Rafael Paiva valoriza vitória contra o Athletico-PR, mas pede atenção no jogo da volta
Técnico do Vasco da Gama, Rafael Paiva enalteceu o lado psicológico dos atletas que mais uma vez buscaram a virada dinate do Atheltico-PR.
Assim como no Brasileirão, o Vasco venceu o Athletico por 2 a 1, nesta quinta-feira, em São Januário, mas desta vez pelas quartas de final da Copa do Brasil. O técnico Rafael Paiva comemorou o resultado e valorizou o poder de reação da equipe, principalmente pelo lado psicológico dos atletas.
– A gente tem tomado mais gols do que a gente gostaria antes de fazer. Mas acho que fica realmente a capacidade que a gente tem tido de se controlar. Tem um trabalho psicológico por trás, dentro de campo, multidisciplinar, de todos os atletas, de poder virar o jogo. Não gostaríamos de tomar esses gols, mas a torcida empurra muito e temos condição de ganhar. Ainda mais dentro de casa — afirmou.
Com o resultado, o Vasco pode até empatar com o Athletico no jogo de volta, na próxima quinta-feira, na Arena da Baixada, que avança para as semifinais. Paiva falou sobre o planejamento para o jogo de volta, mesmo com tantos desfalques – o mais recente foi Adson, que tem chances de ficar de fora do restante da temporada.
– Não adianta a gente ficar choramingando. Elas acontecem. Vemos outras equipes perdendo jogadores também e temos que acreditar no grupo que a gente tem. Os atletas que estão entrando entenderam isso. Por mais que mude característica. Estamos conseguindo buscar as vitórias, buscar jogadores, isso é o mais importante. É difícil perfeito David, Adson, João… mas a gente tem qualidade no elenco para suprir e buscar alternativas.
Confira outras respostas de Rafael Paiva:
Jogadores jovens: “Acredito muito no elenco que temos. Essa mescla de jogadores experientes com jovens, de idade sub-20. Estamos conseguindo potencializá-los, algumas sessões de treino a mais, colocar algumas ideias em prática. Isso vai fazer diferença para buscar vitórias, continuarmos fortes no segundo tempo. Acho que mais atletas estão entendendo o que a gente busca, o caminho de buscar mais vitórias, pontuar sempre, ganhar em casa. Estamos conseguindo deixar mais jogadores do grupo no nível que a gente quer, técnico, tático, psicológico. É fortalecer e qualificar os jogadores que temos, que têm muito potencial”
Tamanho da vantagem na Copa do Brasil antes de jogo na Ligga Arena: “É muito difícil jogar num sintético como é lá, a bola fica muito rápida. Por mais que a gente já tenha jogado lá, no jogo é diferente, você sente o início. O início de jogo deles é muito forte. Vai ser um jogo muito difícil. É uma boa vantagem, mas para mim está muito aberto ainda. Temos que estar extremamente concentrados. É a mínima vantagem possível, e temos consciência disso. Teremos que trabalhar e batalhar muito no jogo, tentar jogar também. Se formos lá para defender, sabemos que eles são muito fortes, atacam muito. Para nós, o jogo está muito aberto. Temos que estar muito focados para fazer um grande jogo lá e chegar entre os quatro (semifinalistas) da Copa do Brasil”
Planejamento para o jogo contra o Vitória inclui poupar jogadores? “A respeito do jogo contra o Vitória, ainda não definimos o plano. Era fundamental esperar o jogo acabar para ver o contexto. Não tínhamos dúvida que a intensidade seria altíssima. Precisamos ver como os atletas vão estar amanhã, para perceber as trocas que teremos que fazer, se necessário. A partir de amanhã vamos pensar no Vitória. Não consigo te adiantar nada agora”
Agitação de Payet e reclamações com arbitragem: “Essa conversa tivemos antes do jogo começar. Sabíamos que o jogo poderia caminhar para esse sentido, de o Athletico tentar recortar mais, deixar o jogo mais tenso ou mais parado. Sabíamos que o fator casa era importante, precisávamos buscar essa vantagem. Tínhamos que tentar acelerar mais o jogo. Realmente vai irritando. Para um pouco o jogo, o goleiro caiu algumas vezes. Sabíamos que tínhamos que manter o nível de concentração. No campo, é a forma de eles extravasarem. O Payet sentiu um pouco mais, ficou um pouco mais irritado, mas também faz parte do contexto do jogo. A gente sabia que teria que passar por cima disso também, e conseguiu. O mais importante é que saímos com a vitória, independente da forma que foi. Isso vai nos calejando, deixando mais fortes. Jogos de copa têm essa característica. Temos que passar por tudo isso se quisermos avançar de fase”
Coutinho estará à disposição contra o Vitória? Pensa nele atuando junto com o Payet? “O Coutinho quer demais jogar, tem sentido demais ficar fora porque sabe que tem a capacidade gigante de contribuir. É um jogador extremamente diferente. Precisamos ter cuidado, não adianta acelerar o processo. Tem que ser na hora que ele estiver 100%. Ainda temos duas sessões (de treino) antes de tomarmos essa decisão. Depende muito de como ele vai responder. Vontade não falta pro Coutinho, capacidade também não vai faltar. É só ter paciência com o momento, tentar não queimar essa etapa para a gente não perdê-lo, assim como fizemos com o Payet. Ele (Payet) tinha uma sequência de jogos, ficava uma sequência parado. Estamos conseguindo fazer que ele jogue por mais tempo, numa sequência maior, e vamos ter que ir pelo mesmo caminho com o Coutinho. Vamos esperar essas duas sessões para ver o que acontece. Tenho certeza que no momento em que estiver bem, for pro jogo e for relacionado, ele vai nos ajudar demais”
Importância do equilíbrio mental dos jogadores: “Passa muito pelo tanto que o grupo está unido. A gente não consegue colocar todos para jogar, mas (é necessário) que todos se sintam importantes. E de fato, não só falar isso, mas demonstrar. Acreditando nos jogadores que temos, potencializando todos, tentando rodar os atletas não só na equipe titular, mas também nas convocações. Realmente inserir todo mundo, com ações. O Léo, sempre falei, é uma das lideranças, experiente. Todas as ações são sempre voltadas para tentarmos ganhar os jogos e evoluir, dar experiência para os mais jovens. Estamos caminhamos para isso. Não à toa estamos há sete jogos sem perder, vindos de quatro vitórias. Parte muito do nosso dia a dia, que as pessoas às vezes não enxergam, porque não tem como. Mas há muito por trás do jogo também, e temos trabalhado em cima disso. A torcida hoje nos apoiou o tempo todo, mesmo quando estávamos perdendo. Meu sentimento é de que (os torcedores) têm acreditado cada vez mais na gente, e isso faz uma diferença gigantesca para termos coragem, energia de buscar as vitórias e viradas. Para mim, fica esse saldo positivo de acreditarem um pouquinho mais na gente, mesmo na adversidade”
Como preparar o mental para não sair atrás do placar, pensando na volta? “A gente espera muito não tomar o gol, se não tomar passa de fase. Mas é muito difícil você controlar, o adversário também tem muito mérito no que faz. Sabemos que temos que estar ligados. Sabíamos das armas do Athletico, que não são poucas. É um time que transita muito forte, muito potente, machuca demais a defesa adversária. Por mais que a gente tente neutralizar tudo, também há competência do outro lado. O nível de competitividade é muito alto. Se assemelha a um jogo de xadrez, cada um faz um movimento. Você tenta neutralizar tudo, o adversário busca outras formas. Na minha opinião, não tem forma melhor de se defender do que fazer o gol, tentar buscar lá, não ficar esperando o resultado ou estar com o placar debaixo do braço”
Ser chamado de burro: “A gente vem de sete jogos sem perder, com quatro vitórias. O Vasco tem milhões de torcedores. Tem uma parte que faz um barulho grande, que tá sempre descontente. Eu tento passar para os jogadores que, quando você sai na rua, é todo mundo parabenizando, puxando para cima. Você não consegue agradar todo mundo o tempo todo. Estamos trabalhando. Não conseguimos deixar todo mundo satisfeito o tempo todo. O grupo está evoluindo. Uma parte da torcida é muito exigente mesmo, criticaram o Emerson Rodriguez no primeiro tempo e ele fez o gol. Faz parte. Outras torcidas também são assim. Se for vaiado, tem que continuar evoluindo e trabalhando”
Fonte: Globo Esporte