‘Ruim, fria e cara’: jornalista denuncia acordo desvantajoso para alimentação no Vasco

O site Vasco Notícias ouviu Carlos Leão, vice-presidente de finanças do Vasco da Gama na época em que o contrato foi assinado.

Alexandre Campello foi presidente do Vasco entre 2018 e 2021
Alexandre Campello em sua época de presidente do Vasco

Em vídeo publicado nesta sexta-feira (13) em seu canal no Youtube, Lucas Pedrosa denunciou uma situação que ocorreu entre 2020 e 2021 no Vasco da Gama. Mais precisamente, a história iniciou no segundo semestre do ano passado, na gestão de Alexandre Campello.

Segundo o jornalista, ex- Esporte Interativo e TV Bandeirantes, em 20 de junho de 2020, o Cruzmaltino assinou contrato com o seu Arthur, cujo empresa não teve o nome revelado por ele, para o fornecimento de alimentos tanto para os jogadores quanto para os funcionários num período de 36 meses (três anos).

O acordo ainda previa exclusividade, ou seja, o Vasco não poderia buscar alimento em outra empresa. O seu Arthur, inclusive, comando o Restaurante do Almirante, que fica localizado em São Januário. A duração do contrato por si é estranho pelo fato de que Alexandre Campello poderia estar de saída da presidência, o que de fato aconteceu.

Com isso, o vínculo se estendia por mais dois anos e meio da outra gestão. Além disso, seu Arthur é benemérito do Gigante e, inclusive, apoiou o ex-presidente na campanha da eleição de 2020. Esse contrato previa o fornecimento para todas as sedes do Clube, entre categorias de base e profissional.

O contrato prevê uma multa de R$ 1,5 milhão para caso o Vasco quisesse fazer o rompimento. Entretanto, caso esse desejo partisse da empresa, a multa prevista era bem mais branda, de R$ 500 mil. Além disso, se rompesse, todo material que o Clube investiu, como as mesas, recipientes para colocar comida, enfim, tudo o que fosse colocado no CT Moacyr Barbosa e nas outras sedes, iria para o Arthur.

“Ruim, fria e cara”

Mas, afinal, o que poderia motivar uma insatisfação que levasse ao rompimento? A resposta está na qualidade e no custo. Pessoas ligadas ao Vasco alegam que a comida era ruim, fria e não suficiente para um atleta. Inclusive, jogadores como Leandro Castan e Germán Cano preferiam comer em suas casa.

Em relação aos preços, o café da manhã custava cerca de R$ 32 para o mínimo de 20 pessoas, o almoço por volta de R$ 33 por pessoa, também com o mínimo de 20. No pré-jogo e pós-jogo, serviam energético, paçoquita, água de coco, barra de cereais, mel, frutas, pizza ou hambúrguer, esses dois últimos depois das partidas.

O problema, nesse caso, era o preço: R$ 5 mil por jogo. Em contrapartida, quando jogava fora e podia pedir outro serviço, pagava metade desse valor. Outro detalhe é que a empresa pedia previsão de quantos iriam comer. Por exemplo, se falasse que iam comer 30, mas na verdade acabava comendo 40, cobravam 40, mas caso falasse que iriam comer 30 e comiam 20, era cobrado 30 mesmo assim.

Para os garotos da base, era oferecida uma cesta de banana e maçã nas partidas e treinos, no preço de R$ 100, o que seria reduzido para R$ 30 caso fosse comprada num hortifrúti, mas não era permitido pelo contrato. Inclusive, o Gigante deve até hoje ao seu Arthur pelo fornecimento, atraso que já ocorria na antiga gestão.

Mudança

Por causa dos atrasos, seu Arthur ameaçava cortar o fornecimento, o que chegou a acontecer ainda em 2020, fato relatado por Ricardo Sá Pinto em entrevista. Além disso, há cerca de um mês, aconteceu uma nova ameaça de corte, mas, desta vez, o Gigante optou por procurar outra empresa, do seu Maurício, elogiada por Lisca em entrevista coletiva recente pela qualidade de atendimento e do alimento.

Outra medida tomada pelo Vasco foi a proibição da entrada de Arthur e todos os seus funcionários no CT Moacyr Barbosa. Além disso, fez um acordo para que o mesmo não servisse mais nada ao Clube. Com a nova fornecedora, o Vasco vem tendo uma economia de 50%. Para se ter uma noção, o almoço coletivo passou de 35 para 70 pessoas, e as refeições pré-jogo e pós-jogo passando a custar R$ 1mil, e não mais R$ 5 mil.

Outro lado

Como destacado, as informações são de Lucas Pedrosa, que há muitos anos faz a cobertura do Vasco. Para entender melhor a situação, o site Vasco Notícias buscou contato com integrantes da antiga gestão e conseguiu falar com Carlos Leão, que era vice-presidente de finanças, que inicialmente revelou uma dívida milionária com o Arthur.

– Esse contrato inicial foi feito em 2018, após o problema com o Espetto Carioca. O Arthur veio trabalhando, e o Vasco deve a ele desde 2018 e, ao longo do tempo, o Clube ia dando uns valores a ele para ir abatendo a dívida. Eu cheguei lá e o Vasco tinha uma dívida muito grande com o Arthur, na casa de R$ 2 milhões, eu entrei em março de 2020, mais ou menos. Entrou o dinheiro do Marrony, a gente deu um valor, e assim fomos fazendo. Quando chegou no meio para o final de 2020, havia eleição, e o Arthur fez o que todo mundo faria, pediu para colocar a dívida no papel e assim foi feito.

Diante disso, segundo o ex-dirigente, o Vasco selou um acordo de confissão junto com Arthur, além da renovação de contrato, já que a quantia não poderia ser paga até dezembro de 2020, quando encerrava o vínculo entre Vasco e empresa. Carlos Leão ainda disse que profissionais que participaram do processo ainda estão em São Januário, caso de Anderson Santos, diretor financeiro.

– O Rogério Peres (vice-presidente jurídico) e o Alexandre Campello trataram dessa papelada em relação à dívida, assim como foi feito com (Jorge) Salgado. Engraçado como o mundo da voltas (risos). Teve essa confissão de dívida e o Vasco renovou o contrato pois não teria como pagar até dezembro, quando vencia o contrato. Os diretores executivos que participaram disso, os profissionais, estão lá dentro do Vasco. Anderson Santos, diretor financeiro, está lá. Pergunta para ele se houve algum problema, alguma desonestidade, que ele pode dizer. Se ele está lá até hoje é sinal que tem credibilidade com as pessoas que estão lá.

Carlos Leão ainda criticou duramente o vazamento de informações no Gigante e citou uma “perseguição política” que está sendo praticada pela gestão de Jorge Salgado, citando os casos de Edmílson Valentim e Roberto Monteiro. Ele ainda ressaltou que, caso tenha alguma irregularidade, que a diretoria entre com um processo contra eles e concluiu dizendo que estão jogando a imagem do Vasco na “lama”.

– O que repudio é o vazamento escroto, nojento, que essa diretoria está fazendo, que reclamavam para cacete no passado e agora estão fazendo a mesma coisa, inclusive com revanchismo, perseguição política que está acontecendo dentro do Clube que está todo mundo vendo. Comigo já aconteceu, com outros membros da diretoria do Alexandre (Campello), do Edmílson (Valentim), do Roberto (Monteiro), e acham que vão melhorar o Clube assim. Segue o jogo. Vida que segue. Agora, eu acredito que Jorge Salgado, não vou criticar nesse sentido, mas precisa ver o que está acontecendo e tomar as providências dele porque não é o Campello, nem o Carlos (Leão), o Arthur ou quem quer que seja, o Edmilson, o Roberto, que está saindo prejudicado dessa história toda, é a imagem do Clube que está indo para o lixo, com o vazamento de contrato de Kappa, de alimentação. Se fizeram merda, bota lá na justiça, pô! Manda prender o Campello, me prender, o Rogério, é assim que funciona, e não jogando a imagem do Clube na lama desse jeito.

O ex-dirigente também se manifestou sobre o caso através do Twitter, destaque para a parte onde nega que Arthur seja benemérito do Clube, ao contrário do que disse o jornalista.

Carlos Leão confirmou o longo tempo de contrato e todos os valores citados na informação de Lucas Pedrosa. Entretanto, ele alegou que o Vasco não tinha opção, sendo que era prolongar ou pagar R$ 3 milhões de imediato, e ainda disse que as quantias a serem pagas à empresa foram discutidas ainda nas épocas de Adriano Mendes, que na época era vice-presidente de controladoria e agora comanda as finanças do Clube, e João Marcos Amorim, que era vice-presidente de finanças.

– Sabe porque não tentou? (tempo mais curto de contrato) Se tivesse que romper o contrato, o Vasco iria ficar devendo R$ 2 milhões pendurados na brocha. Então o Vasco resolveu estender esse contrato e eu achei que foi correto, tá? Os valores, inclusive, foram discutidos na época do Adriano (Mendes) e João Marcos (Amorim), lá em 2018, para a comida e fornecimento. O que aconteceu foi que ou estendia o contrato ou dava R$ 3 milhões na mão. O Vasco não tinha esse dinheiro para dar na mão do cara. Nem me lembro se era R$ 3 milhões ou um pouco menos. Mas era isso que tinha que ser feito, então eu entendi que era pra estender o contrato, por uma multa proporcional e segue a vida, até porque não tem outro fornecedor e teria dificuldade para encontrar. Tanto é que tiraram o fornecedor do CT que é merrequinha, mas não tiraram o de São Januário. É o mesmo.

A reportagem entrou em contato também com Arthur Brandão, dono da empresa, que não deu retorno até o fechamento da matéria. Caso pretenda se manifestar, o conteúdo será incluído nesta matéria posteriormente. Por enquanto, o Vasco não comentou o caso e nem outro integrante da gestão de Alexandre Campello, assim como o próprio ex-presidente, que tem aparecido pouco desde que saiu do cargo.

2 comentários
  • Responder

    Lisca coisa horrível este time defesa e uma peneira um meio campo não sabe o que uma bola um ataque cardíaco você tá de brincadeira com torcedor

  • Responder

    Que lamaçal é por isto e por outro ,que o clube vive envolvido na justiça .A verdade que todo muito quer tirar uma casquinha ou cascão e, o pior que são os próprios sócios beneméritos ou influentes são os causadores das dívidas ,que vergonha e pouco estão si lixando pela imagem do clube .é a imagem de todos os setores do Brasil ,não tem jeito .

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