Arredores de São Januário teve o mesmo número de tiroteios que os do Maracanã

Em decisão sobre São Januário, juiz citou como uma das problemáticas os tiroteios nos arredores do estádio, mas não é exclusividade.

Faixa de protesto posicionada nos arredores de São Januário
Faixa de protesto posicionada nos arredores de São Januário (Foto: Daniel Ramalho)

A Casa do Vasco, o estádio de São Januário segue interditado desde o dia 23 de junho, quando houve confusão e confronto entre torcedores e polícia na derrota do cruz-maltino por 1 a 0 para o Goiás. De lá para cá, o clube cumpriu longa punição esportiva, mas segue impedido de receber seus torcedores na Colina. Em meio aos protestos e insatisfações de clube e torcida, um trecho do relato do juiz de plantão no Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos aquela partida voltou ao causar polêmica: o de que supostas condições de violência urbana causariam insegurança nas partidas do cruz-maltino . Mas um levantamento do aplicativo Fogo Cruzado enviado ao GLOBO mostra que a realidade da cidade afeta todos os principais estádios cariocas, incluindo o Maracanã.

Segundo o levantamento do aplicativo, que mapeia ocorrências de tiroteio no Rio, foram 22 ocorrências nos arredores de São Januário em 2023, o exato mesmo número do Maracanã. O Nilton Santos teve 16 ocorrências em seus arredores no mesmo período. O levantamento leva em conta um raio de 2km ao redor de cada uma das arenas.

  • Maracanã – 22
  • São Januário – 22
  • Nilton Santos – 16

“Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, veja-se que todo o complexo é cercado pela comunidade da barreira do Vasco, de onde ocorreram comumente estampidos de tiros de armas de fogo originários do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio […] São ruas estreitas, sem área de fuga, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio”, diz relatório do juiz Marcelo Rubioli, que estava de plantão no Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos durante uma partida contra o Goiás. O documento completo, que traz outros argumentos, foi usado como base para a ação do Ministério Público que levou à interdição do estádio pela Justiça do Rio.

Em outro levantamento feito pelo GLOBO na própria plataforma Fogo Cruzado, focado especificamente na comunidade da Barreira do Vasco, alvo do relatório, os dados apontam para um número ínfimo em meio ao cenário de violência urbana generalizada da capital carioca: desde 19 de setembro de 2021 , quando o Vasco voltou a mandar jogos na Colina após a pandemia da Covid-19, apenas 14 dos 4.057 relatos de tiroteio na cidade ocorreram na comunidade vizinha a São Januário. Ou seja, 0,35% dos relatos.

A Associação de Moradores da Barreira do Vasco (AMBV) emitiu uma nota de repúdio, em que diz que há uma “visão distorcida da realidade” e que a interdição do estádio causa prejuízos aos comerciantes locais. No último sábado, Vânia Rodrigues, presidente da AMBV, esteve presente em homenagem ao centenário das Camisas Negras, quando foi condecorada com a honraria Pai Santana, e voltou a fazer apelo pela desinterdição do estádio.

—Somos punidos sem sermos ouvidos a partir de uma visão distorcida da realidade que trata da mesma forma todas as comunidades do Rio de Janeiro. Além disso, a AMBV entende que a interdição injustificada do estádio de São Januário causa prejuízos imediatos a todo o nosso comércio local, como bares, restaurantes, vendedores ambulantes localizados na nossa comunidade, pois todos tiram grande parte de seu sustento em dia de jogos em virtude do fluxo de mais de 20 mil torcedores por partida — diz trecho da nota.

Fonte: O Globo

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1 comentário
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    Os arredores de São Januário sempre tiveram muito respeito conosco, os piores andam de avião helicóptero e motorista particular (parem de hipocrisia) 99 por cento da comunidade são de pessoas de bem

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