Ex-presidente do Vasco, Campello diz não ver nenhum nome capaz de unir o Clube

Em entrevista ao Blog do jornalista Ricardo Gonzales, Alexandre Campello se mostrou pessimista quanto ao futuro do Vasco da Gama.

Alexandre Campello foi presidente do Vasco entre 2018 e 2021
Alexandre Campello em sua época de presidente do Vasco

Além ter visto da arquibancada o primeiro time do Vasco campeão brasileiro, em 1974 (aos meus 9 anos), fui setorista do clube, pelo Jornal do Brasil, em 1991, 1994 e 1996. Nesta última etapa, tive ótimas resenhas e posso dizer que me tornei amigo dos médicos do futebol, Clóvis Muñoz, Fernando Mattar e Alexandre Campello. Acostumei-me a ver o clube conquistando, e como não me acostumo a ver um gigante se atolando na Série B, entrevistei o último presidente vascaíno na Série A, o 44º presidente da história do clube, o mesmo Campello dos anos 90, agora com 61 anos. Para tentar entender o que levou o Vasco a esse período trágico e como ele pode acabar. Conversar com Campello foi bom, mas as perspectivas não são animadoras. “Não vejo nenhum nome capaz de unir o clube”.

Confiram os principais trechos da resenha:

Ricardo Gonzalez – Por que o Vasco caiu (Nota do blog: por conta da extensão do calendário em 2021, Campello entregou a presidência a Jorge Salgado com o Brasileiro em andamento, e o Vasco ainda na Série A) e por que não conseguiu subir?

Alexandre Campello – O Vasco caiu porque faltou atitude à atual gestão. Porque entregou a gestão do futebol a um jovem de 30 anos (Nota do Blog: Alexandre Pássaro) que nunca teve a experiência de conduzir de fato o futebol de um grande clube. A atual gestão assumiu o futebol fora da zona de rebaixamento, com a promessa de que tinha R$ 70 milhões e colocaria os salários em dia. Entretanto não cumpriu. Os jogadores e a comissão técnica se sentiram traídos. A falta de comando no futebol fez com que a equipe não alcançasse o acesso à Série A.

R.G. – O que você gostaria de ter feito a mais na sua gestão e não conseguiu? E por que não conseguiu?

A.C. – Eu gostaria de ter investido mais no futebol. Infelizmente a falta de recursos financeiros e as dificuldades de convencer grandes jogadores a virem para o Vasco dificultaram esse processo.

R.G. – Se o presidente Jorge Salgado te procurasse pedindo uma orientação sobre o caminho a trilhar em 2022, que ações você apontaria para o clube?

A.C. – Eu diria a ele que mantivesse a austeridade nas despesas do clube, mas que não desse tantos ouvidos aos seus vice-presidentes. Que investisse mais no futebol porque é o futebol quem traz recursos e somente com o aumento de receitas se pode pagar as dívidas. O futebol de base também precisa de atenção. A venda de ativos faz muita diferença nas receitas de um clube. Acho que ele também tem o dever de tentar pacificar o clube. E não deveria ser passivo nos movimentos de perseguição política que seus pares têm empreendido.

R.G. – Sobre essa pacificação: a figura de Eurico Miranda parece ainda pairar sobre o Vasco. Os que o apoiavam não conseguem se unir aos que o combatiam. É possível algum dia haver essa união? Como conduzir isso e quem seria o nome para conduzir isso?

A.C. – Não vejo nenhum nome capaz de unir o clube. Acho que o problema é maior do que apenas “os admiradores do Eurico” e os “críticos do Eurico”. O Vasco hoje tem um número absurdo de grupos políticos. Quem assume a presidência acaba tendo de conviver com grupos que, dentro da gestão, pensam mais em seus grupos do que no Vasco, e que trabalham mais por esse grupo do que pelo crescimento do clube.

R.G. – O Vasco resiste financeiramente se não conseguir subir novamente em 2022?

A.C. – Resistir, resiste. O Vasco é gigante. No entanto vai ficar cada vez mais longe dos outros grandes e aí iria demorar muito mais ainda a se recuperar. Um ano na segunda divisão a meu ver representa uma estagnação de dois ou três anos.

R.G. – O que você tem feito? Só medicina? Ainda participa da vida do clube? Gostaria de participar mais ou já deu sua cota?

A.C. – Eu tenho me dedicado à medicina, sim. E também a projetos pessoais junto com a minha esposa. Eu gosto muito de empreender. No momento só penso na minha família, o que não significa que não continuo acompanhando o clube e torcendo. Torcendo muito!

R.G. – Você é jovem e conhece muito bem o Vasco. Pensa numa nova candidatura? Talvez num momento menos conturbado do que aquele quando assumiu a presidência (de 2018 a 2020)…

A.C. – Eu tenho certeza de que conheço muito bem o Vasco, e sei que poderia ajudar muito o clube. Mas acho difícil uma nova candidatura…

No próximo post sobre a crise do Vasco, a palavra de Ademar Braga, outro profissional com quem resenhei muito nos anos 90. Ex-preparador-físico do Vasco (por oito anos, entre os anos 80 e 90) e da Seleção Brasileira (na Copa do Mundo de 1990), como coordenador de futebol subiu com o Botafogo da Série B para a A em 2015. Portanto, sabe o caminho que o Vasco precisa trilhar…

Fonte: Blog Entre as Canetas

Estamos no Google NotíciasSiga-nos!
2 comentários
  • Responder

    Precisamos de gestão nova e competente e não da união dos parasitas que contribuiram direta (caso do Campello) ou indiretamente o clube para o lugar de humilhação que o CRVG se encontra.

  • Responder

    O grande e difícil problema do Vasco é fazer os vascainos entenderem que só a União pode reconduzir o Vasco a seu verdadeiro lugar. O Vasco sempre estará acima de todos nós , dos nossos egos e desejos pessoais.

Comente

Veja também
Mauro Cézar nos tempos em que trabalhava no canal ESPN
Mauro Cezar afirma que Vasco é subestimado e ignorado pela imprensa

Jornalista avaliou como os meios de comunicação tem o hábito de falar muito pouco do Vasco da Gama em sua grade de programação.

Josh Wander durante entrevista em visita ao Rio de Janeiro
777 Partners admite erro ao comparar Vasco e Flamengo

Grupo americano dono de 70% do futebol do Vasco da Gama, 777 Partners tenha recalcular a rota na gestão do Clube.

Pedro Martins é o novo executivo de futebol do Vasco
Econômico: saiba quanto Pedro Martins gastou com reforços no Cruzeiro

Dirigente chega ao Vasco da Gama para substituir Alexandre Mattos, assim como foi durante sua passagem no Cruzeiro.

Pedro Martins é o novo executivo de futebol do Vasco
Vasco busca precisão no mercado com Pedro Martins

Pedro Martins é o novo executivo de futebol do Vasco da Gama e a SAF do Clube acredita em uma assertividade nas próximas contratações.

Festa da torcida do Vasco contra o Boavista
Como a torcida do Vasco reagiu a contratação de Pedro Martins

Novo executivo de futebol do Vasco da Gama, Pedro Martins, que estava no Cruzeiro, não conta com a aprovação dos torcedores.