Vasco divulga balanço financeiro de 2019; déficit é de R$ 5 milhões

A diretoria do Vasco da Gama divulgou o balanço financeiro do exercício de 2019, e o déficit constatado é de R$ 5 milhões.

O Vasco divulgou no fim da noite desta quinta-feira o balanço patrimonial referente ao exercício de 2019. Diferentemente do anterior, quando apresentou superávit de R$ 64,9 milhões, o resultado foi um déficit na ordem de R$ 5 milhões. O documento foi enviado primeiramente aos sócios do clube.

Na carta anexada que abre o documento de 80 páginas, o clube tratou o exercício de 2019 como “extremamente desafiador”. Segundo o Vasco, uma das dificuldades que contribuíram para o resultado negativo foi o fato de não ter conseguido vender ativos. Vale lembrar que Marrony e Talles Magno eram dois dos atletas mais valorizados.

Em contrapartida, o Vasco destaca o incremento de R$ 41 milhões em receitas recorrentes, algo que Alexandre Campello havia destacado em coletiva concedida um dia antes:

– Quando assumimos em 2018, conquistamos um aumento da receitas recorrentes. Receita recorrente é um patrocinador, com quem você assina contrato e vai ter um recebimento de forma permanente por alguns anos. É o direito de transmissão… Como o nome diz, são recorrentes. Não são excepcionais. Trouxemos dinheiro novo já em 2018. Em 2019, vocês vão poder observar que conseguimos aumentar em R$ 40 milhões essas receitas recorrentes. Isso demonstra que essa gestão está trabalhando muito trazer para o que chamamos de dinheiro novo – afirmou à Vasco TV.

Alexandre Campello

Confira parte do texto apresentado nas primeiras páginas das demonstrações financeiras divulgadas pelo clube:

“Como já esperado, o exercício de 2019 foi extremamente desafiador, uma vez que boa parte das receitas já havia sido antecipada. A isso, alia-se a delicada situação econômica do próprio país, impactando negativamente em algumas receitas do Clube, em especial nas de marketing. É imperativo ressaltar ainda outro fator relevante que corroborou para as dificuldades no fluxo de caixa: a não concretização de venda de atletas – problema, aliás, enfrentando pelo futebol brasileiro em geral no ano passado.

Apesar das circunstâncias adversas, o exercício passado provou, como será visto a seguir, que essa gestão tem cumprido à risca um dos pilares mais importantes de seu planejamento estratégico: aumentar as receitas e controlar os custos, com o propósito de gerar um círculo virtuoso e perene.

Comparado ao exercício anterior, o Vasco apresentou um incremento de R$ 41 milhões em suas receitas recorrentes, ao passo em que diminuiu em R$ 18 milhões os custos e despesas recorrentes – um considerável ganho de performance de R$ 59 milhões no que diz respeito aos recursos que o Clube efetivamente pode controlar. E importante: nenhum recurso financeiro obtido foi utilizado para outro fim se não o pagamento de despesas operacionais e de dívidas”.

Associação em massa é destacada

Ponto destacado pelo Vasco na carta foi associação em massa conquistada no fim do ano passado – acréscimo de 150 mil novos sócios. De acordo com o documento, a receita com o quadro social foi triplicada, de R$ 12 milhões para R$ 36 milhões.

O clube ainda exalta as seguintes conquistas:

Renovação do Ato Trabalhista

O início das obras do Nosso CT

A aprovação do projeto de modernização e ampliação de São Januário

A primeira fase de pagamento de dívidas antecipado e com desconto, o acordo de dívidas fiscais com a PGFN de R$ 61 milhões

A assinatura do contrato de patrocínio master com o Banco BMG

A rediscussão de termos do contrato de direitos de TV com a Rede Globo

Gráfico mostra relação “receitas recorrentes x não recorrentes”

Na página 7 do demonstrativo, o Vasco volta a destacar o que Campello enfatizar na coletiva concedida via Vasco TV. O acréscimo de R$ 41 milhões em receitas recorrentes, sendo a maior parte (acréscimo de R$ 24 milhões) deste montante alavancado pelos novos sócios. Por outro lado, é possível observar no primeiro gráfico da imagem abaixo o quanto o clube perdeu em receitas não recorrentes. Como dito anteriormente, o documento associa tal queda à não concretização de vendas de atletas que esperavam realizar.

Aumento de 3% em custos e despesas

Na página 8 do documento, o Vasco discorre a respeito do aumento de 3% em relação a custos e despesas, de R$ 169 milhões para R$ 173 milhões. Confira a explicação do clube abaixo:

“Dentre as 6 categorias de custos e despesas, o Clube obteve redução significativa em Outros Custos e Despesas (vide nota 23). As duas maiores categorias (salário, encargos e benefícios) apresentaram aumento nominal menor que o dissidio coletivo, o que demonstra o controle das despesas com pessoas. A conta “Outras Receitas (despesas) Operacionais” refere-se basicamente aos ganhos/perdas nas negociações das dívidas – em 2019 este valor foi menor devido a menor quantidade de dívida renegociada”.

Endividamento líquido aumentado em R$ 37 milhões

Mais uma vez tratando a não venda de ativos (atletas) como o calcanhar de Aquiles e com destaque para as dificuldades mercadológicas, o Vasco considerou bom o resultado referente ao endividamento, mesmo que este tenha apresentado crescimento nominal de R$ 37 milhões (de R$ 640 milhões para R$ 676,8 milhões – a bruta variou de R$ 642 milhões para R$ 709 milhões).

O Vasco, porém, ressalta o alongamento de dívidas, ou seja a renegociação das mesmas em maior número de parcelas. Confira o que disse o clube:

“Assim, o Endividamento Líquido do Clube, que era de R$ 640 milhões em 2018, subiu para R$ 676,8 milhões em 2019, um aumento nominal de quase R$ 37 milhões, mas, ressalte-se, com a dívida alongada.

Apesar das condições de mercado desfavorável, a não entrada de recursos extraordinários com a venda de jogadores e o comprometimento de boa parte das receitas que já haviam sido utilizadas no passado, acreditamos que este seja um bom resultado – mostrando o comprometimento desta Gestão na austeridade e busca de redução da dívida”.

Pandemia é citada no demonstrativo

A respeito do que tratou no demonstrativo financeiro referente ao exercício anterior, no qual tratava da estabilização financeira entre os anos de 2018 e 2020, o Vasco dá ênfase aos mesmos tópicos sublinhados no documento referente a 2018. Cita, porém, que a pandemia do Covid-19 torna o desafio ainda mais complexo. Leia:

“Destacamos abaixo os mesmos pontos apresentados no ano passado, com seus respectivos comentários para o exercício de 2019. Nesse período, o maior objetivo é a reversão do quadro de fragilidade financeira e reestruturação administrativa. Sabemos que, com a não venda de atletas do ano passado e cenário econômico global que acaba de se instaurar em 2020 (efeitos econômicos da pandemia de Covid-19), o plano de estabilização até o ano de 2020 deverá se estender”.

Projeto de ter a melhor performance esportiva até 2030 mantido

A exemplo do apresentado no demonstrativo anterior, o documento reforça que a direção do clube segue com o entendimento de que o Vasco se tornará um dos líderes nas esferas econômica e esportiva entre 2025 e 2030.

“Permanecemos com a mesma visão. Até 2030, o Vasco da Gama deve possuir uma das 3 (três) mais sólidas estruturas econômico-financeira do futebol brasileiro, a melhor performance esportiva e ter sucesso na plena internacionalização da marca”.

Confira na íntegra a mensagem final do documento, assinada por Alexandre Campello:

“Enquanto fechamos os resultados do exercício de 2019, vivemos um momento extremamente crítico. O mundo, o Brasil e, mais especificamente, a indústria de esportes e entretenimento, têm sido seriamente atingidos pela pandemia do novo coronavírus. Até o presente momento, é impossível mensurar o impacto desta crise, seja do ponto de vista da saúde pública, seja no âmbito econômico.

O ano de 2020, portanto, será duramente marcado por dificuldades financeiras não somente para o Vasco da Gama, mas para boa parte dos clubes brasileiros e – por que não? – mundiais.

A Gestão do Clube tem procurado de todas as formas preservar valor e mitigar os efeitos da crise. No presente momento da elaboração deste balanço, já é possível constatar a redução das entradas de caixa. A Diretoria Administrativa tem buscado alternativas para conter as saídas e diminuir o risco de penhoras.

Não diferente de tantos outros momentos históricos, o sentimento de união e solidariedade dos vascaínos está presente. Disponibilizamos nossas dependências às autoridades de saúde e iniciamos campanhas de arrecadação de alimentos – já foram distribuídas até o momento 1,8 mil cestas básicas (25 toneladas). O Vasco é historicamente conhecido pela defesa intransigente de causas sociais, espírito este que nos guia no esforço para ajudar a sociedade neste momento tão difícil. Ao mesmo tempo, temos nos empenhado para reduzir ao máximo o impacto da pandemia e da crise econômica sobre nosso quadro de colaboradores.

Por sinal, não poderíamos deixar de fazer uma menção especial e externar aqui o agradecimento da Diretoria Administrativa pelo esforço e dedicação de todos os funcionários, apesar de todas as notórias adversidades.

Os avanços administrativos, estruturais e operacionais do Clube ao longo dos últimos dois anos são notórios. Esta gestão, no entanto, não se contenta em olhar apenas para o curto e médios prazos. É preciso mirar no longo prazo, no Vasco que estamos construindo hoje para as gerações do amanhã.

Neste momento, diante das dificuldades conhecidas, o Clube ainda não pode e nem deve se comprometer com investimentos mais expressivos no futebol profissional. Mas temos plena convicção de que estamos no rumo certo, construindo as bases para o soerguimento do Clube em um futuro não muito distante. O trabalho de reestruturação ora feito é condição sine qua non para a recuperação econômica e competitiva do Vasco.

A escolha continua sendo a não escolha. Não temos outro caminho que não o do trabalho duro, sem promessas de caráter populista e sem alimentar falsas expectativas para o curto prazo. O torcedor vascaíno, temos certeza, está imbuído deste pensamento, de que o processo de recuperação do Clube não se dará por outro caminho que não o da austeridade e com o cumprimento de obrigações financeiras pregressas. O Vasco precisa equacionar pendências do passado para ter o futuro que todos esperamos.

Trata-se de uma caminhada para a qual não existem atalhos.

Aproveitamos para manifestar nosso agradecimento aos credores que têm compreendido a situação do Clube e acreditado nos compromissos firmados por esta Diretoria Administrativa. Reiteramos aqui o compromisso desta Gestão na busca incansável de maneiras para garantir o pagamento de todos os compromissos.

Agradecemos também a todos os parceiros comerciais do Vasco da Gama, fundamentais para o êxito do Clube.

Nosso agradecimento redobrado e especial a nossa gente, aos torcedores que lotam São Januário, que alçaram o Vasco à mais alta prateleira dos programas de sócio da América Latina, que têm colaborado para a construção do nosso CT.

Agradecemos também àqueles vascaínos que doam seu tempo e sua dedicação como integrantes dos demais Poderes do Clube. Por fim, ressaltamos que os valores informados fazem parte de relatório auditado por uma das maiores empresas de auditoria do mundo, com ampla experiência na indústria do esporte e do entretenimento, e que se caracteriza por um grau de detalhamento, diligência, critérios rigorosos e transparência entre os melhores do mercado.

Convidamos a todos, em especial aos Poderes do Clube, a estudar minuciosamente estas demonstrações e suas respectivas notas explicativas. Permanecemos à inteira disposição para esclarecimentos e debates construtivos para aperfeiçoamento destas demonstrações e do Plano de Gestão.

Apresentamos agora as Demonstrações Contábeis do Club de Regatas Vasco da Gama referentes ao exercício findo em 31/12/2019, acompanhadas das demonstrações contábeis correspondentes ao exercício de 2018, conforme dispositivos legais que regem a elaboração das Demonstrações Contábeis no Brasil”.

Alexandre Campello

Presidente do Club de Regatas Vasco da Gama

Globo Esporte

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