Desastre administrativo e futebol medíocre fazem número de sócios do Vasco despencar

O número de sócios do Vasco da Gama despencou em 2021. Após uma campanha que virou destaque no mundo inteiro, o Gigante da Colina assumiu o topo entre os clubes brasileiros no quesito e ocupou posição privilegiada a nível mundial. A derrocada se deve à péssima temporada do time em campo e à horripilante administração de Jorge Salgado.

No Campeonato Carioca o Vasco sequer conseguiu ocupar as primeiras colocações, e o desempenho vergonhoso foi relativizado sob o argumento de que o time se preparava para nadar de braçadas na Série B do Campeonato Brasileiro. Entretanto, o resultado foi reverso. Até aqui, 23ª rodada, a equipe cruzmaltina ainda não virou uma no G4 e corre sérios riscos de não voltar à Elite em 2022. Na Copa do Brasil o Gigante superou apenas equipes pequeninas e foi eliminado pelo São Paulo nas oitavas de final, perdendo as duas partidas.

A montagem do elenco ficou a cargo de Alexandre Pássaro, contratado junto ao São Paulo. O jovem advogado conquistou parte da torcida com seu início de trabalho, mas suas contratações não renderam em campo. Apesar de ventilar o nome de Rodrigo Caetano, com quem Salgado disse ter conversado, o vascaíno teve que se contentar com o ‘Passarudo’, como apelidaram seus antigos defensores.

Administrativamente falando, Jorge Salgado ocupa a cadeira de presidente amparado por uma decisão liminar, após ter vencido a contestada eleição on-line disputada por ele e Julio Brant, apenas, em 14 de novembro. Alegando necessidade de cortar gastos, o gestor complicou o Vasco na Justiça do Trabalho ao demitir funcionários sem cumprir obrigações legais, não se atentou para regularizar o ato trabalhista, e vem sofrendo penhoras nesta esfera e em âmbito civil. O Vasco está afogado em dívidas e, diferente do prometido em campanha, o gestor não apresentou aporte financeiro, com exceção de empréstimos, inclusive dele. O discurso de terra arrasada não obteve a compreensão da torcida, pois, todos sabiam da situação financeira do Clube.

Neste cenário de caos, o número de associados desceu ladeira a baixo. Dos 185.404 em 2019 restam apenas 57.499 (hoje, 12/09), representando uma perda de mais de 127 mil sócios. Em recente entrevista ao GE, Bruno Souza, coordenador de marketing & novos negócios em São Januário, citou a pandemia ao comentar o assunto.

– O torcedor que pagava a mensalidade do seu plano para ter acesso aos jogos, de uma hora para outra, foi impedido de ir ao estádio devido à pandemia. Não fazia mais sentido, senão pelo amor ao clube, pagar por algo que não era mais ‘útil’. Isso contribuiu para uma grande perda de associados não só no Vasco, mas na maioria dos clubes brasileiros.

Houve mudanças no programa, conforme explicou o VP de marketing, Vítor Roma. Segundo ele o programa está melhor e oferece mais vantagens ao torcedor. O dirigente aposta que com o passar do tempo os vascaínos perceberão os benefícios e voltarão a ativar seus cadastros.

– A principal premissa do novo plano é gerar uma relação mais íntima entre o sócio e o clube. Uma relação que fuja da dualidade ingresso e mensalidade. É óbvio que o ingresso é importante e ele voltará a ser quando a pandemia permitir. Mas construímos um plano que entregue ao sócio efetivamente desconto. Não daquele clube que você nunca entra, que mal sabe o que tem. Mas descontos reais, coisas que estão no dia a dia. Os primeiros números mostram isso. No primeiro mês, quem usou, teve mais descontos do que o valor da mensalidade. É muito vantajoso ser sócio do Vasco. Quando isso ficar claro ao torcedor, teremos crescimento, mais empresas se juntando todo o mês. É um processo. Temos uma outra missão: a conexão. O Vasco é um clube nacional, popular e inovador – disse ao GE.

A contribuição negativa da pandemia é inegavelmente real. Porém, está longe de ser o fator primordial. O vascaíno recebe estas explicações como desculpas para tentar ofuscar o insucesso da administração. Qualquer um ser pensante sabe que o torcedor cansou de acreditar no Vasco e não ver resultados. Resultados são: investimentos, contratações, time brigando por títulos, etc. Descontinhos, plano pra cachorros, blá-blá-blá… são mera enganação e refletem a incapacidade de criar algo nível Vasco da Gama.