Vasco pega ritmo da Série B ao mesclar juventude e experiência

Time do Vasco da Gama consegue emplacar a primeira vitória fora de casa e vai embalado para sequência da Série B. 

Jogadores e torcida do Vasco no Arruda
Jogadores e torcida do Vasco no Arruda (Foto: Daniel Ramalho/Vasco)

“O que é plástico? Que a partir do momento que vence, cria toda uma narrativa de coisas positivas”.

A declaração do auxiliar técnico Emílio Faro após a vitória do Vasco por 3 a 2 sobre o Náutico, na noite da última terça-feira, faz sentido. A trajetória de um jogo pegado e de pouca inspiração mudou a partir de um lance individual aos 27 minutos do primeiro tempo. Desde então, o time criou elementos para uma narrativa de mais coisas positivas do que negativas no Arruda.

Com uma postura defensiva sólida e pressão na saída do adversário, o Vasco não sofreu sustos nos primeiros 25 minutos, mas também não conseguiu se encontrar no campo ofensivo. Os únicos lampejos do time surgiam quando Andrey se aproximava dos homens de frente e puxava a construção pelo meio. Foi com o garoto que a equipe conseguiu, em duas oportunidades, acionar os atacantes.

O posicionamento mais adiantado de Andrey é um dos saldos positivos do jogo, que teve Yuri Lara mais fixo atrás na função de proteção, a qual cumpriu com maestria, e o menino de 18 anos livre para transitar da defesa para o ataque.

Em um jogo truncado, o Vasco dependia de uma bola para furar uma das piores defesas da Série B (empatado com outros quatro times, o Náutico sofreu 13 gols até o momento). Foi na individualidade de Figueiredo que o interino Emílio Faro respirou aliviado. O segundo gol como profissional saiu da mesma forma que o primeiro (contra o Bahia), em um chutaço em cobrança de falta. O time abriu o placar na primeira finalização da partida.

Com um buraco no meio de campo do Náutico, o gol deu a tranquilidade que o Vasco precisava para explorar esse espaço e conseguir criar boas situações. Se a falta de ideias ofensivas pesou em boa parte desta Série B, o time mostra que tem conseguido criar alternativas em meio às dificuldades do elenco. Taticamente a equipe apresentou mais recursos, porém esbarrou na questão técnica, como no erro de decisão de Gabriel Pec em um contra-ataque que o Vasco tinha superioridade numérica, ou na finalização à queima-roupa de Getúlio, que chutou em cima do goleiro.

Legado de Zé Ricardo, Andrey evolui semana após semana. Contra o Náutico, foi o melhor em campo. Quando o time não criava, ele quem deu lampejos e, depois do gol, ficou mais à vontade para dar as caras. Desarmou, driblou, fez triangulação e finalizou para marcar seu primeiro gol no profissional, em parceria com Nenê, que se faz muito necessário nesse Vasco.

Sobrou técnica para o garoto e também para o vovô. Nenê chegou a 100 participações em gols com a camisa vascaína – participou de oito dos 11 gols marcados pelo time nesta Série B. No momento em que o Vasco mais corria perigo, teve tranquilidade para concluir a gol após passe de Figueiredo, que havia recebido um bolão de Andrey.

A mistura de juventude e experiência é a receita que o time encontrou para abrir os caminhos em uma competição que todo jogo é pegado e definido em poucos lances.

É fato que o duelo poderia ter sido menos tenso para o Vasco, que deixou o Náutico ganhar campo no segundo tempo, diminuir o placar para 2 a 1 e mudar a dinâmica de um jogo que tinha tudo para ser tranquilo. Uma vantagem desse time é ter Thiago Rodrigues no gol, mas pode-se dizer que mesmo com as três boas defesas do goleiro, a equipe teve consistência defensiva para se segurar, apesar de ceder muitas finalizações ao adversário, situação recorrente da equipe.

Com o Náutico passando a jogar com as linhas avançadas, o Vasco manteve a pressão e contou com os homens de frente para reforçar a marcação, tanto que Figueiredo, ao lado de Yuri Lara, foi o líder de desarmes, com quatro, e Pec ficou em segundo lugar no quesito, com três.

Números de Náutico x Vasco:

  • Posse de bola: 45% x 55%
  • Finalizações: 17 x 7
  • Escanteios: 9 x 4
  • Faltas: 11 x 10
  • Passes errados: 81 x 81
  • Desarmes: 17 x 23

Passadas 11 rodadas, a gente pode dizer que o Vasco tem um padrão de jogo. O time está entendendo a Série B e isso lhe dá vantagem para o que vem pela frente. Se o trabalho tático e técnico ganha cara, é preciso reconhecer também o trabalho do departamento de futebol na montagem desse elenco, que supera as limitações com entrega e compreensão da competição. Mas também há brechas. Figueiredo e Pec saíram exaustos, e as substituições demoraram a acontecer porque o time continua com poucas opções para os lados do campo.

O Vasco caminha para chegar na próxima janela de transferências, a pouco mais de um mês, em situação confortável na Série B e com alvos definidos. Para isso também, o clube precisa encontrar um novo técnico, alguém que se encaixe no padrão de jogo atual e que esteja a par do elenco que terá à disposição para voltar à Série A.

Fonte: Globo Esporte

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