Zé Ricardo estreia com vitória pelo Shimizu S-Pulse

Na estreia do técnico Zé Ricardo, ex-Vasco da Gama, o Shimizu S-Pulse venceu o Avispa Fukuoka por 3x1 e respirou na J-League.

Zé Ricardo em estreia pelo Shimizu S-Pulse
Zé Ricardo em estreia pelo Shimizu S-Pulse (Foto: Reprodução/ DAZN)

“Por que o Shimizu S-Pulse não vence?” Esta é uma pergunta que muitos torcedores se faziam no Japão, principalmente os de Shizuoka. Afinal, o Shimizu S-Pulse tem elenco para mais do que apenas lutar contra o rebaixamento na J.League, com nomes de peso como o goleiro Shuichi Gonda, titular da seleção japonesa, e o centroavante Thiago Santana, um dos principais goleadores da última temporada, além de joias da seleção olímpica como o meia Yuito Suzuki e o volante Daiki Matsuoka.

Mas vem ano, vai ano, o S-Pulse está sempre fazendo campanhas pífias e entre os últimos colocados. Em 2020, tentou jogar um futebol ultraofensivo com o técnico australiano Peter Cklamovski (ex-auxiliar de Ange Postecoglou). Não deu certo. Ano passado, apostou no pragmatismo do espanhol Miguel Ángel Lotina (atualmente no Vissel Kobe).

Também não deu certo. Este ano, vinha dando uma chance para o prata da casa Hiroaki Hiraoka, que já tinha tido certo sucesso como interino, mas a diretoria não viu escolha a não ser trocar de treinador depois de apenas uma vitória nas últimas 14 rodadas. Para a surpresa de muitos, o clube foi atrás de um técnico brasileiro.

Pode-se dizer que o Shimizu S-Pulse é um dos times mais brasileiros do Japão, com muita influência tupiniquim no estilo da torcida e sempre com vários jogadores brasileiros no elenco, mas foram raros os treinadores até agora. Emerson Leão (ou Emeruson Reon, como os japoneses falavam) foi o primeiro técnico da história do S-Pulse, de 1992 a 1994. Seu sucessor foi Roberto Rivellino, na única vez na carreira que tentou ser treinador.

Depois disso, Antoninho teve uma rápida passagem por lá em 2004 e foi só. Técnicos brasileiros têm perdido espaço na J.League nos últimos anos (Nelsinho Baptista, do Kashiwa Reysol, era o único em todas as três divisões da liga quando a temporada começou), por isso a chegada de Zé Ricardo, que estava no Vasco, foi de certa forma inesperada (assim como a de Fábio Carille, recém contratado pelo V-Varen Nagasaki, que disputa a J2).

Zé Ricardo teve quatro dias para trabalhar com o grupo antes da estreia, no jogo de hoje no IAI Stadium Nihondaira (um dos estádios mais emblemáticos do Japão, com vista para o Monte Fuji) contra o Avispa Fukuoka. Apesar de ter sete estrangeiros no elenco, sendo cinco brasileiros, só Thiago Santana estava no time titular, com o kosovar Benjamin Kololli e o sul-coreano Oh Se-hun no banco. Yuito Suzuki e Matsuoka, com a seleção sub-21, eram desfalques. O zagueiro Valdo, os volantes Renato Augusto e Ronaldo e o meia Carlinhos Júnior estavam fora.

Ainda se familiarizando com os jogadores, Zé Ricardo teve muita ajuda dos auxiliares Yoshiyuki Shinoda (que estava como interino após a saída de Hiraoka) e Tomoaki Ishino, então o time era praticamente o mesmo da última rodada, no mesmo 4-4-2, mas pelo menos o início da nova era foi promissor, com um gol logo nos primeiros minutos e vitória sem maiores sofrimentos por 3×1. O Shimizu jogava de forma cautelosa e chegava poucas vezes à frente, mas marcou nas duas únicas finalizações certas que teve no primeiro tempo e abriu 2×0 de vantagem. O fato de o Avispa Fukuoka ser o time mais defensivo desta J1, com a menor média de posse de bola (42%), ajudou.

A Vespa costuma dar trabalho quando joga nos contra-ataques, mas não está acostumada a ter que tomar a iniciativa – a equipe de Kyushu perdeu todos os jogos em que sofreu o primeiro gol. Até deu um susto no final quando Yuya Yamagishi diminuiu o placar para 2×1, mas o Shimizu logo matou o jogo em um contra-ataque, finalizado por Kololli com assistência de Thiago Santana – o brasileiro já tinha feito um gol e foi o destaque da partida, ao lado do meia Kenta Nishizawa, que também teve gol e assistência. Outro que se saiu bem foi Gonda, com defesas importantes, além do zagueiro Yugo Tatsuta, que ganhou todas pelo alto.

Apesar da vitória, o Shimizu continua no Z-3, já que Júbilo Iwata e Urawa Reds, que estavam logo acima na tabela, também ganharam na rodada. O Shonan Bellmare, uma posição abaixo, também venceu. A próxima partida promete mais dificuldades para o S-Pulse, fora de casa contra o encardido Cerezo Osaka. O campeonato está na metade e a luta contra o rebaixamento, que ainda tem o Vissel Kobe na lanterna, deve ser acirrada até o final.

Brazil Day – O Shimizu S-Pulse promoveu um evento chamado “Brazil Day” no jogo de hoje. Segundo eles, a relação entre Shimizu (que era uma cidade e hoje é um bairro de Shizuoka) começou nos anos 1970, duas décadas antes da criação do S-Pulse, quando Pelé participou de uma clínica de futebol lá em 1974 e quando o time juvenil Shimizu FC fez uma excursão para o Brasil em 1978. Os torcedores que foram ao IAI Stadium Nihondaira hoje ganharam de presente uma camiseta com a frase em português “Tamo Junto”. Havia também um grupo de samba para dar o clima da torcida, comidas como pastel, coxinha e espetinho e um estande com informações sobre o Brasil.

Grupo de samba japonês dava o clima no IAI Stadium Nihondaira antes do jogo:

Resultados da 17ª rodada da J1:

  • (2º) Kashima Antlers 1×0 Kyoto Sanga (9º) (12.179)
  • (17º) Shonan Bellmare 2×0 FC Tokyo (7º) (10.733)
  • (16º) Shimizu S-Pulse 3×1 Avispa Fukuoka (12º) (10.920)
  • (14º) Júbilo Iwata 3×1 Sagan Tosu (8º) (8.163)
  • (13º) Urawa Reds 3×0 Nagoya Grampus (10º) (28.699)
  • (4º) Kashiwa Reysol 3×1 Vissel Kobe (18º) (12.667)
  • (3º) Kawasaki Frontale 5×2 Hokkaido Consadole Sapporo (11º) (18.960)
  • (15º) Gamba Osaka 1×2 Yokohama F-Marinos (1º) (19.039)
  • (5º) Sanfrecce Hiroshima 2×1 Cerezo Osaka (6º) (9.311)

Fonte: Globo Esporte

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