Diniz analisa vitória do Vasco nos pênaltis contra o Operário-PR; veja a entrevista coletiva
O técnico Fernando Diniz analisou o desempenho do Vasco da Gama abaixo contra o Operário-PR, pela Copa do Brasil.

A classificação do Vasco para as oitavas de final da Copa do Brasil foi um treino de emoções para os jogadores em São Januário. Foi assim que o técnico Fernando Diniz avaliou a vitória nos pênaltis (7 a 6) após o empate por 1 a 1 no tempo regulamentar. E haja emoção. O goleiro Léo Jardim pegou três cobranças para garantir a vaga do time na próxima fase.
– A história do jogo de hoje começou no sábado. Teve uma descarga muito grande de energia física e psíquica que a gente não teve tempo hábil para recuperar. Foi um jogo fora dos padrões habituais que o Vasco vinha jogando, então todo mundo estava muito feliz e descarregou muita coisa. Com dois dias, tendo que fazer ajustes, acho que foi o principal fator. Tanto física quanto psiquicamente, a gente não foi o mesmo time, nem o mesmo da minha estreia, a gente estava abaixo. Enfrentamos um time perigoso, que tem um bom investimento para a Série B, com jogadores que já jogaram em grandes clubes, um time organizado, que vinha com confiança de três vitórias. Campeão paranaense, e acho que os três últimos confrontos do Estadual eles ganharam nos pênaltis. A gente tinha um adversário difícil e estávamos abaixo da nossa melhor condição.
– Jogamos menos até do que jogamos contra o Lanús em termos de postura. Mas não jogamos mal, oscilamos muito mais do que nos outros dois jogos. Nessa oscilação, parecia que poderia acontecer alguma coisa a qualquer momento e o Operário fazer um gol. A gente teve umas três ou quatro chances para matar e não matou. Deixamos o adversário vivo, e eles acabaram tendo a felicidade de fazer o gol no final do jogo em uma bola improvável, com um cruzamento muito alto e uma bola que entrou devagar no canto. O importante hoje era classificar. A gente não escreveria esse roteiro, mas para o time acaba sendo uma coisa muito forte, e a disputa de pênaltis do jeito que foi acaba treinando algumas emoções, o aspecto anímico que, sem a disputa, a gente não treinaria.
Além da vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil, o Vasco embolsou mais de R$ 2,3 milhões em premiação com a classificação. Somando este valor com as bonificações das fases anteriores, o time de São Januário já ganhou mais de R$ 5 milhões.
Outras declarações de Diniz
Já conseguiu diagnosticar todos os principais problemas do Vasco?
– Todos, não. Estamos tentando melhorar o time em todos os aspectos, individual e coletivamente. Vai levar um tempo. Nunca vamos conseguir identificar todos, mas aqueles que temos identificado temos procurado trabalhar e melhorar a equipe.
Pênaltis são loteria?
– Não acho que pênalti é loteria, sempre treino quando há chance de disputa. Treinamos ontem. Não houve loteria, não acho que é loteria. Acho que tem preparo dos jogadores e isso aumenta suas chances de ganhar. De maneira geral, o time foi bem nas cobranças. Léo Jardim foi estupendo e acabou nos dando a classificação.
Heroísmo de Léo Jardim, conversas por renovação e Seleção
– Acredito que ele seja um dos goleiros que se coloca como postulante a vestir a camisa da Seleção. Pela idade, pela qualidade que vem demonstrando no Vasco desde que chegou aqui. Acredito que é um dos possíveis convocados, coloco ele nessa posição, sim. Vamos receber o Ancelotti muito bem, como temos recebido todos os estrangeiros. E na confiança de que ele consiga fazer mais um grande trabalho na carreira dele.
Partida abaixo do Vasco
– Eu já tinha esse receio para o jogo de hoje (queda de rendimento), o treino já não foi igual, faltava energia, e é uma coisa que a gente já vai aprendendo com o tempo, de deixar o time mais maduro e se recuperar mais rápido de vitórias como a de sábado. Fiz o que pude, os jogadores também tentaram se dedicar e a gente evoluiu. O jogo de hoje foi importante para a nossa caminhada, o time não jogou o seu melhor, mas foi um jogo muito importante, porque era difícil jogar o seu melhor hoje.
Desfalque de Coutinho contra o Fluminense e o que já conversou com Payet
– Primeiro contato foi ótimo. É uma possibilidade, mas não uma certeza que vamos poder contar com o Payet. Ele tem ainda resquícios de dores no joelho, está voltando a treinar. Junto com o DM, vai saber avaliar. Questão de saúde, se vamos aproveitar e como vamos aproveitar no sábado.
Segundo tempo ruim do Vasco e falta de controle das ações do jogo
– Podia ter crescido a área (de defesa), a gente pensou em colocar o Mauricio Lemos, a gente ia acabar baixando o bloco no finalzinho, sofrendo mais cruzamento, mas achei que não precisava mexer e escolhi deixar do jeito que estava. Não acho que a gente fez uma partida ruim, o jogo do segundo tempo foi um pouco diferente da primeira etapa. A gente teve mais perto de fazer gols no segundo tempo do que no primeiro, tivemos uma das quatro chances de atravessar a bola e o outro fazer e isso acho que pecamos um pouco. Aí quando você não faz o gol o jogo fica perigoso, fica tenso, é um time que tem qualidade, jogadores acostumados a jogar a Série A, o Allano, o Boschilia, o Marcos Paulo são jogadores que têm qualidade técnica e aqui, contra o Vasco, entram como franco atirador.
Luiz Gustavo
– Acho que ele está evoluindo cada vez mais, é um jogador que tem um futuro muito grande pela frente, um jogador técnico, forte, que tem boa velocidade. A tendência dele comigo é de ter um crescimento bastante positivo, estou bastante contente com o que estou vendo dele, daqui a pouco acredito que a gente vai seguir olhando mais gente da base, eu gosto de olhar. Ele está sabendo aproveitar a oportunidade, temos mais zagueiros à disposição do mesmo nível, então estamos bem servidos na posição.
Duelo com Bruno Pivetti
– Conheço ele há muito tempo. Foi meu auxiliar dois anos no Audax, é muito estudioso. Um discípulo do Vítor Frad da escola do Porto. Além de ser competente é uma pessoa generosa, um cara do bem e eu torço muito para o sucesso dele. Sempre um prazer encontrá-lo. Foi a primeira vez que jogamos contra e espero que possamos nos encontrar em outras oportunidades.
Físico e cansaço no fim
– Fisicamente não estávamos totalmente recuperados para esse jogo. Não foi no final. Acho que no primeiro tempo demos sinais. Não é o cansaço que é aparente para o torcedor ou vocês, mas é uma rotação mais baixa para fazer as aproximações e achar os espaços. No final pesou para nós mais a falta de efetividade no segundo tempo para fazer o segundo e terceiro gols do que a queda física. Não foi isso. Se faz o segundo gol ficamos mais relaxados, seguros. Porque fica com a pressão o tempo todo de 1 a 0 e o Operário se lançando. Ao se lançar o jogo ficou mais fácil para nós. Estava mais perto de fazer o segundo do que levar o empate. No finalzinho que o jogo estava praticamente acabado e levamos o gol. Recuamos mais e sofremos o gol.
Elogios e cobranças a Rayan
– Não tem muita lógica para mim. É algo que vou percebendo na hora do jogo. Falei para o Rayan continuar para tentarmos fazer o segundo gol. O Rayan, de maneira específica, é um talento raro. Vai deslanchar na carreira e ser um jogador top de linha no Brasil e na Europa. Tem um potencial enorme, eu enxergo assim. Desde que cheguei tento colocar ele em uma posição que tem de ocupar no cenário do futebol brasileiro. É muito diferente e com uma competência muito alta. Ele está aprendendo a se desenvolver e se enxergar. A hora que ele enxergar o tamanho que pode ter, acredito que vai ter uma carreira brilhante.
Atuações de Paulo Henrique e Piton
– Acho que tanto hoje quanto sábado eles foram extremamente importantes para nós. Muita participação, efetividade, acerto. Já eram há algum tempo muito importantes para os treinadores que passaram pelo Vasco. Acredito que conseguem entregar muito.
Garré
– Muito pouco tempo para mim ainda. Não só ele como o Jean, os meninos da base que estiveram aqui e não estão mais. Quando tiver a parada da Data Fifa e do Mundial eu terei mais condição de ver o elenco todo do Vasco e responder de maneira mais adequada. Hoje não consigo responder de maneira contundente como eu pretendo usá-lo. Estou colhendo informações e de fato conheço pouco o Garré, o passado dele como jogador. Vou ter de ver aqui no Vasco.
Reencontro com o Fluminense
– Reencontrar o Fluminense vai ser um prazer, por tudo que aconteceu na história, mas agora estamos no Vasco, e é Vasco 100%. Acho que a gente tem que fazer o melhor que a gente puder nesses dias para, em um primeiro momento, recuperar os jogadores e levá-los nas melhores condições para sábado do que eles chegaram hoje aqui, é isso que vou tentar fazer em todos os sentidos.
Fonte: Globo Esporte