Vitor Roma celebra reaproximação entre Vasco e Dinamite antes da morte do ídolo

Segundo o ex-VP de Marketing, imagem do eterno camisa 10 havia ficado arranhada devido ao período em que ele foi presidente do Vasco da Gama.

Roberto Dinamite e Vitor Roma ao lado da estátua em homenagem ao eterno ídolo do Vasco
Roberto Dinamite e Vitor Roma ao lado da estátua em homenagem ao eterno ídolo do Vasco

Roberto Dinamite faleceu no último dia 8, mas o maior ídolo da história do Vasco está eternizado em São Januário. O idealizador da estátua do camisa 10, inaugurada no ano passado, não exerce mais cargo no clube, mas se orgulha de ter ajudado a reconstruir a imagem do ex-atacante, que havia se desgastado pelo período como presidente do Vasco.

Vitor Roma deixou a vice-presidência de Marketing do Vasco em novembro de 2022, sete meses após o evento que recebeu Roberto Dinamite e amigos em São Januário para a inauguração da estátua do ídolo. A ideia veio no ano anterior, como contou Vitor em papo com o ge.

– Eu sempre fui apaixonado pelo Roberto, desde criança foi o maior herói da minha vida. Minha primeira participação política no Vasco foi na gestão do Roberto como conselheiro. Acompanhei todos abandonando ele no segundo mandato e fiquei com ele até o final. Depois que ele saiu e a imagem dele ficou desgastada, sempre soube que minha missão seria ajudar a resgatar a imagem do Roberto – disse Vitor Roma, que acrescentou:

– Começamos a trazer o Roberto para mais perto, postando nas redes sociais gols dele, entrevistas, chamando-o para participar de campanhas de patrocinadores… E sempre foi uma obsessão fazer a estátua. O gancho seria os 50 anos do primeiro gol do Roberto, que se completava em novembro de 2021, mas com o futebol ruim, o time permanecendo na Série B, não foi possível. O artista também atrasou a entrega, e adiamos para abril de 2022, que era o mês do aniversário dele.

A recuperação do ídolo

Para concretizar a ideia, o caminho foi criar uma campanha de arrecadação e pedir a ajuda do torcedor, que em poucas horas bancou a homenagem. A estátua é só um capítulo do plano que Vitor Roma traçou para trazer de novo Dinamite para dentro do Vasco. Como jogador, Roberto foi inquestionável, mas como presidente do clube, entre 2008 e 2014, viu o time ser rebaixado duas vezes.

E este foi o maior desafio do então VP de Marketing. Desassociar a imagem do jogador da imagem do dirigente. Na visão de Vitor Roma, o problema do Vasco vai além da má administração dos últimos presidentes. Roberto, portanto, merecia voltar a ter destaque no lugar que sempre foi dele, o de maior ídolo da história do clube. Uma das iniciativas, por exemplo, foi convidar o ex-atacante para programas da VascoTV e reativar a memória afetiva do torcedor.

– A recuperação do Roberto também é a recuperação do Vasco. Acho que o Vasco não conseguiria se recuperar se não tivéssemos recuperado o Roberto. Ele morreu sabendo que era amado. Se isso não tivesse acontecido ele morreria com a dúvida.

– O problema do Vasco não foi o Roberto, era sistêmico, espero que não seja mais com a SAF. Não é possível que todos os presidentes sejam tão ruins. O problema era o clube, que deixou de ser o clube que era antes. Os resultados ruins posteriores à gestão do Roberto acabaram ajudando na recuperação da imagem dele, porque o problema não foi ele. Mas isso foi uma construção nossa com essa exposição do Roberto que fizemos – ressaltou o ex-VP.

– O Vasco caiu duas vezes com ele, é verdade, mas foi ele quem nos deu o único título relevante em 22 anos, que foi a Copa do Brasil de 2011. E outra coisa boa que ele entregou fora de campo foi abrir o clube, criando a categoria sócio geral e colocando 40 mil sócios para dentro – completou.

Roberto marcou 708 gols em 1.110 jogos pelo Vasco – 190 só no Campeonato Brasileiro, marca que até hoje ninguém alcançou. Pelo clube, conquistou um Campeonato Brasileiro (1974) e cinco Campeonatos Cariocas (1977, 1982, 1987, 1988 e 1992). É o maior artilheiro não só do Brasileirão, mas do Carioca e de São Januário.

– A grandeza do Vasco tem muito a ver com o que o Roberto foi nos anos 1980. No início da década de 80, a gente tinha um Flamengo mais ou menos igual ao que a gente tem hoje, ganhando muitos títulos. Eu que sou vascaíno sei escalar aquele Flamengo. E o Roberto era nosso herói nessa briga, o único capaz de enfrentar os caras, tanto que ganhou mais do que perdeu contra o Flamengo e é o maior artilheiro dos clássicos – lembrou Vitor, que destacou:

– Existe um ditado que diz: ”Não se aproxime do seu ídolo, porque verá que ele é uma pessoa normal”. E quando me aproximei do Roberto ele virou ainda mais meu ídolo. O velório mostrou à família e amigos o quanto ele era amado. É uma das poucas unanimidades do futebol. Isso é muito emblemático.

”Falta o Edmundo”

Hoje Vitor Roma é presidente de uma empresa de tecnologia em São Paulo e não pretende voltar a assumir cargo na gestão do clube associativo, apesar de seguir ativo nas discussões do Vasco. Uma das ideias que o ex-VP de Marketing deixou no clube foi a de valorizar os ídolos em vida, como foi feito com Dinamite. Na sua visão, Edmundo é o próximo a ser homenageado.

– A política do Vasco fez muito mal aos nossos ídolos. Lugar de ídolo é na parede, no quadro, na VascoTV, não na política. Primeiro programa que fizemos na VascoTV tinha Roberto Dinamite e Felipe. Ali é o lugar do ídolo, não importa quem ele apoiou em eleição – comentou e seguiu:

– O próximo da prateleira de cima é o Edmundo. Eu deixei uma ideia, que é fazer todo ano o encerramento da temporada em São Januário com o ”Jogo do Edmundo”. Eu ia batizar a entrada que fica em frente à barreira como “Entrada do Edmundo”, porque ele era o torcedor em campo. Ali onde o povo entra teria um busto do Edmundo. Almocei com ele, levei a ideia e ele adorou. Mas não foi pra frente. Se a SAF não quiser fazer, eu sou a favor de a associação fazer esse evento e homenagear seu outro grande ídolo. Da prateleira de cima, acho que falta o Edmundo.

Revelado pelo Vasco, Edmundo teve cinco passagens por São Januário. Principal nome do título brasileiro de 1997, ele disputou ao todo 241 partidas e marcou 137 gols. Em 1992, jogou junto com Dinamite no ano da despedida do ídolo. Edmundo foi ao velório e ao sepultamento de Roberto e se emocionou bastante no adeus ao amigo.

SAF como solução de um ”problema sistêmico”

No papo com a reportagem, Vitor Roma também falou sobre as dificuldades financeiras que o Vasco enfrentou nos últimos anos até a venda do futebol para a SAF em 2022.

– Qualquer um que sentasse naquela cadeira não recuperaria o Vasco. Essa gestão teve o mérito de trazer a SAF mesmo com todos os problemas que teve. O problema não é mais do político, é estrutural. O Vasco não se modernizou em nada, ficou estacionado no que tem de mais bonito, que é sua história, como se tivesse ficado preso no passado.

– Estádio, CT e administração não se modernizaram. Não dá para ser executivo só fora do Vasco. O processo de remodernização demoraria nove anos, o que fizemos com a SAF foi acelerar. Não seria possível em menos de três gestões o Vasco voltar à primeira página do futebol nacional.

Desempenho ”horrível” no futebol

– Quando entrei no Vasco a camisa valia R$ 14 milhões e entreguei ela com R$ 34 milhões em dois anos de Série B. Agora o patrocínio novo que foi fechado dizem que está perto de R$ 20 milhões. Um patrocinador que eu trouxe e que seguirá com a SAF.

– Uma das nossas missões era colocar o Vasco nas páginas certas dos jornais e, mesmo com todos os problemas, colocamos. O Vasco se reencontrou com suas causas sociais, suas lutas. A reconstrução da imagem é um processo lento após 20 anos de notícias ruins. E o desafio era fazer isso com o time dois anos na Série B, deixamos de lançar várias coisas por conta de resultado. Saímos de R$ 800 mil de receita anual de licenciamento para R$ 6 milhões. Tudo isso em anos ruins do futebol.

– Tenho plena noção que nossa administração no futebol foi horrível, mas fora disso tivemos conquistas administrativas, como RCE, SAF, imagem, acordos comerciais.

O que está em jogo nas eleições de 2023

– É uma eleição que vai medir as reações à SAF. Tem um lado da política que quer rever o contrato com a SAF, e um lado que quer construir junto com a SAF, e é deste lado que estou. Um ano depois da aprovação da venda vamos ver o termômetro.

– Tenho preocupações com o clube associativo, que precisa continuar forte. Todo grande negócio que a gente faz na vida a gente tem que ter um plano B, uma saída se algo der errado. A solução no Vasco passa por um clube forte, manter os 30%, financeiramente viável que possa discutir de igual pra igual com o investidor. Para fazer isso é preciso uma relação boa.

– Estarei no grupo que vai trabalhar junto com a SAF sem ser reducionista com a associação. O início do trabalho de Paulo Bracks no futebol é promissor, começa a montar um time legal, vai ao mercado de uma forma que o Vasco não vai há muitos anos. A parte administrativa me parece ainda devagar, até agora acho que existe o mesmo que existia antes. Não vi melhorias administrativas, a própria área de marketing e VascoTV segue igual, a conservação de São Januário está ruim, a SAF ainda me parece carecer de bons nomes administrativos.

Fonte: Globo Esporte

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