O que esperar do Vasco de Fábio Carille? Veja como jogam os times do treinador

Novo treinador do Vasco da Gama, Fábio Carille costuma montar os seus times com força na bola parada e proteção da área.

Carille posa com a camisa do Vasco
Carille posa com a camisa do Vasco (Foto: Dikran Sahagian)

Fim de férias, início do trabalho. O Vasco se reapresenta nesta segunda-feira no CT Moacyr Barbosa com um novo comandante: Fábio Carille. O treinador inicia a pré-temporada do clube para o ano de 2025 ao lado do elenco principal, que volta do recesso.

Carille foi contratado no dia 19 de dezembro e visitou o CT Moacyr Barbosa nos últimos dias. Conheceu as instalações do local e observou os treinamentos do grupo que se prepara para as primeiras rodadas do Carioca sob o comando de Ramon Lima, técnico do Sub-20.

Campeão do Brasileirão pelo Corinthians em 2017 e campeão da Série B pelo Santos em 2024, o treinador foi auxiliar de Tite por muitos anos e sempre se destacou por montar bons sistemas defensivos.

E como jogam as equipes de Carille? O ge ouviu especialistas e montou um raio-x do treinador para o torcedor vascaíno saber o que pode esperar do novo comandante do time de São Januário.

O esquema: 4-2-3-1

Fábio Carille dificilmente sai do 4-2-3-1. Em poucas vezes os times de Carille não jogaram nesta formação, com uma dupla de volantes e um meia de criação, além de dois jogadores de lado que auxiliam tanto na armação, quanto na recomposição defensiva.

Quando saiu desse esquema, normalmente foi para um 4-3-3, com a presença de um volante mais fixo e dois meias, com dois pontas e um atacante na frente.

Em muitos casos, como no Corinthians e no Santos, Carille optou por ter jogadores de características distintas nas duas pontas, com um jogador mais armador de um lado e outro mais atacante do outro.

– Ele quase sempre trabalha desta forma. Um jogador de lado que é atacante de fato, ponta mais agudo e veloz. E outro com características de meia, que transita para o meio, auxilia os volantes e o meia central, enquanto o ponta mais atacante faz mais movimentos em direção à área. Eles fazem esses movimentos quando os laterais ocuparem os lados. É um time que avança aos poucos — explica Rodrigo Coutinho, comentarista dos canais Globo.

Modelo de jogo: equilíbrio, força na bola parada e proteção da área

Uma das premissas de Fábio Carille é o equilíbrio das suas equipes. Em suas primeiras palavras como técnico do Vasco, as promessas para a temporada foram: um time competitivo, determinado e muito organizado dentro de campo. Defensivamente, o objetivo é proteger sempre a frente da área, cedendo poucos espaços no círculo central do próprio campo.

– Muita gente acha que o Carille é aquele treinador que marca atrás o tempo todo, que só joga em ligação direta, que o time não vai atacar, mas isso é balela. Ele preza por um time mais equilibrado, é claro. Raramente você vai ver os dois laterais dele ao mesmo tempo perto da área adversária, bem abertos, ou os dois volantes próximo da área adversária. Geralmente é um mais preso perto dos zagueiros ali quando o time está atacando e outro mais liberado para infiltrar — analisa Rodrigo Coutinho.

Conhecido por montar bons sistemas de defesa, as equipes de Carille não costumam apenas se defender. A ideia principal de saída de jogo é avançar o time aos poucos com passes curtos, usando os volantes para fazer a bola girar. O objetivo, na maioria das vezes, é terminar as jogadas pelos lados, com infiltração de um dos pontas, ou com cruzamentos rasteiros e pelo alto para a área.

– Ele busca muita jogada combinada entre lateral e ponta, ou lateral, ponta e meia. Os times criam triangulações para ganhar a jogada e ir ao fundo definir. Pode ser com um cruzamento para a área com o Vegetti, para o camisa 10, como o Coutinho, definir a jogada, ou o segundo volante, com um cruzamento rasteiro. Ou até mesmo encontrando o outro ponta na segunda trave.

A altura do bloco de marcação varia. Nos jogos dentro de casa, as equipes costumam a adiantar mais a marcação, mas não o tempo inteiro, principalmente quando o time já está na frente do placar, que é quando a equipe se resguarda mais defensivamente e busca se proteger.

Carille foi auxiliar de Tite durante muitos anos no Corinthians e era o responsável por treinar as bolas paradas do time. O torcedor do Vasco pode esperar que a equipe melhore neste setor do jogo.

– Normalmente são times muito fortes de bola aérea e bola parada, tanto ofensiva quanto defensivamente. Acho que dificilmente vai ter problema com isso ao longo da temporada, porque ele trabalha demais isso. Ele que treinava a bola parada do Tite com o Corinthians, o funcionamento da última linha, a hora de andar pra frente, andar pra trás. É um cara que traz isso no jogo dele — afirma o comentarista do sportv.

O elenco: onde reforçar e quem pode se dar bem

As prioridades do Vasco no mercado são duas posições fundamentais para o estilo de jogo de Fábio Carille. O clube já buscava na janela de transferências exatamente os perfis que o treinador gosta em seus times: um zagueiro experiente, que proteja bem a área e tenha imposição pelo alto, e um atacante de lado que participe mais de ações que criam gols, com finalizações e últimos passes para a área.

As opções no elenco do Vasco de Fábio Carille
As opções no elenco do Vasco de Fábio Carille (Foto: GE)

No atual elenco, quem mais se aproxima das características de atacante de lado com participações em gols é David, mas o atacante só estará disponível no segundo semestre, uma vez que se recupera de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Jean David e Emerson, outras opções do setor, não se firmaram em 2024. A direção busca reforços para esta posição.

Na zaga, Balbuena é prioridade. O paraguaio já trabalhou com Carille em 2017, quando foi campeão brasileiro no Corinthians. Maurício Lemos é outro jogador que interessa ao Vasco.

No meio de campo, Philippe Coutinho preenche as características de um meia-atacante que atua mais próximo ao gol adversário. Na comparação com Payet, o brasileiro tem mais presença ofensiva, pisando mais na área adversária, enquanto o francês faz mais a bola girar no início das jogadas.

– Adson é outro jogador que pode se destacar. Ele é esse jogador de lado que cai bastante para o meio, se associa com o meia central, tem uma boa recomposição defensiva. Vegetti também, por aproveitar a questão dos cruzamentos na área. O jogo aéreo é sua principal característica.

No atual elenco, Lucas Piton e João Victor já trabalharam com Carille no Corinthians e contam com a confiança do treinador.

Opinião de Rodrigo Coutinho

– Acho que é uma boa aposta dentro daquilo que é o Vasco hoje. O Vasco não tem potencial para ir no mercado fazer grandes contratações, sonhar com um time maravilhoso que vai brigar pelas principais competições. Acho que o Vasco tem que tentar fazer uma temporada segura, tentar disputar o título do Carioca, ir avançando na Copa do Brasil e na Sul-Americana, ser competitivo contra equipes mais fortes e ter uma defesa mais segura, o que faltou ao time nas últimas temporadas.

– Não sei se vai produzir tanto ofensivamente quanto a torcida talvez espere, mas acho que vai faltar material humano para isso também, mesmo com as voltas de Jair, Paulinho, Adson e David um pouco mais para frente. Precisa de reforços. Mas dentro daquilo que o Vasco pode ter hoje, é um bom nome, sim.

Fonte: Globo Esporte

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