Julio Brant explica por que quer ser presidente do Vasco e afirma: ‘Não teremos salários atrasados’

O candidato à presidência do Vasco da Gama, Julio Brant, falou sobre suas propostas para o Clube e como administrar ás dívidas.

Julio Brant, ex-candidato à presidência do Vasco
Julio Brant, ex-candidato à presidência do Vasco (Foto: Marcelo Baltar)

O LANCE! dá sequência, nesta quarta-feira, à tradicional série de entrevistas com os candidatos à presidência do Vasco na eleição marcada para o dia 7 de novembro. São as mesmas perguntas para os cinco postulantes. Por ordem alfabética, o terceiro entrevistado é Julio Brant, que volta à disputa após se candidatar em 2014 e 2017. Ele representa a chapa “Sempre Vasco”.

Por que ser presidente do Vasco?

Primeiro pelo amor e carinho que eu tenho pelo Vasco. O projeto começou a partir de uma grande comoção nossa em relação à situação que o Vasco vivia naquela época. Isso em 2013. Nós saímos dos nossos sofás, como torcedores – eu não sou um político tradicional de clube -, então como torcedores. E vim para a política do clube para ajudar. Tirar o clube desse momento difícil que vive. Reconduzir o clube para uma trajetória vitoriosa e campeã. Esse é o dever de um vascaíno que tem a consciência de que tem recursos, tem competência e tem capacidade para fazer a transformação que o Vasco precisa. Então a gente, como vascaíno, não podia deixar de agir. Era nossa obrigação agir. E nós fizemos assim e lutamos há sete anos para que a gente consiga fazer a mudança e a transformação que o Vasco tanto precisa e que o vascaíno tanto quer.

Como obter recursos para um cenário pós-pandemia ou ainda de pandemia?

O nosso plano de negócios para o triênio 2021/2023 já foi todo ajustado para a pandemia. Como disse, a gente trabalha há sete anos neste projeto. Então, a cada ano, nós revisamos o projeto preparando para uma próxima eleição. Foi assim de 2014 para 2017, foi assim de 2017 para 2020. Nós viemos ajustando, ao longo dos anos, o projeto. Quando nós entramos em 2020 e notamos que a pandemia iria mudar as premissas do negócio, nós alteramos radicalmente o plano de negócios. Fomos à Europa, trouxemos um parceiro – o maior grupo de mídia e inovação da Europa (Media Pro), líder em várias frentes da América Latina e na Europa. Trabalha para o Barcelona, para o Real Madrid, para a La Liga, para os grandes clubes europeus, para a Liga dos Campeões… trouxemos essa empresa exatamente para nos auxiliar nisso: desenvolver novas propriedades. Ou seja, novas formas de receita para o clube. Formas essas que são as mais valorizadas e as mais bem pagas pelo mercado publicitário. O mercado se transformou muito, vem se transformando muito nos últimos anos e, neste ano, a transformação se acelerou. O que os clubes europeus estão fazendo hoje é exatamente o que nós estamos propondo a fazer no Vasco a partir do ano que vem. Para que a gente possa fazer frente não só ao novo mercado que se apresenta pós-pandemia, como às necessidades urgentes de geração de caixa que o Vasco precisa.

O que acha do desempenho atual do time?

Acho que o time poderia estar fazendo um trabalho melhor no campo. O time tem qualidade para estar melhor na tabela, não tenho dúvida disso. Não é um time para estar na posição que está na tabela. Porém, o que nós vemos também é uma falta de estrutura dada pela diretoria. Um time campeão precisa não só de jogadores capacitados, como precisa também de estrutura e gestão que a diretoria coloca à disposição desses atletas. E falta esse outro lado, muito. Salários não estão em dia, a estrutura de treinamento do clube não é a mais adequada. Então, falta estrutura também para os jogadores fazerem o melhor. Mas o elenco que nós temos hoje não é para estarmos na situação que estamos na tabela, sem dúvida nenhuma. Poderíamos estar muito melhor.

Como avalia a estrutura física das sedes do clube? Do Calabouço ao CT.

Eu fui o primeiro candidato a propor, em 2014, uma agenda séria na área de patrimônio e de estrutura. Eu trouxe a “Tecnoplano”, uma das maiores empresas de engenharia da Europa para ser nossa parceira e para desenvolver tanto o projeto de CT, quanto o projeto de São Januário. Com duas premissas: primeiro, viabilidade econômica. Não é para fazer maquete. O vascaíno está de saco cheio de maquetes e projetos faraônicos. É um projeto economicamente viável e (segundo) que estaria dentro dos maiores e mais rigorosos padrões técnicos do mundo. Essas foram as premissas. E assim fizemos. Colocamos à disposição do sócio desde 2014 e 2017 esses dois projetos, porque entendemos que sem estrutura é impossível se construir um time campeão e vencedor nos dias de hoje. Num passado isso até era viável, nas décadas de 1970, 1980 até 90. Mas nos dias de hoje é impossível fazer um trabalho competente, um trabalho de fato campeão, que é entrar em campo para ganhar os títulos que o Vasco tem, pelo seu tamanho, a obrigação de ganhar. Não tem como.

A nossa proposta foi, desde 2014, com o diagnóstico que nós fizemos lá atrás – e quem sabe, os sócios que nos conhecem e que acompanham o meu trabalho e o da “Sempre Vasco”, sabem – que nós fizemos isso de forma muito transparente. Trouxemos quem sabe fazer, os melhores do mundo para desenvolver os projetos para a “Sempre Vasco” e, é claro, para o Vasco. E é o que nós vamos fazer agora, em 2021. Vale ressaltar que uma dessas empresas está hoje trabalhando para a atual diretoria, a “Tecnoplano”.

Como administrar a dívida do Vasco?

Administração de dívida é uma estratégia que envolve várias ações. É uma estratégia coordenada, que envolve várias ações. A principal delas é geração de receita. Não se trabalha reestruturação de dívida sem geração de receita, sem dinheiro, é impossível. Então a nossa estratégia tem sido, desde 2017 para agora, desenvolver um plano de negócios que gere receitas para o clube e de imediato. Nós estamos falando de, no momento em que nós entrarmos, já termos capital, de imediato, disponível para sanear problemas emergenciais do clube, tai quais pagamento de salários. É um compromisso da minha administração. Não teremos salários atrasados na minha administração. Não se trabalha gestão com salários atrasados. Isso não é modelo de gestão e o Vasco tem feito isso, nos últimos anos, sistematicamente. Contrata-se já sabendo que não vai pagar. Então é um absurdo.

Nós vamos fazer geração de caixa forte e trouxemos para o nosso projeto duas das maiores empresas do mundo nessa área. Dois dos maiores executivos dessas empresas vieram para o projeto para nos auxiliar exatamente nessa questão de estruturação. Então você indica para o mercado as fontes de recursos e, imediatamente, começa um processo de renegociação, de alongamento e redução desse endividamento. Agora, a primeira coisa a se fazer junto com todas elas é ter um novo modelo de gestão – gestão moderna e transparente – que dê credibilidade ao mercado e que dê controle ao gestor do custeio, dos custos do clube. Sem controle de custos não tem reestruturação que funcione. Então é um tripé: credibilidade, transparência, geração forte de receita e gestão competente. Sem esses pontos é impossível se reestruturar qualquer dívida. Seja do Vasco, seja numa empresa, seja na sua casa. É impossível.

Como obter investimentos para o futebol?

O futebol não está fora do contexto da geração de receitas. Qual a grande a grande diferença que o futebol tem? É que ele em si também é um grande gerador de receita para o clube, se bem feito, se bem administrado. Então a diferença do futebol para as demais áreas do clube é que ele em si tem uma grande capacidade própria de geração de receita. Mas para isso é importantíssimo que se trabalhe de forma competente. E nós vamos ter uma área de gerência especializada em análise de mercado exatamente para isso. Para trazer atletas de alta capacidade técnica, alta capacidade esportiva e excelente oportunidade comercial para o clube. Para ser utilizada a vitrine que o Vasco tem. O Vasco é um clube que qualquer atleta que passa vira ídolo nacional e mundial. Aparece para o mercado mundial como um todo.

Aproveitar dessa exposição positiva que esse atleta terá no clube para fazer boas negociações para o clube e também usar o futebol como gerador de receita. Então, além do futebol, além de todo trabalho feito. Da criação de novas propriedades para a geração de receita para o clube como um todo, o futebol em si é um gerador de caixa ele próprio. O que nós vamos fazer: gerir melhor. Separar o centro de custo do centro de resultados. Para que sejam independentes. Então, o custeio e as receitas do futebol não podem ser contaminados por outras áreas do clube. Elas têm que ser do futebol. E na nossa administração as receitas do futebol e o custeio do futebol não serão contaminadas por outras áreas do clube.

Como será a relação com a base? Mais investimentos? Será possível fazer melhores vendas ou manter revelações?

Base é fundamental e base está no centro da nossa estratégia para o futebol. Você mantém novas revelações porque você vende bem. Essa é a lógica da base. Você mantém as revelações que interessam para o clube, porque você quer torná-los ídolos do clube, porque você vende bem. O que eu estou querendo dizer com isso? Você vai fazer um trabalho de identificação daqueles atletas que não estão dentro do perfil de profissionalização que se espera para o Vasco e fazer um forte trabalho de mercado. A receita gerada por esses atletas é exatamente a receita, junto com as outras que já falei aqui, que vai fazer com que o clube tenha a capacidade de dar estrutura para que esses atletas que são a fina flor, que são a elite do futebol do Vasco, ficarem no clube e o Vasco ter condições de retê-los o máximo possível. Então, a nossa estratégia é, primeiro, a valorização total da base. Esticando, aumentando a formação do atleta de base no futebol de salão. Atrasando ou postergando a transferência, a exposição desse menino para o futebol de campo para que ele tenha condições de aprimoramento de técnica e de fundamentos no salão. E só depois que a técnica fizer mais diferença do que a força física é que ele vai para o campo, exatamente. E, claro, criar um modelo de futebol que seja o mesmo modelo em todas as categorias. Para que quando o menino saia de uma categoria para outra, ele tenha a certeza de que o trabalho feito na categoria anterior vai ser o mesmo na categoria seguinte. Isso melhora a evolução dele. Isso consolida a evolução dele. Isso faz com que todos tenham ao final do seu período, ou seja, ao chegar no profissional, tenham o jeito Vasco de jogar. Que é o que nós queremos implementar no futebol.

Você entende que a intensidade da política do Vasco atrapalha o desempenho esportivo do clube? E como será daqui para frente?

Acho que a política tem uma capacidade limitada de atingir o campo. Ela não tem esse poder todo de atingir o campo. Ela atinge, mas é limitada. E eu dou vários exemplos de times do Vasco que foram campeões em anos eleitorais. Então, não é exatamente isso que leva o problema. O problema é a incapacidade da diretoria que está lá de fazer essa blindagem. Esse que é o ponto. Então, quando a diretoria tem capacidade de blindar o campo, tem liderança para blindar o campo, a política atinge muito pouco. Agora, quando falta liderança, realmente a política acaba tendo um pouco mais de reverberação no campo. Mas mesmo assim é limitado. Não é o que define o sucesso ou o fracasso de um time no campo.

Até porque hoje nós temos três linhas políticas muito claras no Vasco. Então, com essas linhas políticas claras no Vasco hoje, o debate fica muito mais ideológico. Só para explicar: nós temos uma linha política que abraça o “Euriquismo”; nós temos uma outra linha política que abraça a atual gestão, é uma continuidade; e nós temos uma outra linha política, que é nossa, que é uma linha inovadora e que nunca esteve no clube. Quando você olha isso na política, o reflexo disso para o atleta é muito distante, por mais que a gente pense que é perto. Essa leitura fica muito mais para quem está de fora. Para quem está no campo, não. E eu tenho convicção de que o técnico que está hoje lá tem experiência suficiente para fazer essa blindagem, apesar de a diretoria não estar fazendo como tem que fazer, ele fazer essa blindagem e conseguir separar a política do resultado de campo.

Fonte: Lancenet

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