Técnico do Resende, Sandro Sargentim projeta duelo com o Vasco

Vasco da Gama e Resende se enfrentam nesta quinta-feira (02), em São Januário, pela sexta rodada do Campeonato Carioca

Sandro Sargentim, técnico do Resende
Sandro Sargentim, técnico do Resende (Foto: Leonam Viana/RFC)

Imagine estar no comando de um clube que ocupa a penúltima posição do campeonato o qual disputa. Essa situação geraria uma baita dor de cabeça na maior parte dos treinadores brasileiros, sobretudo com a famosa “rotatividade alta” do mercado de técnicos. Mas Sandro Sargentim, técnico do Resende, vice-lanterna do Carioca, “dorme tranquilo”. Isso porque treinador e clube acreditam em um projeto que vai para além dos resultados.

Técnico do Resende, Sandro Sargentim conseguiu algo incomum no futebol brasileiro atualmente. Desde junho de 2020 no cargo, o treinador é o mais longevo do Campeonato Carioca. No Brasil, apenas dois técnicos da Série D estão há mais tempo empregados. Junto ao Resende, Sandro participa da elaboração de um projeto de integração entre as categorias de base e a equipe profissional.

Visando a implementação de um modelo de jogo único entre as equipes e a evolução dos jogadores da base, o Resende conseguiu conquistar a Taça Rio 2022 pela primeira vez na história do clube, com protagonismo dos jogadores revelados pela em casa. Como resultado do trabalho, o Resende já negociou mais de onze jogadores no Brasil e no mundo. Além disso, este ano o time tem um calendário cheio, disputando a Série D do Brasileiro e a Copa do Brasil, torneio que não participava há seis anos.

– Essa longevidade é importante para os dois lados. Estamos tendo um retorno técnico em campo, e um retorno financeiro com as negociações e a integração base-profissional. Só conseguimos essa integração se tivermos essa continuidade. Tudo isso mostra a maturidade do clube e da diretoria. Mesmo com resultados ruins, eles mantêm e sabem que o trabalho tem um início, meio e fim. Mostra também que acredito no processo – disse Sandro.

Antes preparador físico, Sandro Sargentim tem passagens pelo Corinthians, Portuguesa, Guarani, Ituano, Bragantino, Atibaia, São Bernardo e Figueirense. Com uma longa carreira e experiência em todas as divisões, o treinador ressalta a importância de ter um trabalho contínuo em um clube, e fala sobre a instabilidade dos técnicos no futebol brasileiro atualmente.

– Via muitos treinadores que pensavam só neles e não estavam errados, pois precisavam ganhar jogos para continuar empregados. Se você está em um ambiente hostil, com a ameaça de ser demitido, não vai pensar no clube, e sim em manter o seu emprego. Não vai pensar na base e em um modelo de jogo da equipe.

– Hoje eu quero ganhar jogo, mas penso também em desenvolver o atleta. Acreditamos que precisamos buscar um jogo bonito, dinâmico, e isso demanda tempo. Quando apareceu a oportunidade do Resende, não pensei duas vezes. Isso é um diferencial nosso. Espero continuar e fechar o ciclo, em algum momento, dando o meu melhor – completou Sandro.

Jeffinho

Uma das estrelas reveladas pelo clube neste período foi Jeffinho, vendido ao clube francês Lyon pelo Botafogo. O jogador foi treinado por Sandro na base e teve uma importante participação no título da Taça Rio. Com a venda em definitivo do atacante, o Resende vai receber aproximadamente R$ 22 milhões, já que o clube manteve 40% dos direitos do atleta.

– Quando cheguei no profissional do Resende, o Jeffinho tinha subido da base e não era utilizado. No primeiro momento que o utilizei, ele marcou um gol, mas ainda tinha muitos vícios do futsal. Continuamos trabalhando e, em 2022, se tornou titular da equipe. Fez gols contra Flamengo, Botafogo e recebeu a proposta do Botafogo. Acredito muito que, se não estivesse continuado no profissional e saído daqui ele não teria virado o jogador que virou. Não por minha causa, mas porque não teríamos tempo de lapidá-lo – disse o técnico.

Orgulhoso do atacante, Sandro diz que o caso de Jeffinho é um exemplo de que o modelo de integração entre a base e o profissional funciona, e mostra a importância da confiança no treinador.

– O caso do Jeffinho é especial porque fui treinador dele, não preparador físico. Nos dá um orgulho enorme. Mostra para os novos atletas que é possível. Também nos mostra que estamos no caminho certo. O futebol só vai ser diferente se tiver essa longevidade – falou Sandro.

Vasco x Resende

Nesta quinta-feira (02), o Vasco encara o Resende pela sexta rodada do Campeonato Carioca. O jogo acontece em São Januário, às 19h. No momento, o Resende ocupa a 11ª posição, com 4 pontos. Apesar da situação complicada no torneio, Sandro afirma que o clube confia no trabalho desenvolvido, e nunca sentiu seu emprego ameaçado.

– Eles veem os jogos, sabem que estamos sendo superiores no quesito ofensivo, com respeito aos nossos adversários, mas sendo ineficientes na finalização. Acredito no trabalho e a direção também. Mostra profissionalismo em ambas as partes. Tiveram outros momentos ruins, em que não pensei em sair – comentou.

Curiosamente, a partida contra o Vasco marca o encontro do técnico mais longevo do Carioca com um que está iniciando o trabalho em um novo clube. Maurício Barbieri, o qual chegou a ser o mais longevo do Brasil em seu período no RB Bragantino, foi contratado no fim do ano passado para dar início a um novo projeto no Vasco.

A relação dos treinadores vai para além das quatro linhas do gramado. Eles fizeram juntos a licença PRO, um programa da CBF com ênfase no treinamento e na gestão de atletas e equipes de Futebol de alto rendimento em nível profissional e internacional.

– Tenho uma admiração por ele. Tem uma história muito parecida comigo, no sentido de iniciar como preparador físico. Ele é muito competente, merecedor de tudo o que está acontecendo na vida dele. Mas quinta-feira quero ganhar dele, a amizade fica para lá [risos] – afirmou Sandro com bom humor.

A vitória é importante para o Resende não apenas pela situação complicada na competição, mas também para aliar o desempenho em campo, avaliado como positivo pelo treinador, ao resultado.

– Temos feito jogos muito bons. O problema é que não estamos conseguindo concluir em gols. Acredito muito nos meus atletas e espero que façamos um jogo bom em São Januário. O Vasco é um timaço, tradicional, com uma torcida e atletas fantásticos, mas acredito no meu time também. Em algum momento a bola vai entrar, porque estamos fazendo um bom campeonato. Espero que possamos reverter essa vantagem numérica – disse o técnico do Resende.

Veja outras respostas de Sandro Sargentim

Em um jogo de respostas rápidas, o treinador respondeu a cinco perguntas do ge sobre a profissão e a carreira:

•Defina o trabalho do treinador de futebol em uma palavra: “Desafiante”

•Um treinador referência: “Telê Santana”

•Melhor jogo da carreira: “Flamengo 2 x 2 Resende, no Carioca de 2022”

•Uma frase para incentivar os atletas: “Cada jogo é uma história, não tenho isso.”

•O jogo contra o Vasco vai ser… “uma delícia [risos].”

Fonte: Globo Esporte

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