Líder do Vasco, Léo se torna uma das principais vozes contra o racismo no futebol

Zagueiro e referência do Vasco da Gama, Léo tem levantado a bandeira contra a discrminação no futebol brasileiro.

Léo com a terceira camisa do Vasco
Léo com a terceira camisa do Vasco (Foto: Leandro Amorim/ Vasco)

Um dos líderes do elenco do Vasco da Gama, o zagueiro Léo não é apenas uma voz ativa dentro das quatro linhas. Fora delas, o defensor se transformou em um símbolo de luta contra o preconceiro e discriminação.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, o jogador diz que tenta usar da sua visibilidade de atleta para levantar a bandeira contra o racismo, sobretudo em um momento em que diversos casos surgem na comunidade do futebol brasileiro.

– Quando você é conhecido, famoso e tem visibilidade, as pessoas te olham diferente. Aí é que está o erro. Não temos que valorizar a pessoa pelo que ela tem, mas sim pelo o que ela é. Por isso que tenho um carinho pelo jogador, pelo porteiro, pelo craque, pelo não-craque, não estou nem aí. Trato as pessoas como quero ser tratado. É uma pessoa normal como eu. Condição financeira vai definir alguém? Esse é o grande erro. Importante é o legado que quero deixar. As minhas filhas estão crescendo. Qual a identidade do pai delas? Isso que quero deixar para sociedade. Antes de ter bens, seja uma pessoa melhor.

Vindo de família pobre da Baixada Fluminense, Léo relata que, assim como muitos negros, também foi víitma de racismo. O episódio aconteceu quando ele ainda era criança, e atuava pelo Litoral, clube da cidade de Santos.

– Em Santos, quando era mais jovem, fui expulso de um shopping pela minha cor. Era mais novo e não tinha essa visibilidade. Não entendia muito bem.

O jogador traça o paralelo do caso de infância, com a punição sofrida pelo Vasco no passado. Na época, o Clube foi impedido de atuar em São Januário durante três meses em função de uma confusão envolvendo torcedores na partida contra o Goiás, pelo Brasileiro.

A Justiça impôs uma sanção severa ao time que ficou várias rodadas sem poder jogar com torcida. Na alegação, o juiz disse que a região que abriga o Estádio de São Januário, composta por favelas, era demasiada perigosa.

– Foi uma luta dentro e fora de campo no ano passado. Tomo muito cuidado em toda resposta. Observo situações e comento em cima, sem causar danos, mas sendo coerente. O Vasco nos últimos anos, em todo esse tempo, sofre demais. Não é só dentro de campo. O clube está sempre brigando por alguma situação para que não seja prejudicado. Vocês (da imprensa) acompanham e estão sempre perto. É uma luta. Um clube desse tamanho e com essa história, não dá. A história do Vasco é sacanagem. É fantástica. Peço que tenham mais senso. Peguem mais leve com o Vasco. É uma luta constante, mas não quero enfatizar muito para não parecer desculpa. Está muito claro para todo mundo.

Léo e a Resposta Histórica

No ano passado, o Vasco promoveu uma ação em homenagem aos 99 anos da Resposta Histórica, em que Léo foi convidado para visitar a sala que guarda o documento original.

A carta, redifgida pelo presidente José Augusto Prestes marcou a posição do Cruzmaltino contra a discriminação racial e social no esporte na década de 20, quando o futebol dava seus primeiros passos para se tornar profissional no Brasil.

– O Vasco foi o clube mais profundo. Me deram a chance de abrir a carta histórica. Parecia cena de filme. Tava dentro de um cofre, tinha que colocar luva… Era muito diferente. Tive o prazer de ver aquilo. Teve funcionário que é apaixonado e nunca viu. Brinquei com vários, que tinham 20 anos de clube e nunca viram de perto (risos). Por isso que sempre toco na história dos Camisas Negras, da parte histórica do Vasco. Pude conhecer o Vasco da forma mais profunda e bonita.

Polêmicas de arbitragem

Sobre os recentes erros de arbitragem que tiraram pontos preciosos do Time da Virada no Campeonato Carioca. Léo não acredita em má fé, mas defende que haja reciclagem e mais treinamento para os juízes.

– Foram erros claros. Não quero levar para esse lado, porque é maldade. Dá para corrigir. Nós erramos dentro do campo. Todo mundo tem o direito ao erro. Mas peraí, também temos que reconhecer que erramos. Posso errar, mas tenho que ter humildade para reconhecer e melhorar. Assume que errou. Vai se reciclar. Quando erro um passe, não tenho que vir aqui no campo treinar para não errar mais? Tem que ser assim. Assim que penso no futebol e na vida.

O Vasco entra em campo neste sábado, às 17h30 (de Brasília), diante do Volta Redonda no Estádio Kléber Andrade, em Cariacica, pela décima rodada do Campeonato Carioca.

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