Rodrigo Capelo avalia os prós e contras da SAF do Vasco

Reunião da Assembleia Geral no próximo fim de semana definirá a venda de 70% do futebol do Vasco da Gama para o grupo norte-americano 777.

Vascaínos aprovam a compra da SAF do Vasco para a 777
Vascaínos aprovam a compra da SAF do Vasco para a 777 (Foto: Tébaro Schmidt/ge)

A partida contra a Chapecoense pode ter sido, simbolicamente, a última do futebol vascaíno sob comando do Club de Regatas do Vasco da Gama. Na reestreia de Alex Teixeira. A reunião da Assembleia Geral que decidirá a venda da SAF para a 777 Partners está agendada para o próximo domingo, 7 de agosto, e o jogo seguinte será no dia 9. Fora a possibilidade de liminares e decisões judiciais, este momento histórico nos leva à questão: por que vender?

Alguns poréns precisam ser levados em consideração para evitar desapontamentos. A começar pelo que mais importa. Não existe nenhuma garantia de que o time, sob nova direção, será vencedor. Mesmo que tenha mais dinheiro. Se quem estiver no comando não tiver conhecimento em gestão de futebol e alguma sorte, pouco adiantam as centenas de milhões de reais. A 777 ainda tem muito a provar, pois acaba de chegar ao mercado futebolístico.

Também não existe garantia de boa administração. Cuidados podem ser tomados ao formatar a governança da futura empresa, desde a composição de seu Conselho de Administração e de seu Conselho Fiscal, até a montagem de seus controles e procedimentos internos. Ainda assim, nada garante que decisões estabanadas não sejam tomadas, entre profissionais despreparados e decisões estratégicas equivocadas. Mais um ponto em que a 777 precisará ser vigiada.

Há, ainda, certa irreversibilidade na opção. O Vasco não está entrando numa parceria, como fez com o Bank of America no fim dos anos 1990. A associação civil está vendendo o controle da empresa que administrará seu futebol, e só poderá retomá-la, em teoria, se comprá-la de volta. O modelo associativo tem suas várias vulnerabilidades, mas algo é certo: presidente ruim um dia cai. Imagine se o Vasco tivesse sido propriedade formal de Eurico Miranda.

Se não há certeza de vitória ou boa administração, nem dá para pegar de volta com facilidade, qual é a vantagem? A realidade é que esse Vasco associativo falhou miseravelmente. Não só hoje. Faz mais de duas décadas que o clube vem sendo apequenado. Jorge Salgado, Alexandre Campello, Eurico Miranda, Roberto Dinamite. Todos que tentaram gerir o clube, de 2000 para cá, fracassaram. Sem falar nos ratos e nas baratas que infestam seus porões.

A 777 se dispõe a arcar integralmente com a dívida do Vasco, hoje para lá dos R$ 700 milhões. Os americanos também prometem investir outros R$ 700 milhões em três anos. Significa que haverá reforços e aposta em infraestrutura, como estádio e centros de treinamento. Foram muitos planos econômicos frustrados até aqui, de gente que achava que conseguiria chegar a esses números por vias ordinárias. Acabou a paciência para crer nesses mesmos políticos.

A venda do futebol cruz-maltino para americanos não bate com a vocação do clube. O Vasco deveria ter sido do povo e para o povo, alavancado por sua enorme torcida, exemplo de administração com raízes democráticas. Tomado por indivíduos tacanhos e apegados aos seus pequenos poderes, não foi e improvavelmente será. Então que seja assim. Uma empresa de propriedade e capital estrangeiros, sem oba-oba sobre o que será o futuro sob seu comando, mas com a esperança de recolocar o gigante em seu lugar. Enfim, para o povo.

O Vasco associativo falhou miseravelmente. Não só hoje. Faz mais de duas décadas que o clube vem sendo apequenado.

Fonte: O Globo

1 comentário
  • Responder

    O problema não é só do Vasco! O modelo associativo também sempre criou seus “donos” que usaram e abusaram das finanças dos clubes! Todos os grandes vivem enterrados em dividas e mesmo os que se destacam, até agora, o fazem por terem no comando mecenas!Outros tiveram empresas que quando saíram, deixaram esses clubes na “pindura”!
    Mesmo o Flamengo, que vive alardeando não ter dividas e o Atlético Paranaense, que apresentam investimentos de grande vulto, não tem ainda bem explicado como chegaram à isso e não garantem também se as próximas diretorias teriam a mesma capacidade de administração!
    Entendo que os riscos da SAF quanto a ser bem administrada é igual porém, existe a vantagem de ter as dívidas pagas e de saber que os investidores vão querer bons administradores em seus negócios!
    Os administradores no processo associativo sempre fizeram nós clubes o que jamais fariam em suas empresas!

Comente

Veja também
Rafael Paiva pede desculpas após declaração sobre torcida do Vasco

Rafael Paiva afirmou que não se expressou da melhor forma ao falar sobre vaias da torcida do Vasco e pediu desculpas.

Vasco teria interesse no técnico Pedro Caixinha

A diretoria do Vasco da Gama já busca um substituo de Rafael Paiva e teria entrado em contato com o técnico Pedro Caixinha.

Vasco leiloará camisas comemorativas usadas contra o Internacional

No confronto diante do Internacional, o Vasco da Gama usou a camisa III em homenagem a Resposta Histórica e as peças vão para leilão.

Coutinho participou de 14 jogos pelo Vasco desde reestreia e tem uma vitória

Philippe Coutinho tem apenas um vitória em 14 jogos disputados pelo Vasco da Gama desde a sua reestreia no Clube.

Hugo Moura deve ser titular contra o Corinthians; Paulinho pode ser relacionado

Com Mateus Carvalho suspenso, Hugo Moura deve retornar ao time titular do Vasco da Gama contra o Corinthians; Paulinho pode ser opção.

Sair da versão mobile