Vasco reencontra Renato Gaúcho técnico marcante em lutas contra o rebaixamento

Renato Gaúcho salvou o Vasco da Gama do rebaixamento no Brasileiro em 2005, mas não conseguiu evitar a queda em 2008.

Renato Gaúcho em sua passagem pelo Vasco em 2006
Renato Gaúcho em sua passagem pelo Vasco em 2006

Na zona de rebaixamento e muito pressionado no Campeonato Brasileiro, o Vasco vai a Porto Alegre encarar o Grêmio de Renato Gaúcho, técnico que esteve à frente do time cruz-maltino em 2005 e 2008 e viveu cenário parecido com o qual Sá Pinto enfrenta em São Januário, mas com finais diferentes. Hoje prestigiado e apontado como um dos melhores técnicos do Brasil, o comandante já passou momentos de crise na Colina, conseguindo salvar um rebaixamento e também sendo o treinador da queda. A partida, na Arena do Grêmio, será às 16h.

Com 24 pontos e na 17ª colocação, a equipe vascaína luta para sair da degola. Em meio a uma enorme crise dentro e fora de campo, o treinador português vem sendo contestado pela torcida tem o confronto de hoje com um grande peso na avaliação da diretoria. A derrota em casa para o Defensa y Justicia (ARG), na última quinta-feira, e a consequente eliminação nas oitavas de final da Copa Sul-Americana aumentaram ainda mais a pressão sobre o comandante e o elenco.

Multicampeão como técnico do Grêmio e gozando de grande prestígio no país, Renato Gaúcho já teve ingratas missões no Vasco. Em 2005, foi contratado pelo então presidente Eurico Miranda e conseguiu tirar o time da degola. Ficou para a temporada seguinte e atingiu, até então, as primeiras grandes credenciais na ainda curta carreira à beira do gramado, com o vice da Copa do Brasil e a boa campanha no Brasileiro de 2006. Acabou deixando o clube em 2007, após eliminação na Copa do Brasil.

Depois de comandar o Fluminense, clube onde foi ídolo como jogador, voltou ao Cruz-Maltino em setembro de 2008, com o clube já sendo presidido por Roberto Dinamite e com missão um pouco mais complicada e, desta vez, sem final feliz. Com 35,89% de aproveitamento, não conseguiu impedir a queda, a primeira da história do clube. O golpe final aconteceu em uma derrota para o Vitória, em São Januário.

“Renato foi meu técnico. Em 2008, passamos um período conturbado, com troca de presidência. Fomos eliminados na semifinal do Carioca, na Copa do Brasil e tiveram muitas trocas de técnico. Hoje, em minha opinião, o Renato é o melhor técnico brasileiro, conquistando títulos com uma camisa pesadíssima como a do Grêmio. Acho que o grande fator para as conquistas é a confiança que ele passa para o jogador. Ele deixa o jogador à vontade em campo, fala o linguajar do atleta. Às vezes, se você está desconfortável em campo, ele fala para tentar a jogada de novo. Meu período foi muito bom com ele. É um cara que briga pelo jogador, compra o barulho do atleta”, lembra o ex-lateral Marcus Vinicius, o Marquinhos, integrante daquele elenco do Vasco de 2008.

Após a concretização do rebaixamento, as trilhas de Renato e do Vasco foram para lados opostos. O Cruz-Maltino acertou com Dorival Júnior para comandar o time com o objetivo de retornar à Série A, enquanto o treinador voltou às Laranjeiras, onde tinha chegado à final da Libertadores em 2008.

Nos bastidores, o clube de São Januário permaneceu vivendo uma eterna efervescência política — o clube, inclusive, ainda não sabe quem será o novo presidente — e, de lá para cá amargou mais duas quedas no Brasileiro, em 2013 e 2015. O flerte com a Série B tem sido uma constante na Era dos pontos corridos. Das 14 edições do Brasileiro neste modelo disputadas até aqui, em sete brigou na parte inferior, escapando em quatro.

Já Renato, viveu altos e baixos, mas após a chegada ao Grêmio, em 2016, viu a carreira subir de patamar. Com os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, gravou ainda mais o nome na história do Tricolor gaúcho, ganhando até estátua. Esteve na mira de outros clubes e recebeu propostas, como a do Flamengo no começo de 2019, mas preferiu a permanência.

Protestos da torcida

Os últimos dias foram marcados por protestos de torcedores do Vasco. Primeiramente, um grupo foi à porta do centro de treinamento e chegou a conversar, em tom de cobrança, com alguns jogadores. Depois, tanto antes quando depois da eliminação na Copa Sul-Americana, alguns cruz-maltinos fizeram ações em São Januário, local da partida.

Eleição na Justiça

A temporada de 2008 ficou marcada também, além do rebaixamento, por uma troca no comando do clube com o ano já em andamento, após a Justiça intervir no pleito. À época, entendeu-se que a corrida eleitoral de 2006, que havia apontado Eurico Miranda como vencedor, tinha indícios de fraude e um novo pleito foi marcado. Roberto Dinamite acabou vencendo a nova eleição.

Em 2020, o Vasco vive situação quase parecida e aguarda a Justiça definir quem será o novo presidente, após muita confusão nos bastidores e batalhas de liminares. O julgamento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) está marcado para o dia 17 e, nele, será decidido se a eleição do dia 7 de novembro teve validade.

Houve duas eleições, uma no dia 7, de forma presencial, em São Januário, e uma dia 14, de maneira híbrida. A primeira apontou Leven Siano, da chapa “Somamos”, com mais votos, e a segunda, indicou Jorge Salgado, da “Mais Vasco”, como vencedor.

Renato e os técnicos estrangeiros

O confronto de hoje também reserva um novo duelo entre Renato Gaúcho e um técnico estrangeiro. O treinador do Grêmio, em algumas oportunidades, opinou sobre o tema e se mostrou adverso a tais contratações. Com o português Jorge Jesus, em 2019, protagonizou alguns capítulos desse embate.

Hoje, o adversário é o também português Ricardo Sá Pinto, que não vem tendo bom desempenho à frente do Vasco.

“O problema é que o brasileiro gosta de copiar tudo que acontece na Europa. E nem tudo de lá é o certo ou dá certo no Brasil. Flamengo, no ano passado. trouxe o Jesus, fez um grande trabalho, ganhou, e todo mundo quer ir na linha do Flamengo. Não é bem assim? Treinador tem problema muito sério com jogador brasileiro. Primeiro lugar, a língua. Já falando português, a gente tem dificuldade do jogador entender certas coisas que o treinador fala. Tem problema da língua, resultados, conhecer o futebol brasileiro e o grupo dele”, afirmou, em recente entrevista, ao ser questionado sobre a demissão do espanhol Domènec Torrent do Flamengo.

Fonte: Uol

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