Luis Fernandes comenta rebaixamento do Vasco e ataca nova gestão

Luis Manuel Fernandes falou sobre a real situação do Vasco da Gama e cita que grupo de Salgado foi o mesmo de Alexandre Campello.

Luis Fernandes
Luis Fernandes (Foto: Divulgação)

É hora de assumir responsabilidades.

A última rodada do Campeonato Brasileiro sacramentou no campo o rebaixamento do Vasco, que já havia sido definido, para todos efeitos, na rodada anterior. Como sabemos, as consequências serão mais trágicas do que em vezes anteriores pois haverá um corte drástico no valor das quotas de televisão, principal receita do clube, além do prejuízo moral.

O fato é que o Vasco venceu quatro campeonatos brasileiros em 26 anos, mas sofreu quatro rebaixamentos nos últimos doze. O prejuízo institucional é gigantesco e inegável. Do ponto de vista técnico, o clube deixou de ser uma força de primeira linha no futebol nacional. E isso depois de um dos ciclos mais vitoriosos da sua história.

O mais trágico nessa trajetória é que o Vasco foi (e continua sendo) abatido pelo próprio Vasco. No auge do ciclo vitorioso do final dos anos ’90 ouvi do próprio Eurico de que uma das vantagens do Vasco em relação ao nosso maior rival era que a oposição deixava a Diretoria governar, enquanto no rival o quadro era de “guerra aberta” de todos contra todos.

Se era essa a situação política do Vasco à época, logo deixou de ser. Para enfrentar o estilo centralizador e autoritário do principal dirigente vascaíno, variados movimentos de oposição optaram pelo caminho do cerco e inviabilização institucional do clube para chegar ao poder.

Para tal, se valeram seguidamente de forças externas ao clube para bloquear ou tolher suas ações: desde o direcionamento de uma CPI do Congresso Nacional contra o Vasco, passando pela articulação sistemática com setores da mídia notoriamente hostis ao clube e pela promoção da sua asfixia financeira, até o uso e abuso de influência no Judiciário.

O resultado foram vinte anos de turbulência política que, efetivamente, enfraqueceram o clube e resultaram na sequência de rebaixamentos.

Alguns chegaram a imaginar que o afastamento e posterior falecimento do Eurico inaugurariam um período de maior tranquilidade institucional. Deu-se o contrário. Aí, sim, foi a vez do Vasco ver seu quadro político virar uma “guerra de todos contra todos”. O clube se fragmentou em múltiplos grupos políticos em guerra permanente entre si, movidos por lógicas e discursos de ódio e preconceito.

O rebaixamento no campeonato recém-encerrado foi uma tragédia anunciada, mas que poderia ter sido evitada. A gestão Campello foi um desastre desde do seu início. Fruto da cisào de uma chapa artificial montada às pressas na reta final das eleições de 2017, o Presidente logo rompeu com o seu próprio grupo e recompôs a sua base de apoio com as forças que hoje dão sustentação à Jorge Salgado.

Toda o planejamento da gestão Campello foi desse grupo. Praticou-se uma falsa austeridade, baseada na renegociação de dívidas para anunciar a sua redução, para em seguida descumprir os acordos e fazer a dívida explodir.

O resultado foram times cada vez mais medíocres e um salto gigantesco no endividamento do clube (incluindo débitos tributários), além do patamar rebaixado na captação de receitas. Não ganhamos um título relevante sequer no futebol profissional. Não ganhamos nenhum jogo contra o nosso maior rival. E acabamos rebaixados com perda imediata de R$ 100 milhões de receita.

Hoje os responsáveis pelo planejamento desse desastre dão entrevista tingindo não ter nada a ver com a história, e propondo a “refundação” do clube. Só se for para fundar um misto de Jockey Club com Portuguesa da Ilha do Governador (com todo respeito à Lusa carioca).

A nova gestão Salgado/Mais Vasco passou a compartilhar formalmente as decisões administrativas com a gestão Campello, sobretudo no futebol, a partir da decisão judicial do TJRJ em 17 de dezembro do ano passado. Anunciaram, durante a campanha, já ter captado 70 milhões de reais para o clube, 22 milhões dos quais estariam disponíveis já no primeiro dia da nova gestão, criando um clima favorável na reta final do Campeonato.

Nada disso se confirmou. Com salários de jogadores e funcionários atrasados, o Presidente recém-empossado declarou não ter dinheiro para pagar os compromissos e que a primeira receita maior que entrasse no clube seria para pagar dívidas com pessoas físicas, incluindo a ele próprio.

Não havia qualquer planejamento para enfrentar a situação de emergência vivida pelo Vasco no campeonato. O time que já era fraco, desmantelou – justamente na reta final e decisiva do campeonato, quando nossos adversários diretos se tornavam mais competitivos para escapar do rebaixamento.

Pior – depois de passar a campanha toda falando em “pacificação”, passaram a promover um clíma de perseguição e caça às bruxas para desviar a atenção da sua própria responsabiludade no rebaixamento. Aprofundam, assim, a polarização e a turbulência política no clube, caminho que nos arrastou para o atual apequenamento institucional.

Há que se destacar, ainda, a condução parcial e desastrada do processo eleitoral do clube pelo então Presidente da Assembleia Geral Faués Mussa.

Obcecado em beneficiar a chapa da sua predileção, convocou de forma irregular e antiestatutária duas Assembleias Gerais, e anulou via estranhíssima liminar a proclamação do resultado da única eleição conduzida nos marcos estatutários e que contou com a participação do maior número de sócios eleitores (a de 07/11).

Promoveu assim (junto com seus apoiadores e coautores) a judicialização do processo eleitoral criando um ambiente de elevada turbulência política justamente na reta final e decisiva do campeonato brasileiro. Como resultado temos uma composição de poderes imposta pela Justiça, mas que carece de legitimidade perante torcedores e sócios do clube por violar a vontade expressa por estes nas primeiras eleições diretas da história do Vasco..

A situação é dramática. Os inimigos do clube triunfaram, temporariamente. Mas nada deve nos afastar do caminho da defesa e resistência institucional.

Em primeiro lugar, cabe apoiar integralmente todas as ações para exigir a anulação do jogo contra o Internacional, pela evidente e indevida interferência extra-campo no seu resultado. Isto abriria a possibilidade de reverter o rebaixamento no campo.

Cabe, sobretudo, dar continuidade à nossa luta secular para afirmar e erguer o Vasco diante do cerco de elites econômicas e sociais que tentam monopolizar o futebol nacional. Mais do que nunca é necessário que os que respeitam e defendem a história é às raízes do Vasco se unam contra o desmantelamento e descaracterização do clube.

Mas isto exige o engajamento e a participação cada vez maior de sócios e torcedores na vida do clube, e não seu afastamento. Não confundamos a instituição que tánto amamos com dirigentes que eventualmente ocupem funções de forma ilegítima. É hora de resistir!

Fonte: Facebook de Luis Manoel Fernandes

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1 comentário
  • Responder

    Engraçado o Vasco muita das vezes prejudicado pelo juiz e o tal do vá isso você não fala

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