Vasco: a fama de Bernardo

O sucesso instantâneo entre os vascaínos não assusta ao Bernardo, destaque do Vasco.

A vida tranquila que levava no Rio de Janeiro faz parte do passado. Os gols importantes marcados pelo Vasco nos últimos jogos fizeram Bernardo deixar de ser um anônimo no meio da multidão. Aos 20 anos, o meia que veio do Cruzeiro como um desconhecido para a maioria dos torcedores passou a ser reconhecido pelos cruz-maltinos nas ruas. E o assédio fez o jogador ter uma nova rotina quando vai ao shopping, sai para pegar os filhos no colégio ou vai fazer compras no supermercado.

– Agora, quando eu saio, sou reconhecido pelas pessoas. Elas me dão os parabéns pelos jogos, pedem autógrafos, mostram carinho – diz o jogador.

Bernardo foi, aos poucos, percebendo a mudança de comportamento dos torcedores. Os gols na vitória sobre o Madureira, pelo Campeonato Carioca, foi um divisor de águas. E o meia lembra com carinho de um momento marcante nesta nova fase da sua vida.

– Comprei uma cama para o meu filho, e foram entregar lá em casa. Acho que porteiro falou quem eu era na hora de o pessoal subir e, quando abri a porta, o cara começou a cantar: “O Bernardo é Força Jovem, ô ô ô”. Fiquei todo surpreso. Tinha uma camisa do Vasco em casa e dei para ele (risos).

O sucesso instantâneo entre os vascaínos não assusta ao camisa 31. Ele garante que tudo na carreira ocorreu muito rápido. Deixou os pais em Sorocaba, no interior de São Paulo, e foi morar sozinho em Belo Horizonte aos 12 anos. E desde os 15 passou a ser chamado para a Seleção Brasileira nas divisões de base.

– Tudo para mim aconteceu muito cedo. Eu saí de casa para ir jogar nas divisões de base do Cruzeiro. Larguei a minha casa, os meus pais e fui morar na Toca da Raposa. Fui criado ali. Com os amigos.

O que faltou a Bernardo foi coragem para contar ao pai Hélio sobre o primeiro filho. O jogador tinha apenas 15 anos quando a namorada engravidou. Antes de viajar para um torneio nos Estados Unidos com a Seleção Brasileira, ele pediu um favor ao tio Carlos.

– Liguei para o meu tio e pedi a ele para dar a notícia. Não encarei essa (risos). Ele sempre foi uma figura muito próxima. Foi ele quem cuidou do primeiro contrato de Bernardo com o Cruzeiro – lembra o jogador.

Bernardo parece ser ligeiro não apenas dentro de campo. O nascimento de Enzo não acalmou o jogador. O segundo filho, Lucca, já estava a caminho antes mesmo de o meia completar 18 anos…

– Quando veio o meu segundo filho, a minha mãe já morava comigo e a minha esposa em Belo Horizonte. Não contei nada, mas chegou um momento em que ela começou a estranhar a barriga e aí tive que falar (risos).

Bernardo já era experiente no assunto quando veio o terceiro filho… uma menina, que ganhou o nome de Beatriz.

– No terceiro, aí já fui eu mesmo a contar para o meu pai (risos).

Pai de três filhos com apenas 20 anos, o jogador vascaíno agora quer pisar no freio. E planeja fazer uma vasectomia no fim do ano. Não quer correr o risco de um quarto herdeiro.

– Já está bom – disse o meia, que garante não ter passado por dificuldades financeiras para educá-los até agora.

– Era tranquilo porque mesmo nas divisões de base do Cruzeiro eu recebia um salário que conseguia dar uma assistência em casa, não me deixava faltar nada. Mas sei que tenho que dar a vida em campo porque em casa tenho bocas para alimentar. Não me arrependo dos meus filhos. Mas, se estivesse morando com os meus pais, poderia ter esperado mais.

Fora de campo, Bernardo tem um jeito tranquilo de ser. Gosta de ir treinar pela manhã escutando uma música mais calma no carro. Liga o rádio em uma estação que toca MPB. Apesar de ter crescido em São Paulo, o jeito de falar mansamente e agir lembram muito mais os mineiros. Ele precisa se controlar um pouco para não soltar um “uai” durante as conversas. Bem diferente do estilo em campo, onde parece ter traços mais do estilo do pai. Basta ver a explosão na comemoração do gol da vitória sobre o ABC, pela Copa do Brasil. O jogador saiu correndo enlouquecidamente, tirou a camisa, ficou batendo com as mãos no peito. O pai Hélio, que jogou em Fluminense, Palmeiras e Sport nas décadas de 80 e 90, ganhou o apelido de “doido” por causa da vontade dentro de campo e em alusão às comemorações frenéticas dos gols.

– Acho muito legal fazer gols. Além de ser emocionante, ajuda o Vasco a vencer. Mas eu não jogo sozinho. Quando todos se ajudam em campo, tudo acontece com mais facilidade.

A fase artilheiro é uma novidade na carreira de Bernardo. Apesar de marcar muitos gols nas divisões de base – chegou a ser artilheiro da Copa São Paulo de Juniores em 2008 -, o jogador não tinha o hábito de balançar a rede com frequência como profissional. Pelo Cruzeiro, foram só dois gols em 30 jogos. Pelo Goiás, no ano passado, ele marcou sete vezes em 26 partidas. Pelo Vasco já são cinco gols em apenas nove jogos.

– Depois que virei profissional, ficou difícil marcar. Em 2009 foram apenas dois gols, mas eu jogava pouco. O Cruzeiro tinha um elenco maravilhoso e o Adilson Batista pouco me utilizava. No Goiás foram sete gols. Jogava encostado nos atacantes, mas tinha de voltar para marcar também.

Fonte: globo esporte

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