Relembre 5 histórias da última final entre Corinthians e Vasco

A última vez que Vasco da Gama x Corinthians se cruzaram em uma decisão foi nos anos 2000, no Mundial de Clubes.

Edmundo e Romário em ação pelo Vasco no Mundial de Clubes de 2000
Edmundo e Romário em ação pelo Vasco no Mundial de Clubes 2000

Após 25 anos, Corinthians e Vasco voltam a se enfrentar em uma final. E desta vez na Copa do Brasil, que começa a ter o seu título decidido nesta quarta-feira (17), na Neo Química Arena.

A última vez que os dois times se cruzaram em uma decisão, foi nos anos 2000, no Mundial de Clubes, o primeiro organizado pela Fifa. E quem levou a melhor foi o Timão, que venceu nos pênaltis após um 0 a 0 no tempo regulamentar e prorrogação.

E o duelo ficou marcado na história, não apenas por envolver duas das camisas mais pesadas do futebol brasileiro, como também dois times repletos de estrelas, que vão desde Romário e Edmundo, no lado Cruz-maltino, a Marcelinho Carioca e Luizão, no Timão.

Em campo, também foram muitas histórias. Algumas até mesmo pouco lembradas e outras citadas até hoje, como o pênalti desperdiçado por Edmundo, que decretou o título do Corinthians.

O ESPN.com.br agora relembra cinco destas histórias. E com recordações de dois jogadores que estiveram em campo na ocasião. Do lado do Vasco, o lateral-esquerdo Gilberto, e Fábio Luciano, ex-zagueiro e hoje comentarista nos canais Disney, sob a ótica corintiana.

Travas de alumínio para ‘assustar’ estrelas do Vasco

Se hoje a tecnologia permite que as chuteiras sejam vez mais leves e adaptadas aos pés de cada jogador, no final do século XX ainda não era assim. E alguns atletas faziam delas parte da própria estratégia para jogos importantes como a decisão em 2000.

E para parar um ataque estrelado formado por Romário e Edmundo, a dupla de zagueiros do Corinthians, à época formada por Adílson Batista e Fábio Luciano, foi a campo usando chuteiras com travas de alumínio maiores do que as usuais.

Mas no fim, a boa atuação defensiva da dupla de zaga corintiana ofuscou qualquer trava de chuteira mais alta. Como lembrou Fábio Luciano.

“Não foi só naquela partida, em jogos grandes o zagueiro tinha naquela época um pouco mais por causa do gramado, tinha uma preocupação muito grande com a altura das travas. Parecia que quanto mais responsabilidade a gente tinha, mais trabalho a gente teria no jogo, maiores eram as travas. O Marcelinho brinca com isso, quando a gente estava no vestiário trocando de roupa, e ele olha para o tamanho das travas das nossas chuteiras, ele fala ‘não tem como a gente perder com esses caras aí, o que eles jogam e usando as travas desse tamanho'”, disse.

“Teoricamente, poderia intimidar os atacantes, não foi o caso porque o Vasco tinha um ataque muito qualificado, é algo que eu carrego na minha história. O Vasco termina a prorrogação e o ataque era formado por Edmundo, Romário, Viola e Donizeta Pantera, não foram as travas que intimidaram, foi o bom trabalho defensivo, importante para o Corinthians nesse jogo. A gente tinha um sistema muito forte, um time muito competitivo, de muita qualidade também”, prosseguiu.

“Corinthians e Vasco era duas seleções, mesmo o Vasco perdendo o título, é algo que eles carregam também. É uma recordação bacana para todos nós, tanto do lado do Corinthians quanto do Vasco, pelo tamanho do confronto e pela atmosfera criada no Maracanã.”

Gilberto, por sua vez, também lembrou da história com as chuteiras da dupla de zaga rival e disse que nem Romário, nem Edmundo, se “intimidaram”.

“De maneira alguma (intimidou). Isso aí já existia, os zagueiros e goleiros já jogavam com as travas mais altas, mas acho que tanto para o Romário quanto para o Edmundo, para eles não existia isso, eles não tinham medo. Foi um jogo disputadíssimo, tanto para o Vasco quanto para o Corinthians. O Rincón também tinha essa fama de jogador que às vezes pegava um pouco mais pesado, mas foi um jogo limpo, sem muita falta violenta, os dois tentando jogar bola. Foi um jogo tão disputado que empatou no tempo normal, na prorrogação e decidido nos pênaltis. De maneira alguma, tanto o Fábio Luciano quanto o Adílson jogarem de trava alta, com certeza não intimidou nem Romário, nem Edmundo”, lembrou.

Gilmar Fubá ‘tremeu’ nos pênaltis

Assim que a definição foi para os pênaltis, o técnico Oswaldo de Oliveira escolheu quem seriam os batedores. E o sexto, em caso de cobranças alternadas, seria Gilmar Fubá. Mas o volante não estava nem um pouco seguro.

Os cinco primeiros escolhidos foram Rincón, Fernando Baiano, Luizão, Edu e Marcelinho Carioca. Mas Gilmar não precisou ser acionado, uma vez que Edmundo desperdiçou a última cobrança do Vasco, que se convertida levaria para as alternadas, e o Corinthians foi campeão.

Em entrevista ao Resenha, o ex-volante do Corinthians lembrou com bom-humor da cena e disse que pensou até mesmo em fingir que não estava passando bem para poder se livrar da incumbência dada a ele por Oswaldo.

“Quando chegou nos pênaltis, o Oswaldo chegou para mim e falou ‘depois do quinto (batedor), você é o sexto’. Eu nunca tinha batido pênalti nem no Vai Quem Quer, de São Matheus, eu tinha medo, imagina o Mundial. Minha perna começou a tremer, eu suava”, lembrou.

“Eu não ia conseguir bater. Eu vou pedir um sal de frutas para o roupeiro e jogar na boca, para começar a espumar, eu vou sair na ambulância e viu embora, bate outro… Foi quando o Edmundo bateu.”

Fábio Luciano, que ficou de fora da lista de cobradores, lembrou do episódio com Gilmar e lembrou até mesmo que algumas estrelas do Corinthians estavam receosas em bater pênalti.

“O Gilmar conta essa história, acho que todo estava apreensivo, até os jogadores grandes acabam ficando apreensivos com uma decisão (de pênaltis), pela importância da competição também. Eu falo por mim, eu tinha acabado de chegar no Corinthians, então eu tinha certeza que a responsabilidade não cairia para mim, o Corinthians tinha grandes jogadores, grande batedores. Prova disso aconteceu dentro das cobranças, o melhor batedor, que era o Marcelinho, acabou perdendo, as outras foram muito bem cobradas. É uma expectativa, gera uma ansiedade muito grande entre os batedores, mas a gente estava pronto para as cobranças, como foi mostrado no jogo, e tínhamos um diferencial muito grande, que era o Dida no gol.”

O pênalti perdido por Edmundo

A cena mais emblemática de toda a decisão foi a cobrança desperdiçada por Edmundo, camisa 10 do Vasco, que isolou o seu pênalti por cima das traves defendidas pelo goleiro corintiano Dida. E o erro do atacante gerou muita repercussão.

Romário, que abriu a série para o Vasco e converteu a sua cobrança, apontou toda a culpa pela derrota cruz-maltina no Maracanã para o ex-companheiro de ataque.

“Ele que tem que segurar essa p, a gente fez o nosso. Ele que era o queridinho, se f. O cara tem que ser brabo na hora que precisa. Esse c***, quando precisou dele, bateu o pênalti pra fora. O Vasco perdeu o Mundial por causa dele, é o culpado maior”, disse em documentário da plataforma Globoplay sobre Eurico Miranda, histórico ex-presidente do Vasco.

Gilberto, por sua vez, acredita que não é justo responsabilizar o ex-camisa 10 cruz-maltino pela perda do título mundial. Mas lembrou que o clima no vestiário após o vice-campeonato foi de muita tristeza.

“Eu já passei por vários momentos, a gente crescia com essa coisa de que o atleta que perdesse um pênalti na disputa era o culpado, tinha perdido o pênalti que levou à eliminação da equipe. Mas, hoje, a gente vê que não é só isso, não podemos resumir o atleta só a um pênalti perdido. Óbvio que gera frustração no próprio atleta, não bate pênalti para perder, mas é um pouco isso, hoje a coisa está mudando. O Edmundo é ídolo da torcida do Vasco, o torcedor do Vasco sabe o que o Edmundo já fez, não dá para culpar o Edmundo só por causa de um pênalti perdido”, disse.

“(Clima de) muita tristeza, normal. Você monta uma equipe com essa, treina vários dias, se prepara para a competição para conquistar, esse é o pensamento de qualquer grande atleta, ele se prepara, treina, para poder conquistar os grandes títulos. A gente enfrentou uma grande equipe também, acabou perdendo nos pênaltis e óbvio que fica a frustração. São jogadores acostumados a jogar final, acostumados a conquistar títulos importantes, e quando você chega nessa condição, praticamente jogando em casa, diante da torcida e acaba perdendo, gera uma frustração, gera um ar de tristeza, por tudo o que foi feito e trabalhado. Era um ambiente de muita tristeza, muita decepção, a gente sabia que talvez tivéssemos a melhor equipe, não que isso desse a condição de sair com o título, mas a gente talvez sabendo que tendo uma equipe melhor, não ter conseguido sair com o resultado positivo. O clima no vestiário era de muita tristeza.”

Do lado corintiano, Fábio Luciano lembrou do erro cometido por Edmundo, mas disse que à época todas tinham confiança em Dida para uma eventual disputa de penalidades.

“O jogo em si foi muito equilibrado, o Corinthians vinha de um Brasileiro desgastante por ter chegado até a final, foi um campeonato que exigiu bastante dos jogadores. O jogo foi muito complicado, muito equilibrado e a gente tinha um diferencial, até maior do que o Vasco naquele momento, o goleiro do Vasco era o Helton, mas o Dida é um exímio pegador de pênaltis, a gente tinha uma confiança muito grande no trabalho dele com relação a isso também. A gente sabia que se o jogo fosse para as penalidades, iria levar uma vantagem até com relação ao Vasco. Acabou culminando com o Edmundo perdendo o pênalti.”

A Fiel canta ‘Todo Poderoso Timão’

Até hoje entoada nas arquibancadas da Neo Química Arena ou nos estádios onde o Corinthians vai jogar, a música “Todo Poderoso Timão” também tem um capítulo em especial marcado na decisão de 2000.

Não é possível dizer que o cântico da torcida surgiu exatamente nesta final, mas ele foi eternizado pela Fiel no Maracanã após a confirmação do título mundial, o primeiro dos dois já conquistados pelo Corinthians na história.

À época, o Maracanã recebeu um incrível público de 73 mil espectadores, e a torcida corintiana, assim como a do Vasco, se fez presente – e também se fez sentir – nas arquibancadas do Mário Filho, que será palco do jogo de volta da final da Copa do Brasil desta temporada.

Depois desta decisão pelo Mundial de Clubes, a música caiu de vez nas graças da Fiel, que manteve o legado, 25 anos após o jogo no Maracanã.

Corinthians e Vasco ‘azarões’?

A primeira edição do Mundial organizada pela Fifa, entidade máxima do futebol, foi organizada em janeiro, durante o verão carioca. O formato era diferente do atual, com oito times, que foram divididos em dois grupos, e os primeiros colocados avançariam à final.

Enquanto no grupo do Corinthians estava o Real Madrid, convidado pela Fifa para o torneio, o Manchester United, campeão da Champions League, caiu na chave do Vasco. A dupla europeia chegou ao Rio de Janeiro como postulante a disputar a final, mas não foi o que aconteceu.

Enquanto o Merengue foi segundo colocado e ficou atrás do Corinthians, com quem empatou por 2 a 2, o United caiu ainda na primeira fase, e com direito a uma derrota por 3 a 1 para o Vasco com show de Romário e Edmundo.

No fim das contas, o Corinthians e Vasco avançaram na liderança e fizeram uma final entre os “azarões” do Mundial de Clubes – e também representantes do país-sede.

À época, o Vasco se classificou para a disputa por conta do título da CONMEBOL Libertadores de 1998, enquanto o Corinthians ficou com a vaga após ser indicado pela CBF por conta da conquista do Brasileirão do mesmo ano. A presença dos dois times foi questionada entre torcedores rivais, já que o Palmeiras era o atual campeão continental (1999) até então, e o Timão ainda não tinha título de Libertadores no currículo.

Fonte: ESPN

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