Retrospectiva 2023: dinheiro da SAF não impede Vasco de sofrer até o fim do ano

Expectativa era do Vasco da Gama fazer um ano sem sustos, mas a realidade mostrou um desempenho abaixo durante boa parte da temporada.

Rossi sente a coxa contra o Fortaleza
Rossi sente a coxa contra o Fortaleza

2023 definitivamente não foi como o torcedor do Vasco esperava. Repleto de esperança em dias melhores por causa da instituição da SAF e do investimento da 777 Partners, dona do futebol vascaíno, o clube viveu uma temporada turbulenta, ficou mais da metade do Campeonato Brasileiro na zona de rebaixamento e só conseguiu escapar na última rodada.

Esse foi o primeiro ano completo do Vasco sob a gestão da 777, que comprou 70% das ações e assumiu o clube no fim de 2022. A diretoria atacou o mercado de maneira agressiva e não poupou dinheiro na montagem do elenco: mais de R$ 110 milhões foram investidos na contratação de 25 jogadores durante toda a temporada.

Apesar disso, o Vasco amargou resultados ruins no futebol, como a eliminação precoce na Copa do Brasil após um empate sem gols com o ABC em São Januário e o início desastroso da equipe no Brasileirão. Ao todo, o time frequentou a zona de rebaixamento em 24 das 38 rodadas do campeonato – antes do início da 18ª rodada, a equipe tinha apenas nove pontos na tabela.

A rota só foi corrigida com a chegada do técnico Ramón Díaz, que comandou uma reação heroica junto com reforços que ajudaram a corrigir a rota do Vasco no Brasileirão, casos de Medel, Maicon, Paulinho e Vegetti. A equipe precisou contar com tropeços de adversários diretos na reta final da competição e, na última rodada, venceu o Bragantino por 2 a 1 em São Januário. Resultado que selou a permanência na Série A.

O Vasco disputou 53 jogos em 2023: 13 pelo Campeonato Carioca, 2 pela Copa do Brasil e 38 pelo Brasileirão. Venceu 20, empatou 12 e sofreu 21 derrotas. Veja a retrospectiva:

Reforços e bom início no Carioca

O Vasco contratou mais de um time inteiro na virada do ano e abriu a temporada 2023 com um total de 16 reforços, com destaques para o atacante Pedro Raul, o goleiro Léo Jardim, o zagueiro Léo, o lateral-esquerdo Lucas Piton e o volante Jair. No mercado sul-americano, o clube trouxe nomes como o zagueiro Capasso e o meia-atacante Orellano.

Todos esses jogadores citados tiveram seus direitos adquiridos pelo Vasco, que também fechou algumas contratações por empréstimo ou baixo custo.

Maurício Barbieri foi o escolhido para tocar o projeto. O nome do técnico ex-Bragantino foi uma sugestão dos executivos da 777. Sob o comando de Barbieri, o Vasco fez sua “estreia” na temporada a partir da quarta rodada do Campeonato Carioca – como o elenco principal estava em pré-temporada nos Estados Unidos, um time misto disputou as primeiras partidas.

O início foi promissor, com atuações animadoras contra times de menor expressão: o Vasco fez 5 a 0 sobre o Resende e 4 a 1 sobre o Boavista no estadual; na primeira fase da Copa do Brasil, despachou o Trem-AP com goleada por 4 a 0. O número expressivo de chances criadas por jogo foi uma marca do início do trabalho de Barbieri, que conseguiu a classificação para as semifinais do Carioca, algo que não ocorria ao Vasco desde 2019.

Além disso, venceu os clássicos contra Flamengo e Botafogo na primeira fase do estadual. Na semifinal, no entanto, caiu para o Fla com derrotas por 3 a 2 e 3 a 1.

Vexame em casa e choque de realidade

Antes do segundo jogo da semifinal contra o Flamengo, o Vasco recebeu o ABC em São Januário pela segunda fase da Copa do Brasil. Uma vitória simples classificava a equipe na competição que, além da chance de um título, paga premiações que fazem diferença no cofre dos clubes.

A diretoria do Vasco decidiu aumentar o valor dos ingressos para a partida. O resultado foi um protesto das principais organizadas do clube, espaços nas arquibancadas e um clima frio em São Januário. Em campo, o time de Barbieri também teve uma noite para ser esquecida e não conseguiu sair do zero diante da equipe potiguar.

Fora da final do Carioca e eliminado precocemente na Copa do Brasil, o Vasco teve um intervalo de cerca de um mês até a estreia no Campeonato Brasileiro. A equipe começou com uma vitória surpreendente sobre o Atlético-MG no Mineirão, por 2 a 1, com direito a dois gols nos 10 primeiros minutos de bola rolando. Em seguida, chegou a abrir 2 a 0 no primeiro tempo diante do então campeão Palmeiras, no Maracanã lotado, mas cedeu o empate por 2 a 2. Ainda assim, dois bons resultados.

O calvário vascaíno começou a partir da terceira rodada, quando foi derrotado pelo Bahia em São Januário por 1 a 0. A equipe empatou com Fluminense e Coritiba na sequência, mas depois sofreu seis derrotas consecutivas que empurraram o time para a zona de rebaixamento do Brasileirão.

A gota d’água foi o revés por 1 a 0 para o Goiás, no dia 22 de junho. Revoltada, a torcida protestou, atirou objetos no gramado e entrou em confronto com a polícia em uma noite triste em São Januário. Barbieri não resistiu aos resultados ruins e foi desligado do cargo logo após a partida – o Vasco foi comandado interinamente por William Batista, do sub-20, nos jogos seguintes contra Cuiabá, Botafogo e Cruzeiro.

“No va a bajar!”

A confusão que se deu depois da partida contra o Goiás rendeu uma punição que atrapalhou (e muito!) a vida do Vasco no campeonato: a interdição de São Januário.

O estádio a princípio foi proibido pela Justiça de receber qualquer tipo de evento. O clube a princípio conseguiu atenuar a medida para que pudesse mandar seus jogos sem torcida, mas precisou negociar um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público para ter os seus torcedores de volta num processo marcado por denúncias de elitismo e preconceito.

O primeiro jogo em São Januário com os portões reabertos foi a goleada por 5 a 1 sobre o Coritiba, pela 24ª rodada, no dia 21 de setembro, três meses depois da confusão contra o Goiás.

Nesse meio tempo, Ramón Díaz chegou ao Vasco com a missão de reagir no Campeonato Brasileiro e fazer um segundo turno que beirasse a perfeição para escapar do rebaixamento. Quando o técnico argentino assumiu, a equipe tinha apenas nove pontos no campeonato. Na vitória por 1 a 0 sobre o Grêmio (18ª rodada), considerada o ponto de partida da reação, o Vasco marcou seu primeiro gol e somou seus primeiros pontos em São Januário no Brasileirão.

A chegada de reforços na janela do meio do ano também foi fundamental para a virada de chave. Jogadores como Medel, Paulinho, Maicon, Praxedes e Vegetti assumiram a titularidade e ajudaram o Vasco a somar os pontos dos quais precisava. O craque internacional Payet também chegou nessa leva, não virou titular absoluto, mas marcou dois gols importantes na campanha: nas vitórias sobre Fortaleza e América Mineiro.

Em setembro, o Vasco teve sua melhor sequência de resultados, com um empate o Bahia em Salvador e três vitória seguidas sobre Fluminense, Coritiba e América Mineiro. Foi depois do jogo com o Bahia que Ramón Díaz resgatou a confiança e inflamou os torcedores com a frase “Vasco no va a bajar!”, que acabou virando um mantra da reação.

O Vasco chegou a ficar invicto por seis rodadas entre outubro e novembro e parecia que iria escapar do rebaixamento com algumas rodadas de antecedência, mas as derrotas para Corinthians (36ª) e Grêmio (37ª) arrastaram o sofrimento até o final. O time só não voltou para o Z-4 nesse período porque os adversários diretos também tropeçaram.

Na rodada derradeira, o Vasco precisava de uma vitória simples sobre o Bragantino, que àquela altura não brigava mais pelo título do Brasileiro. Paulinho abriu o placar no primeiro tempo, mas Léo Ortiz empatou no segundo e aumentou a angústia vascaína. Com a vitória parcial do Bahia sobre o Atlético-MG e o resultado do jogo do Santos, o Vasco naquele momento encaminhava seu quinto rebaixamento para a Série B.

Mas o gol de Serginho aos 36 minutos do segundo tempo salvou o ano do Vasco, que venceu por 2 a 1 e decretou a queda do Santos.

Fonte: Globo Esporte

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