Torcida demonstra sua força outra vez, mas não impede 1ª derrota do Vasco em casa

Como é de costume, torcedores lotaram São Januário contra o Sampaio Corrêa, mas viram 1ª derrota do Vasco da Gama como mandante em 2022.

Torcida do Vasco durante o jogo contra o Sampaio Corrêa
Torcida do Vasco durante jogo contra o Sampaio Corrêa pela Série B 2022 (Foto: André Durão/ge)

Quando o Vasco virou um jogo que parecia perdido contra o Operário, em Ponta Grossa, houve quem falasse do peso da camisa ou da primeira noite em que Alex Teixeira influenciava decisivamente um jogo desde a sua volta. Quando venceu o Novorizontino mesmo sem brilhar, quando virou sobre o Criciúma apesar de ser dominado, ou mesmo em tantas outras vitórias em São Januário, o tema de cada jornada vascaína em casa era a torcida. O que quase nunca dominou o debate foi a qualidade do jogo, do futebol do Vasco.

É por isso que o enredo da derrota para o Sampaio Corrêa é especialmente cruel. Porque a atuações desapontadoras o torcedor vascaíno já se habituou. Mas a forma como o time perdeu o jogo teve um nível de crueldade que a arquibancada não merecia. O ambiente, o estádio que pulsa, os gritos sempre no volume máximo refletem a única face deste Vasco que realmente funcionou em 2022. Mas o futebol, por vezes, exige mais do que isso. Nem sempre é possível viver de amor. A paixão incondicional da torcida, ao que tudo indica, vai levar o Vasco de volta à primeira divisão. Mas não vai evitar derrotas ou ganhar partidas rodada após rodada.

A noite de quinta-feira teve um gol no início que parecia anunciar 90 minutos um pouco mais leves, capazes de enfim encerrar o calvário de dois anos na segunda divisão. Logo veio o gol de empate, mais tarde a virada que retratava o quanto este Vasco é caótico. Mas quando Andrey Santos, já nos acréscimos, cabeceou para o 2 a 2, a sensação era de um alento para toda aquela gente. Não era a volta matemática à elite, mas um acesso virtual e um desfecho menos melancólico para a noite. Difícil mesmo é traduzir o tamanho do castigo que o time ainda iria impor à arquibancada: o Vasco conseguiu sofrer o terceiro gol no último dos dez minutos de acréscimo.

O fato é que num dia pode-se recorrer à camisa, em tantos outros ao poder da torcida e do ambiente de São Januário. Mas nem sempre será possível enganar o campo, driblar as carências e inconsistências de um time de futebol com as 20 mil vozes que empurram a equipe. A torcida oferece devoção, o campo tem pouca coisa além de suor para dar em troca.

É possível discutir se foi correta a opção de Jorginho, devolvendo Nenê ao time titular e escalando Palacios como um dos volantes, ao lado de Andrey. A formação, usada numa emergência no segundo tempo do jogo contra o Criciúma, desta vez iniciaria a partida. Yuri ficaria no banco.

Claro que o meio-campo do Vasco perdeu vigor, assim como não ganhou criação. O gol de cabeça de Anderson Conceição saiu muito cedo, antes de qualquer imposição. Mas a questão é que qualquer tentativa que se faça de debater uma solução para escalar o Vasco terá que passar por uma temporada cambaleante. Após perder Zé Ricardo, um clube em plena transição para a SAF teve dificuldades para encontrar o substituto, passou um turno inteiro com soluções provisórias. Um elenco cheio de carências e com três mudanças no comando terminou por resultar num time sem estrutura.

O Sampaio Corrêa teve mais a bola e finalizou mais até o intervalo. O 1 a 1 não era uma aberração, mas a virada dos maranhenses aconteceu num segundo tempo em que o Vasco era um pouco melhor. Figueiredo virara lateral, Yuri entrara no meio e Pec na ponta. O Vasco tinha algo mais de vigor, não sofria tanto sem bola, mas a criação dependia demais de bolas longas, de abafa. Não há tanto jogo organizado a oferecer.

Desta vez, Alex Teixeira teve pouco impacto ao substituir Nenê, e o gol de Andrey Santos, já aos 52 minutos da etapa final, só pode ser explicado de duas formas: pela quantidade de soluções que oferece este volante, a melhor notícia do Vasco dentro de campo neste 2022; ou pelo volume que o time gerava com o combustível da torcida. Aliás, a combinação que realmente tem dado certo neste Vasco é a junção da base com o torcedor.

Sequer um ponto o Vasco conseguiu segurar, para perplexidade de São Januário, que já celebrava um acesso virtual, embora não matemático. Ao gol de Joélcio, que parecia quase inverossímil dado o requinte de crueldade do enredo, seguiram-se cenas de desalento, de dor, como se uma cota de sofrimento tivesse sido excedida. Com tudo isso, o Vasco, ao que tudo indica, vai subir. Em 2023 iniciará uma nova etapa, com mais dinheiro, mais investimentos. Será um novo clube, com novos donos estrangeiros, recentemente apresentados ao clube. O desafio deles é oferecer o time que a arquibancada merece. Mas o principal é jamais distanciar o Vasco de sua gente. O acesso terá a assinatura da torcida.

Fonte: Blog do Mansur – Globo Esporte

Comente

Veja também
Keiller é anunciado pelo Vasco
Keiller pode deixar o Vasco e acertar com o Ceará

Goleiro reserva do Vasco da Gama, Keiller ainda não atuou em nenhum jogo do Cruzmaltino na atual temporada.

Payet em São Januário após vitória
Payet fecha 2024 como jogador do Vasco com mais assistências

Camisa 10 do Vasco da Gama, o francês Dimitri Payet disputou 44 partidas na temporada, marcando seis gols pelo Cruzmaltino.

Souza está de volta ao Vasco
Souza avalia ano do Vasco e revela pretensões para 2025

Sem muito espaço no Vasco da Gama, o volante Souza analisou a temporada do Clube e celebrou a vaga na Copa Sul-Americana.

Jogadores comemorando gol contra o Cuiabá
Veja os jogadores do Vasco com mais participações em gols, desarmes, cartões e minutos em 2024

Rankings com o desempenho dos atletas do Vasco da Gama mostra um raio-x do elenco Cruzmaltino na temporada.

Vasco x Atlético-MG em São Januário
Vasco acelera conversas para definir novo treinador

O objetivo do Vasco da Gama é de que o novo treinador já esteja trabalhando nos primeiros treinos do elenco em 2025.