Organizadas de Vasco e Flu que brigaram haviam proposto ‘caminhada da paz’
Organizadas do dois clubes haviam proposto uma "caminhada da paz" à Polícia antes do clássico, mas o confronto acabou sendo inevitável.
Uma entrevista coletiva foi realizada na manhã desta segunda-feira na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para tratar das brigas que ocorreram em função da partida Fluminense x Vasco, no Engenhão, neste domingo, e que ocasionou na prisão de 118 arruaceiros. No encontro com os jornalistas, foi feita a revelação de que as organizadas tricolores e cruzmaltinas haviam proposto uma “caminhada da paz” à Polícia Militar antes do clássico.
A sugestão chegou a ser aceita pelo Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), porém, mesmo sob forte escolta, o confronto acabou sendo inevitável quando elas se encontraram no bairro do Méier.
“Foi estabelecido na reunião de segurança, na sede do Gepe, que o grupo de situação da Força Jovem do Vasco sairia do Baixo Méier. Do outro lado da linha do trem fica situada a sede da Young Flu. Na reunião, os presidentes destas organizadas fizeram uma proposta de ‘jogo da paz’, onde as torcidas caminhariam ao mesmo tempo para o Engenhão, cada uma de um lado da linha do trem, com o Gepe escoltando, algo que simbolizaria a paz. O Gepe apoiou a iniciativa, mas por conhecer o histórico de rivalidade entre elas, não acreditei que aconteceria desta forma. Por conta disso, ocupamos as passarelas para evitar que eles passassem de um lado para o outro”, revelou o comandante do Gepe, tenente-coronel João Fiorentini.
Mesmo com o policiamento no local, os dois grupos iniciaram uma confusão na altura da estação de trem do bairro. O tumulto, no entanto, foi contido pela PM e cerca de 80 pessoas foram presas. De acordo com a delegada da 24ª DP (Piedade), Cristiane Carvalho de Almeida, dezenas de barras de ferro, pedaços de madeira e até mesmo socos ingleses foram apreendidos.
A outra detenção em massa aconteceu já durante a partida e envolveu o grupo de oposição da Força Jovem, organizada que vive um racha interno desde o ano passado, a ponto de terem de ser isoladas por um cordão feito pela polícia durante os jogos do Vasco.
Neste domingo, de acordo com Fiorentini, ficou estabelecido que os opositores da torcida ocupariam o setor Leste, enquanto os de situação, o Sul. A ordem, no entanto, foi descumprida e uma tentativa de invasão chegou a ocorrer, sendo contida pelo Batalhão de Choque.
“Eles (oposição da FJV) compraram ingressos do setor Sul contrariando nossa determinação. Isto foi detectado pelo Gepe e nós comunicamos à Federação de Futebol do Rio (Ferj) sobre o ocorrido. Ficou decidido, então, que todos esses torcedores que estivessem com o setor Sul entrariam no setor Leste. Eles não aceitaram, pois sabiam que o grupo de situação estava em minoria por conta das prisões no Méier, romperam a primeira linha de policiais e bateram de frente com a segunda linha, formada pelo Batalhão de Choque, onde não conseguiram transpor. O Batalhão de Choque teve que agir e o grupo foi reprimido”, declarou Fiorentini.
Comandante do Gepe alerta que organizadas de Flu e Bota também sofrem racha
Na entrevista coletiva, João Fiorentini fez questão de frisar que a briga interna da Força Jovem toma proporções cada vez maiores. O tenente-coronel, inclusive, alertou sobre este novo problema que tem surgido no futebol carioca, das disputas de poder dentro das organizadas, revelando que o mesmo fenômeno já acontece com torcidas de Botafogo e Fluminense.
“Esta situação tomou um aspecto muito maior no processo eleitoral do Vasco. Tivemos um ato de violência na convenção de um dos candidatos. A partir deste momento, a rivalidade cresceu. O grupo de oposição, hoje, é maior que o da situação. Eles estão tentando a presidência à força. Se existe uma legalidade, eles têm de resolver na Justiça, não através da violência. Este problema da Força Jovem está se repetindo na Young Flu e na Fúria Jovem do Botafogo. É um novo fenômeno. Antigamente, as organizadas brigavam com a dos outros clubes, depois passaram a brigar entre elas, agora há um terceiro elemento, que são as brigas dentro da mesma torcida, motivadas por interesses pessoal e financeiro. É muito rentável ser presidente hoje em dia de organizada. Gera dinheiro e status”, avalia o comandante.
Os 118 detidos foram encaminhados para o Complexo Penitenciário de Bangu e responderão pelos crimes de formação de quadrilha e no artigo 41B do Estatuto do Torcedor (promover tumulto, praticar ou incitar a violência).
Uol