Vascaíno de 83 anos desabafa em cara aberta à Pedrinho e viraliza

O vascaíno Pedro Calil lamentou o atual momento do Vasco da Gama e cobra o presidente Pedrinho por mudanças.

Pedro Calil em jogo Vasco
Pedro Calil em jogo Vasco (Foto: Reprodução/Instagram)

A eliminação na semifinal do Campeonato Carioca, após duas derrotas para rival o Flamengo (1 a 0 e 2 a 1), motivou o desabafo de um torcedor nas redes sociais. Pedro Calil, o “Seu Calil da Colina”, de 83 anos, escreveu carta aberta ao presidente cruz-maltino, Pedrinho, que viralizou nas redes sociais.

No texto, o torcedor, famoso nas arquibancadas de São Januário e nas redes entre os cruz-maltinos, relembra suas memórias e lamenta a impressão de que não conseguirá comemorar um título com o neto, de 15 anos.

“São 83 anos de Vasco da Gama. Vivi e respirei esse clube. Sorri e chorei com ele. Vi glórias inesquecíveis e também soube sofrer. “Sempre ao seu lado até o fim” – sabe, Pedro? Foi assim que ensinei minha família, foi assim que meu neto cresceu ouvindo, aprendendo e vivendo”, escreveu Calil em um dos trechos da carta.

Calil ainda critica a postura do time do Vasco no segundo jogo da semifinal do estadual. E cobra o presidente por mudanças no futuro próximo do clube:

“Presidente Pedro Paulo, ser que não é culpa sua meu neto nunca ter me visto comemorar um título até aqui. Mas você escolheu estar aí para mudar o futuro do clube. Para mudar, talvez, o destino de milhares de Pedros espalhados pelo Brasil, que, como eu, vivem e respiram o Vasco. Mas nesse ritmo, eu não vou ter tempo de realizar o sonho de gritar É campeão” ao lado do meu moleque”.

Carta aberta de Pedro Calil (Fonte: Instagram/Seu Calil da Colina)

Veja a carta na íntegra

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DO VASCO DA GAMA, PEDRO PAULO

Oi, meu xará. Talvez você não me conheça, então deixa que me apresento: assim como você, me chamo Pedro. Não sou um personagem das redes sociais, nem apenas o Seu Calil da Colina. Tenho nome, sobrenome e, claro, um CIC – sim, sou da época do CIC. Na verdade, sou da época do CIC, da Segunda Guerra Mundial, de Getúlio Vargas e da CLT assinada em São Januário.

Falando em São Januário, sou da época de Ademir, Barbosa, Chico. Conhece? Também sou da época de Dinamite, Andrada, Alfinete. Se ainda não ficou claro, chego mais perto: sou do tempo de Juninho Pernambucano, Paulista, Mauro Galvão, Romário, Edmundo e do ídolo Pedrinho. Agora sim, chegamos lá.

São 83 anos de Vasco da Gama. Vivi e respirei esse clube. Sorri e chorei com ele. Vi glórias inesquecíveis e também soube sofrer. “Sempre ao seu lado até o fim” – sabe, Pedro? Foi assim que ensinei minha família, foi assim que meu neto cresceu ouvindo, aprendendo e vivendo.

Falando em neto, o mais velho tem 15 anos. Gabriel, o nome dele. Vascaíno roxo. Vai comigo aos jogos. Para mim, não há experiência maior do que dividir esse amor com ele. Espero que um dia você viva isso. Todo mundo deveria. É revigorante.

Mas ontem, Pedro, algo mudou. Ontem me caiu uma ficha. Fui dormir pensando que podemos ir juntos a inúmeros jogos do Vasco ainda pela frente, mas que provavelmente nunca terei a chance de comemorar um título ao lado do meu neto. Aguardo ansiosamente por esse dia. Mas ele não chegou. E, pior, penso que ele não chegará.

E não, não é porque estou à beira da morte. Pelo contrário, esse velho aqui já combinou com o Criador que não sai de cena tão cedo. Estou lúcido, inteiro, vivendo, não apenas sobrevivendo. Temos um trato. É o Vasco que não tem perspectiva de melhora.

Se bobear chego a ver os bisnetos que meu Gabriel me dará. Quem sabe iremos nós todos – eu, minhas filhas, filhos, netos e bisnetos – ao novo São Januário assistir a um jogo do Vasco. Mas ver um título? Esse coração velho, sábio e calejado já não acredita mais.

Se você me conhecesse pessoalmente, se batesse uma bolinha comigo (sim, aos 83 eu ainda jogo futebol com meu neto), se sentasse para um churrasco ou cantasse ao meu lado na arquibancada de São Januário, saberia que nunca fui pessimista. Pelo contrário, a esperança me moveu até aqui e ainda me moverá por muitos anos. Mas também não sou cego, nem burro, nem leigo. Sei da vida, dos negócios, do futebol. Sei ser realista.

E ontem, Pedro, foi o dia em que a tristeza bateu forte. Ontem olhei para frente e não vi nenhuma chance de gritar “É campeão” ao lado da minha terceira geração.

Estamos apáticos. Entramos em campo torcendo pelo menos pior acontecer. Aceitamos o discurso “a diferença técnica é gritante”. Engolimos o “a realidade financeira fala mais alto”. Nos satisfazemos com “foram bons 45 minutos”.

Desculpe, pequeno Pedro, mas isso não é Vasco. Isso sequer é o espírito do futebol. Qualquer grande clube, mesmo com deficiência técnica, financeira e política, ao encarar seu maior rival, impõe no mínimo a dúvida do resultado final.

Nós, aliás, Eles. Eles já dizem que teremos sucesso se não formos humilhados. Eles já entram em campo com medo. Muitos deles saem do jogo como se nada tivesse acontecido e vão ver o samba carioca.

ISSO NÃO É VASCO.

Nem meu neto, que, como já disse, nunca viu um título de expressão, vai para a arquibancada pensando assim. Até ele demorou a dormir ontem. Nós vamos para a cama inconformados. NÓS.

E o pior? Nada disso é só pelo jogo que assisti ontem. Foi pela retrospectiva que fiz. Foi pela ficha que caiu.

Presidente Pedro Paulo, ser que não é culpa sua meu neto nunca ter me visto comemorar um título até aqui. Mas você escolheu estar aí para mudar o futuro do clube. Para mudar, talvez, o destino de milhares de Pedros espalhados pelo Brasil, que, como eu, vivem e respiram o Vasco. Mas nesse ritmo, eu não vou ter tempo de realizar o sonho de gritar É campeão” ao lado do meu moleque.

Você nunca nos pediu paciência, verdade, você repete isso sempre. Mas você quer o tempo que, talvez, eu não tenha mais. Que outros vascaínos dos tempos de ouro também não tem. Que muitos já não tiveram.

Espero, de verdade, estar errado. Em 83 anos de vida, já acertei muito mas errei também. E torço para que este seja mais um erro meu. Quero quebrar a cara, quero voltar aqui e lhe agradecer por me provar que me enganei. Terei orgulho de reconhecer. Mas hoje não consigo ver isso acontecer. Por enquanto, estou certo. E nunca doeu tanto estar certo.

Com tristeza, mas com o sentimento que não pode seu para, seu xará, Pedro Calil.

Fonte: Extra

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