Sexto time brasileiro com maior dívida, Vasco vê ‘rombo’ aumentar 12% no último ano

O drama econômico pelo qual passa o Vasco da Gama não é segredo para ninguém. Com uma dívida R$ 832 milhões, o Cruzmaltino tenta enxugar as contas enquanto vê o crescimento do buraco financeiro. O Clube de São Januário ocupa sexta posição no ranking de times brasileiros com a maior débito do nosso futebol.

A situação do Gigante é ilustrada por um estudo do escritório de advocacia Marcello Macêdo e divulgado pelo O Globo Online, sobre os balanços financeiros das equipes, divulgados até o mês passado. Os dados revelam um aumento de 18,4% no endividamento total dos 20 clubes que disputaram a Série A do Brasileirão na temporada passada.

No caso do Cruzmaltino, o aumento da dívida líquida foi de 12%, entre 2019 e 2020. O sexto maior crescimento entre os principais times da elite do futebol brasileiro. Veja a seguir o panorama do crescimento da dívida, clube por clube (em milhões.

Dívida líquida em 2020 / Dívida Líquida em 2019 (Variação)

• 1. Atlético-MG – R$1.209 / R$ 746,6 (62%)
• 2. Cruzeiro – R$ 962,5 / R$ 799,1 (20%)
• 3. Corinthians – R$ 949,2 / R$ 783,7 (21%)
• 4. Botafogo – R$ 946,2 / R$ 826,4 (15%)
• 5. Internacional – R$ 882,9 / R$ 794,3 (11%)
• 6. Vasco – R$ 830,6 / R$ 741,3 (12%)
• 7. Flamengo – R$ 680,8 / R$ 509,5 (34%)
• 8. Fluminense – R$ 649,1 / R$ 642,5 (1%)
• 9. São Paulo – R$ 575 / R$ 503,2 (14%)
• 10. Palmeiras – R$ 565,2 / R$ 501,2 (13%)
• 11. Santos – R$ 539,8 / R$ 440,2 (23%)
• 12. Grêmio – R$ 396,1 / R$ 410,4 (3%)
• 13. Coritiba – R$ 299,7 / R$ 307,9 (3%)
• 14. Bahia – R$ 268 / R$ 224,2 (19%)
• 15. Athletico-PR – R$ 200,3 / R$ 278,5 (28%)
• 16. Red Bull Bragantino – R$ 144 / R$ 125,4 (15%)
• 17. Goiás – R$ 63 / R$ 48,6 (30%)
• 18. Fortaleza – R$ 38 / R$ 25,1 (51%)
• 19. Atlético-GO – R$ 33,3 / R$ 28,4 (17%)
• 20. Ceará – R$ 26,5 / R$ 14,3 (86%)

De acordo com o levantamento, os clubes em geral ainda seguem muito dependentes de direitos de transmissão, e boa parte das dívidas é oriunda de despesas tributária. Dívidas herdadas, frutos de decisões de gestões anteriores, também pesam nos orçamentos das equipes.

Um dos autores da pesquisa, Guilehrme Macedo explica que as dívidas com o Estado são mais complicadas de serem negociadas, uma vez que dependem de decisões de caráter governamental. Ele cita o Profut como um dos exemplos de iniciativa de renegociação.

— Hoje, você tem o Profut, é dir.etamente com o Estado. Volta e meia há renegociações. Não é tao simples como negociar (uma dívida trabalhista) com um jogador. Com o Estado, voce depende sempre de um decisão unilateral, parcelamento, Refis

O especialista vê um cenário de insustentabilidade em relação a renegociações, mas acreditam no potencial de geração de receitas dos clubes brasileiros como motor contra possíveis pedidos de recuperação judicial, medida mais extrema. Ressaltam, também, a importância de uma gestão baseada em governança e responsabilidade, que resumem como um “autoconhecimento interno”.

— É um passo inevitável. Fundamental para que os clubes tenham mais credibilidade e consigam gerar essas receitas.

Quase R$ 120 milhões da dívida do Vasco são de ações ‘desconhecidas’ pela direção. Valores de reclamações trabalhistas foram adicionados à dívida do Vasco da Gama repentinamente no fim do ano passado e já somam quase R$ 12 milhões.

Já no fim de 2020, a diretoria vascaína, ainda na gestão de Alexandre Campello, ficou sabendo da entrada de R$ 83 milhões em dívidas até então desconhecidas. Eram os casos de processos trabalhistas, que segundo o escritório de de advocacia de Paulo Reis, contratado pelo Clube, precisavam ser pagas.

No começo de 2021, outros R$ 36 milhões foram encontrados por uma auditoria feita já pela gestão de Jorge Salgado para investigar o caso. Somando as duas quantias, o Gigante deve R$ 119 milhões em dívidas desconhecidas, o que está incluso no total de R$ 832 milhões.