Vasco elabora propostas para combate ao racismo e entrega à CBF

O presidente do Vasco da Gama, Jorge Salgado, entregou um documento com sugestões educativas e ideias de punições esportivas para os clubes.

Torcida do Vasco em São Januário no jogo contra o Operário-PR
Torcida do Vasco em São Januário no jogo contra o Operário-PR (Foto: Daniel Ramalho/Vasco)

O presidente do Vasco, Jorge Salgado, entregou nesta quarta, ao presidente da CBF, um documento com sugestões de ações para combater o racismo e a descriminação no futebol brasileiro. A carta foi protocolada durante o Seminário de Combate ao Racismo, que acontece na sede da entidade, no Rio de Janeiro, com as presenças do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e do cantor Gilberto Gil.

O documento apoia a ideia do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, de aplicar punições esportivas contra os times cujos torcedores demonstrarem comportamentos racistas e traz sugestões práticas. O Vasco, que tem a história ligada ao combate contra a discriminação, especialmente o racismo, quer assumir papel de protagonista no movimento. O clube foi o primeiro no futebol brasileiro, por exemplo, a eleger um presidente negro, Cândido José de Araújo, em 1904.

– Já é passada a hora de darmos um basta definitivo no racismo e no preconceito no futebol brasileiro. Para isso medidas ousadas e inovadoras terão de ser adotadas. Apresentamos hoje um conjunto de propostas para a CBF e clubes baseadas nas nossas melhores práticas, com resultados comprovados. A luta contra contra o racismo está no DNA do nosso clube. Temos o orgulho do Vasco ser a caneta que escreve a história – disse o presidente Jorge Salgado.

Carta enviada pelo Vasco à CBF com medidas antirracismo
Carta enviada pelo Vasco à CBF com medidas antirracismo

Medidas educativas e punições

Na carta entregue por Jorge Salgado e que o ge teve acesso, o Vasco sugere medidas pedagógicas antes de ações punitivas. Em junho, por exemplo, as torcidas organizadas vascaínas assinaram um manifesto com código de conduta e ética preparado pelos departamentos Jurídico e de Integridade do clube. No documento, os grupos se comprometeram a adotar práticas de transparência e fomentar a luta contra a violência, assédio e discriminação nos estádios, que acontece também através de gritos preconceituosos. O Vasco entende que todos clubes deveriam incorporar essas práticas. Não só jogadores, mas todos profissionais do futebol.

Os clubes que adotassem tais medidas teriam uma espécie de atenuante antes de uma possível punição esportiva, especialmente em casos isolados. Em caso de reincidência, no entanto, o clube poderia ser punido com perda de mando de campo. Em último caso, em um eventual terceiro ato de discriminação, haveria a perda de pontos no campeonato.

O Vasco também cita e sugere que os clubes eduquem seus atletas e funcionários. O clube tem regularmente um professor que dá palestras para a base e para o elenco profissional sobre a história do Vasco e aborda a questão do racismo para que seus jogadores estejam engajados na causa de forma ativa.

Clube tem feito ações contra discriminação

Nos últimos anos o Vasco tem combatido de forma ativa a discriminação no futebol. Recentemente o clube fez uma campanha e lançou o lema institucional com a frase “respeito, igualdade e inclusão”. A faixa chegou a ser proibida no Maracanã, no jogo contra o Cruzeiro. A torcida abraçou a ideia e tem levado a faixa para os estádios.

O clube também tem realizado ações luta contra a homofobia. Lançou, por exemplo, no ano passado, uma camisa com as cores do movimento LGBTQIA+. O produto fez sucesso entre os torcedores.

Neste ano, na data que comemora o movimento LGBTQIA+, entrou em campo, no jogo contra o Operário, em São Januário, com fogos nas cores da bandeira da luta contra descriminação contra a homofobia.

Proposta do Vasco à CBF

1.Promoção de treinamentos constantes e ações educativas para capacitar e sensibilizar colaboradores, atletas, comissão técnica e gestores dos clubes sobre boas práticas de respeito, inclusão e diversidade;

2.Elaboração e implementação de políticas de ação afirmativa, educativas e de combate às práticas discriminatórias relativas à representação da individualidade no futebol. O CRVG destaca a sua Política de Respeito, Inclusão e Diversidade, em fase de aprovação pelo Conselho Deliberativo do clube;

3.Implementação pelos clubes de um Código de Ética e Conduta para adesão de suas torcidas, onde se comprometem a adotar práticas de transparência, fomentar a luta contra a violência, assédio e discriminação nos estádios através de gritos e cantos preconceituosos.

4.Estabelecimento e monitoramento de metas para aumento da representatividade dos grupos socialmente vulneráveis em cargos de gestão no futebol;

5. Criação de um Comitê de Diversidade do Futebol, com a participação de representantes da CBF, federações, clubes, torcida e organizações, como espaço eficiente e permanente para o debate sobre a inclusão;

6.Atualização dos cadastros e formulários dos clubes e federações, para que contemplem os conceitos de respeito, inclusão e diversidade, com a possibilidade de utilização, por exemplo, do nome social e reconhecimento de uniões homoafetivas.

7.Garantia do ensino dos direitos humanos, com foco no respeito, inclusão e diversidade de forma a interdisciplinar nas categorias de base, nas categorias masculina e feminina;

8.Previsão e aplicação de punições esportivas para a prática de condutas racistas, homofóbicas, misógina, ou de qualquer outra espécie de discriminação em competições de futebol, considerados como ato de extrema gravidade, em parte já disposto no parágrafo único do artigo 54 do Regulamento Geral das Competições (RGC), além das penas legalmente previstas.

Não obstante as penas previstas no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, propomos a complementação do Registro Geral das Competições da CBF, em para que conste a previsão de sanções administrativas:

Artigo X: Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, ou portadora de deficiência, ou qualquer outra forma de discriminação:

§ 1º: Se o ato discriminatório for praticado por atleta, treinador, médico ou membro da comissão técnica, na hipótese de não reincidência, será aplicada a sanção de advertência e comparecimento à palestra educativa, em local e data a serem definidos pela CBF.

Fonte: Globo Esporte

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