Jorge Salgado se manifesta sobre balanço e não poupa críticas a Pedrinho

Em nova manifestação através de carta, o ex-presidente do Vasco Jorge Salgado criticou a divulgação do balanço de 2023, referente ao seu último ano de gestão, pela administração de Pedrinho.

No documento divulgado pelo clube em 17 de agosto – com mais de três meses de atraso ao que prevê a lei federal -, o Vasco apresentava aumento da dívida para R$ 212 milhões.

O aumento da dívida se deveu, principalmente, à nova classificação de processos judiciais cíveis e trabalhistas em possíveis perdas nas cobranças de potenciais credores. O Vasco classificou como “perda judicial provável” a soma de R$ 143 milhões em processos – sendo R$ 118,8 milhões trabalhistas e R$ 24,2 milhões de natureza cível.

É justamente na contabilização dessas dívidas o ponto de maior conflito entre Pedrinho e Jorge Salgado. O ex-presidente relata na carta ter votado no ex-jogador para presidente, mas entende que, “mesmo que não tenha sido sua intenção”, Pedrinho “acaba por repetir o mesmo enredo, ao assinar carta em que parece culpar a gestão passada por todos os males do mundo e ao dar um cunho de peça política à sua primeira carta de administração”.

“Aparentemente, o novo critério de contabilização, que classificou 81% dos valores cobrados em reclamações trabalhistas como de probabilidade de perda “provável”, destoa da prática do mercado e leva a crer que o Clube reconhece que perderá quase todas as ações trabalhistas e não obterá qualquer desconto no pagamento de dívidas. Por que o Clube se coloca em situação de tamanha fragilidade perante seus credores? Afinal, quais interesses o Clube defende em juízo: os seus, ou os de seus reclamantes?”, diz um dos trechos de questionamentos de Salgado à diretoria de Pedrinho.

Há também menção à decisão da diretoria de Pedrinho de colocar em balanço débito do clube com a Vasco SAF, mesmo que a dívida não seja exatamente reconhecida.

“Ora, se o Clube não reconhece esse valor, por que o contabilizou como contingência? Não há nada que justifique essa medida – a não ser que a intenção seja, supostamente, a de inflar o “passivo” do Clube e criar um cenário de “terra arrasada” para, depois, se apresentar como o “salvador da pátria” que conseguiu reduzir um “passivo” que não condizia com a realidade.”

Veja trechos da carta de Salgado:

Choque entre ex-presidentes

O debate entre ex-presidentes está na ordem do dia num clube acostumado às turbulências políticas como o Vasco. No dia 20 de junho, o presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, João Riche, divulgou 14 nomes para compor duas comissões de inquéritos formadas para analisar atos de ex-presidentes do Vasco – Alexandre Campello e Jorge Salgado.

Os escolhidos para participar da análise de documentos precisam preparar relatório num prazo inicial de 120 dias – no dia 20 de setembro completam 90 dias da criação das comissões.

Uma das comissões prevê a análise e esclarecimento para “apurar o processo de escolha da empresa 777 Partners para a aquisição de 70% das cotas do Vasco da Gama SAF”, durante a gestão do ex-presidente Jorge Salgado.

A segunda comissão de inquérito formada é relativa a auditoria contratada na gestão de Jorge Salgado para “analisar e esclarecer as informações contidas no relatório Stoneturn, além de dar continuidade às diligências apuratórias, visando identificar as condutas e seus autores para adoção de medidas cabíveis” de interesse dos associados do Vasco. O relatório diz respeito ao triênio do antecessor de Salgado, o ex-médico do clube Alexandre Campello.

O processo pode culminar em penalidades a sócios que podem ir até a exclusão do quadro social do Vasco. O enunciado da formação das comissões também prevê “adoção de medidas cabíveis de interesse dos associados” do clube de São Januário.

Fonte: Globo Esporte