eles ainda. Temos um grupo no WhatsApp e conversamos sempre. Com o Allan, que agora está no Botafogo, Alecsandro sempre lembra que ele foi o artilheiro da Copa, Diego Souza é meu irmão, estou com ele todos os dias. Viramos de fato uma família mesmo, e tenho contato com todos eles.

Recentemente, um vídeo do ex-jogador comemorando o gol vascaíno na arquibancada de São Januário, na vitória de 2 a 0, sobre o Corinthians, pelo Brasileirão, viralizou nas redes sociais. Fellipe Bastos revelou que assistir ao jogo no meio da torcida foi um pedido dos filhos.

– Eu saí do Botafogo muito jovem, fui para o Benfica, e volto para o Brasil para o meu clube do coração, o clube que eu torcia quando era criança. Então, o Vasco me colocou, de fato, no cenário nacional. Meus filhos são vascaínos, a ida para São Januário para curtir a torcida da arquibancada foi, inclusive, um pedido deles, então é muito legal estar vivendo esse momento com eles.

Se o Vasco vier a conquistar a Copa do Brasil 2024. Qual título seria mais importante, pelo momento do clube?

– Os dois são importantes. O título de 2011 veio como uma forma de resgatar o clube, para confirmar aquele elenco como um dos melhores do século do Vasco. Mas, o de 2024 viria também com essa força, ainda mais sendo resgatado por grandes ídolos, o Pedrinho e Felipe. O de 2011 tem a importância por ter sido o primeiro, inédito até para muitos jogadores daquele grupo. Mas se o Vasco vier a ganhar esse ano, vai ser tão importante quanto.

Uma das peças fundamentais daquele elenco era Felipe, ídolo do clube. Hoje, o ex-jogador está de volta ao Vasco como diretor-técnico. Bastos falou da importância da experiência do craque para os jogadores vascaínos.

– O Felipe foi um cara muito importante para mim. Com a experiência, com o trato. Era um cara que eu tinha uma ídolo quando era criança, e hoje é meu amigo. Posso falar que sou amigo do meu ídolo, joguei com meu ídolo e fui campeão com meu ídolo, e ele me dá conselhos, até hoje. Então, para minha carreira, para minha vida sempre vai ser um cara importante. E hoje, como diretor-técnico com certeza agrega muito para o Vasco e para os jogadores. Por ser o maior ganhador de títulos da história do clube, ele conhece o clube como ninguém, tanto ele quanto o Pedrinho.

Vantagem do gol fora de casa ou decidir na disputa por pênaltis?

– A gente preferia a vantagem do gol fora, né? Assim que passamos em todas as fases e fomos campeões. Mas hoje, com os pênaltis, é uma pilha de nervos para gente que está de fora [risos].

Na cara do gol, quem você escolheria: Alecgol ou Vegetti?

– Com o pé? Alecsandro [risos]. Com a cabeça pode ser o Vegetti, mas o Alecgol era bom de cabeceio também, tá?

Qual o seu palpite para o resultado dessa semifinal?

Vai ser empate os dois jogos e vai dar pênalti. Vasco avança nos pênaltis.

O que o Vasco representa para você?

Representa tudo. É gratidão, amor, respeito. Eu já tinha ganhado títulos no Benfica, mas foi o Vasco que me fez ganhar o meu primeiro título efetivamente jogando, então eu devo tudo o que fui na minha carreira ao Vasco da Gama e a tudo o que representa o clube no cenário mundial. Tudo o que eu fiz na minha carreira o Vasco tem muita importância.

O Cruz-Maltino entra em campo, contra o Atlético-MG, às 19h15 (de Brasília), na Arena MRV, em Minas Gerais, em busca da vaga na final da Copa do Brasil.

Fonte: Lance!

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