SAF, reforma de São Januário e volta de Coutinho: Pedrinho completa 6 meses no Vasco

Presidente do Vasco da Gama, Pedrinho assumiu o cargo em janeiro e já viveu um período de conquistas e desafios.

Pedrinho durante entrevista coletiva
Pedrinho durante entrevista coletiva (Foto: Leandro Amorim/Vasco)

Pedrinho tomou posse como presidente do Vasco no dia 22 de janeiro deste ano. De lá para cá, se passaram seis meses — um período movimentado e intenso, com eventos marcantes em tão pouco tempo.

A principal promessa de Pedrinho quando foi eleito era “fiscalizar e cobrar a SAF”. Com um discurso público favorável à transparência e ao diálogo com a 777 Partners, o presidente do Vasco disse que queria participar mais ativamente do futebol, porque entendia que podia colaborar e que tinha direito, devido aos 30% que o associativo tinha da SAF.

E pode-se dizer que a promessa foi cumprida. Com denúncias sobre descumprimento de cláusulas contratuais da 777 Partners como majoritária da empresa e buscando ter garantias da saúde financeira da SAF, o Vasco entrou na Justiça contra os americanos. Eles foram afastados do comando do clube em maio.

– A ação é exclusivamente de proteção à Vasco SAF, para não acontecer o que aconteceu com o clube belga (Standard Liège), é para proteger as ações da SAF. Para que o Vasco não fosse prejudicado com um bloqueio e entrasse em colapso financeiro – disse Pedrinho à época.

O movimento do departamento jurídico da gestão de Pedrinho aconteceu em meio às denúncias na Justiça americana de um fundo inglês contra a 777 Partners. A Leadenhall acusava a empresa norte-americana de ser um “castelo de cartas” controlado por outra empresa — a A-CAP.

Hoje, é público que a A-CAP é quem controla a 777 Partners. Josh Wander e Steven Pasko, sócios-fundadores da companhia, renunciaram aos seus cargos. A empresa sofre vários problemas ao redor do mundo, como o bloqueio de ativos do Standard Liége, a acusação de fraude da Leadenhall e a tentativa frustrada de comprar o Everton.

A intenção da A-CAP é recuperar o dinheiro emprestado à 777, empresa que comandava a SAF do Vasco desde o fim de 2022. E também não perder mais dinheiro, já que terá custos para manter o litígio em curso. Por isso, a revenda é o objetivo comum das duas partes.

Reformulação da SAF

Com a mudança no comando do futebol do Vasco, Pedrinho não prometeu mudanças imediatas no futebol do clube. Quando houve a ação liminar, já havia conversas pela contratação de Álvaro Pacheco, por exemplo, e ela foi concretizada.

No entanto, a goleada sofrida por 6 a 1 para o Flamengo irritou profundamente Pedrinho, Felipe e membros da direção do Vasco, que sentiam que havia a necessidade de mudanças no futebol da SAF, com o objetivo de resgatar a essência do clube — como a participação de Felipe como diretor técnico. Quatro jogos depois, ele demitiu o treinador português.

– Devido ao jogo de domingo, que é um jogo inadmissível, que é uma derrota inadmissível, inaceitável da forma que foi, alguns movimentos que seriam feitos mais à frente tiveram que ser antecipados – afirmou Pedrinho.

Depois de uma semana, Lúcio Barbosa e Kátia dos Santos, antigos CEO e CFO, entregaram os cargos. Segundo fontes ligadas à SAF na época, eles ficaram incomodados com a participação da gestão do Vasco na empresa.

As passagens de Álvaro Pacheco e Pedro Martins, treinador e diretor executivo contratados antes da troca do comando do futebol, também duraram pouco. O técnico português foi demitido após quatro jogos, enquanto o diretor pediu para sair por “por “mudanças de comando” na SAF.

Hoje, Rafael Paiva é o técnico do Vasco, e Marcelo Sant’Anna é o diretor executivo da SAF. Carlos Amoedo é o CEO que substitui Lúcio Barbosa, enquanto Raphael Vianna entrou no lugar de Katia dos Santos como CFO.

Promessa de “DNA do Vasco” e contratação de Coutinho

Uma das missões apontadas por Pedrinho era a de resgatar a essência vascaína. Além da boa sequência no Brasileirão com protagonismo de crias da base e Rafael Paiva, que comandava o Sub-20, o Vasco repatriou Philippe Coutinho, uma das maiores revelações do clube no século.

Pedrinho, em diversas vezes, declarou que faria de tudo para contratar o meia ex-Liverpool, Barcelona e seleção brasileira. Mesmo com concorrência de outros clubes do Brasil, Coutinho disse que a prioridade sempre seria o Vasco. Ele agradeceu ao presidente do clube pelo empenho nas negociações.

— (O Pedrinho) fez todo o esforço, tudo que ele podia para eu poder estar aqui hoje e já agradeci e agradeço aqui de novo. É um cara que ama o clube, que tem feito de tudo para o clube voltar e ser o que sempre foi. E eu quero também fazer parte disso — disse Coutinho.

As voltas de Souza e Alex Teixeira – pedidos por Coutinho – também se enquadram na premissa de ter mais pessoas dentro do clube que conheçam e se identifiquem com o Vasco.

Reforma de São Januário

A reforma do estádio do Vasco foi uma das principais pautas de Pedrinho no primeiro semestre na presidência do clube. Quando tomou posse, o projeto de lei foi enviado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em novembro do ano passado.

O presidente se aliou a vereadores vascaínos, além do prefeito Eduardo Paes, e trabalhou nos bastidores para acelerar o processo político. De março a junho, a Câmara aprovou o parecer em conjunto das comissões, realizou as audiências públicas e aprovou o projeto de lei no 1º semestre, um dos maiores pedidos de Pedrinho, que queria a aprovação do potencial construtivo do estádio do Vasco antes do recesso parlamentar.

Esportes olímpicos

Assim como no futebol, a diretoria tem trabalhado para fortalecer a identidade do Vasco em outros esportes, como no basquete e futsal, esportes com glórias na história vascaína. Com parcerias que têm dado certo dentro e fora das quadras, o basquete do clube chegou até as quartas de final do NBB, a melhor campanha da história do clube.

A parceria com a R10 Score no basquete, renovada com o clube, é vista como um caso de sucesso. Assim como o patrocínio da Fecomércio no futsal. O Vasco voltou a ter um time na modalidade no cenário nacional, no qual está disputando o Campeonato Brasileiro de 2024 e faz uma boa campanha.

Os esportes paralímpicos do Vasco também receberam um patrocínio próprio. Alguns atletas do clube foram convocados pela seleção brasileira para participar dos Jogos Paralímpicos, em Paris, em agosto.

E agora? Quais são os próximos desafios?

Venda da SAF

O próximo desafio da gestão de Pedrinho é um dos principais desafios do futuro do Vasco: encontrar um novo dono para a SAF. O clube tenta encontrar um comprador ao lado da A-CAP para o lugar da 777 Partners.

A diretoria do Vasco decidiu suspender a ação na Justiça contra a 777 Partners por 90 dias. A medida – ainda não protocolada – foi tomada em acordo com a A-CAP. As conversas envolvem a empresa Moelis, especializada em reestruturação financeira, e sinalizam a busca por negociação futura do futebol vascaíno.

Hoje, não há mais conversas com a 777, que deixou de controlar o futebol do Vasco tanto pela ação judicial do clube de dois meses atrás – esta que será suspensa – quanto pelas dívidas que levaram a companhia de Josh Wander a ser assumida pela seguradora americana A-CAP. O clube de São Januário confia no interesse mútuo junto à seguradora de vender a SAF para novo investidor. A A-CAP não quer ficar no Vasco.

A diretoria de Pedrinho também tenta alinhar com os potenciais compradores uma filosofia de projeto esportivo e de maior participação em decisões estratégicas. Uma das críticas do presidente do Vasco à 777 era de que não havia ambição de conquistas, citando acordos de bônus por não rebaixamento em alguns casos de negociações.

Reforma de São Januário

Com a aprovação do projeto de lei da reforma de São Januário, o Vasco precisa acertar a venda do potencial construtivo para arrecadar os recursos necessários para a reforma do estádio. As conversas em relação a possíveis compradores seguem em andamento. A meta da direção do clube é iniciar as obras em dezembro deste ano.

Certidões negativas

O Vasco tenta regularizar as Certidões Negativas de Débitos (CND) para implementar projetos incentivados nos esportes. O clube paralisou as atividades do basquete de base, no início do ano, e tenta resolver as pendências para voltar a investir nessa e em outras modalidades.

— Sobre as CNDs, foi dito formalmente pela gestão passada que as dívidas teriam sido equacionadas, e, partindo desse princípio, teríamos acesso às certidões. Temos diversos projetos incentivados engatilhados para quando assumíssemos. Quando isso ocorreu, tivemos conhecimento que não tínhamos essas certidões negativas —disse Pedrinho na primeira coletiva dele como presidente do Vasco.

Balanço atrasado

O Vasco ainda não publicou o balanço de 2023 do clube associativo. O prazo previsto na Lei Geral do Esporte impõe o dia 30 de abril para a divulgação dos demonstrativos financeiros. O que significa atraso de mais de dois meses, o que poderia implicar em possíveis penalidades para a gestão do presidente Pedrinho.

A atual administração atribuiu o atraso ao antecessor Jorge Salgado, a quem responsabilizou pela redução do número de funcionários do departamento financeiro do clube – o que na visão da gestão de Pedrinho teria dificultado a obtenção de informações e documentações para elaboração do balanço.

No Conselho Deliberativo, há ainda discussão sobre possíveis punições contra pares da diretoria de Salgado e de Campello, num processo aberto recentemente pelo presidente do poder.

Futebol

O Vasco faz uma campanha de meio de tabela no Brasileirão, mas o aproveitamento é consideravelmente melhor ao do primeiro ano de SAF na elite do futebol brasileiro. Ainda há carências no elenco, e a direção de Pedrinho trabalha para reforçar o time, mesmo com o baixo orçamento disponível para contratações.

Fonte: Globo Esporte

1 comentário
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    Vasco e gigante da colina

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