Ex-Vasco, Serjão o goleiro mais pesado do Brasil fala sobre sua carrei

Serjão, ficou famoso em todo o país no início da última década defendendo a meta do extinto time da Aruc no Campeonato Brasiliense de 2003.

Ele não jogou nos principais times, não ganhou o título candango, mas se tornou um dos grandes nomes do futebol do Distrito Federal. Sérgio Luís Lisboa de Almeida, o Serjão, ficou famoso em todo o país no início da última década defendendo a meta do extinto time da Aruc no Campeonato Brasiliense de 2003. O motivo do sucesso: o posto de goleiro mais pesado do Brasil. Justifica-se: ele foi a campo com 153kg.

– Eu dei muito autógrafo, tirei muita foto. Não só em Brasília, mas aonde eu ia. Até hoje, me pedem para tirar foto na rua. A verdade é que Serjão virou uma referência no futebol. Aqui na cidade, em qualquer quadra ou campo onde tem um gordo no gol, ele é chamado de Serjão – lembrou o ex-jogador.

Serjão garante que não se incomoda com as brincadeiras. Ele fica honrado com a lembrança.

– O segredo é você transformar algo que poderia ser negativo em uma coisa positiva. Não me incomodo e tenho um orgulho muito grande de tudo. Quebrei paradigmas. Fui um exemplo de que qualquer pessoa é capaz de fazer qualquer coisa, desde que faça com amor. Jogar uma partida de futebol profissional pesando 153kg e não sair derrotado é mostrar que o ser humano é capaz de tudo, basta ele querer. Não fiz feio, não fui desmoralizado, nunca houve uma goleada, minhas apresentações foram muito mais positivas do que negativas.

Fora do futebol profissional há sete anos, o goleiro pesadão não abandonou os campos. Dono de uma empresa especializada em construção civil, ele reserva um espaço na agenda duas vezes por semana para jogar bola com os amigos. Aos 46 anos e pesando 145kg, Serjão ainda faz bonito no gol.

– Pega muita bola. Ele se coloca muito bem, se antecipa, fecha os espaços. É de se admirar – elogiou Moreirinha, de 55 anos, ex-jogador profissional e companheiro de Serjão nas peladas.

Em campo com os amigos, o goleiro mantém o estilo que o marcou no futebol candango. Orienta a zaga, brinca com os adversários na área e adora fazer pose quando pula para defender uma bola.

– Sempre fui assim, não tenho por que mudar – disse Serjão.

Mas ele faz questão de destacar que não é o único único fora de forma do grupo. Serjão dedura companheiros que também têm sobrepeso.

– Aqui também tem outros que estão um pouco acima do peso, viu? – brincou o ex-jogador, fazendo referência aos amigos Marcelo Alves e Liliu Rocha, que, como Serjão, apresentam três dígitos na balança.

‘Eu tinha 83kg’

Nascido em Brasília, Serjão começou a jogar futebol na década de 80, nas categorias de base do Ceilândia. Passou também pela base do Tiradentes, outro clube local, antes de se mudar para o Rio de Janeiro ainda na adolescência.

– No Rio, joguei na base do Serrano e da Portuguesa e passei pelo Vasco. Então voltei para Brasília, onde me tornei jogador profissional no time do Tiradentes. Passei ainda pelo Vasquinho, um clube que tinha aqui na cidade, antes de parar. Durante esse período como profissional, eu jamais tive problema com peso. Eu tinha 83kg – contou.

Sem muitas oportunidades no esporte, Serjão abandonou a carreira de jogador em 1990 e passou a se dedicar à profissão de administrador de empresas. No entanto, nunca deixou o futebol. Foi dirigente do Gama entre 1997 e 2001 e também continuou disputando campeonatos amadores no Distrito Federal.

– Joguei em quase todos os times amadores de Brasília. Mas foi justamente nessa fase, quando parei de jogar profissionalmente, que meu peso começou a oscilar. Em meados da década de 90 eu comecei a fazer um tratamento com enzimas para emagrecer e foi aí que começaram os problemas. Sempre comi muito. Eu perdia peso, mas logo ganhava ainda mais. Foi assim que cheguei aos 150kg.

Retorno ao futebol profissional

Depois de 12 anos jogando apenas em campeonatos amadores, Serjão retornou ao futebol profissional por conta de um drama pessoal. Aos 36 anos, ele buscou no esporte um caminho para superar a depressão que o abateu após a morte do pai.

– Em janeiro de 2003, meu pai faleceu. Eu fiquei muito abatido, a vida perdeu um pouco da graça. Foi buscando uma alternativa para me motivar, para diminuir o sofrimento, que comecei a frequentar os treinos da Aruc. O presidente era um amigo, me convidou, e com o apoio de pessoas próximas eu comecei a ir.

O que era para ser apenas uma distração acabou se tornando sério quando o goleiro titular do time da Aruc sofreu uma séria contusão durante a disputa do Campeonato Brasiliense daquele ano.

– O Welder (goleiro titular da Aruc) teve uma fratura no ombro dias antes de um jogo importante. O outro goleiro era um menino do juvenil, e a comissão técnica entendeu então que eu deveria ir pro jogo. Na época, eu estava com 153kg e fui muito bem. Foi o jogo que deu início a tudo.

A partir desse dia, Serjão não saiu mais do time. Fez outras boas partidas no campeonato e virou notícia em todo o país. No ano seguinte, trocou de clube e disputou o Campeonato Brasiliense de 2004 pelo Ceilândia. De volta à rotina de jogador profissional, o goleiro iniciou um trabalho específico para emagrecer e chegou a pesar menos de 100kg.

– Eu cheguei até 97kg. Foi o máximo que consegui. Então me mantive nessa faixa dos 100kg até parar de vez com o futebol profissional, em 2005 – contou Serjão.

A volta casual da carreira de jogador de futebol durou apenas dois anos, mas foi suficiente para transformar Serjão em um dos grandes nomes do esporte em Brasília. Foram inúmeras reportagens e participações em programas nacionais, o que é incomum para jogadores de times pequenos do Distrito Federal.

– Com aquelas matérias, o futebol de Brasília ganhou um espaço que não costuma ter. Os gols do campeonato candango passaram até no “Fantástico”. Antes, não saía em lugar nenhum. Naquela época tivemos espaço na mídia nacional por um bom tempo. Isso é um legado que fico muito feliz de ter participado.

Serjão acabou se tornando presidente do Ceilândia. Ele lamenta a falta de organização no futebol local.

– Quando parei, assumi o Ceilândia e permaneci por três anos. Tornamos a estrutura do clube mais profissional, o que resultou nos dois títulos candangos que o time conquistou recentemente (2010 e 2012). Deixei o time no fim de 2007, quando fui morar nos Estados Unidos. Voltei para Brasília em 2011, mais não voltei a trabalhar com o futebol de Brasília porque é muito desorganizado. Falta profissionalismo. Falta uma gestão mais séria na Federação Brasiliense e nos clubes daqui. A Copa pode ser o grande pulo para que o futebol de Brasília renasça. O novo estádio Mané Garrincha pode ser o grande caminho.

Fonte: globo esporte

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