Jogo entre Vasco e Atlético-PR tem rivalidade política e na tabela
O jogo entre Vasco e Atlético-PR desta quarta-feira tem diferenças políticas, e o resultado mexerá com a tabela do Brasileiro.
Janeiro de 2018. Ainda incrédulo com os rumos que tomou a eleição do Vasco horas antes, o candidato derrotado Julio Brant recebe uma inesperada ligação com DDD 41 (Curitiba). Do outro lado da linha está Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR, que faz questão de ligar para mostrar sua indignação e perplexidade com o fato de seu antigo desafeto Eurico Miranda, hoje presidente do Conselho de Beneméritos vascaíno, ter participado diretamente da manobra entre os conselheiros que colocou Alexandre Campello como novo presidente do Cruzmaltino.
O episódio foi apenas mais um que exemplifica as diferenças políticas de dois dos dirigentes mais polêmicos do país e que dimensiona a relação complicada entre os clubes que se enfrentam nesta quarta-feira, às 19h30, na Arena da Baixada (PR), tentando se afastar da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Ano passado, por exemplo, Eurico – ainda como presidente do Vasco – puxou a votação na CBF para tentar banir os gramados sintéticos na competição nacional. Foi preciso então muito jogo de cintura por parte de Petraglia nos bastidores para que a Arena da Baixada continuasse com esse piso esta temporada.
Já em 2018, foi a vez de Petraglia tomar uma decisão política que fez torcer o nariz não só de muitos vascaínos como também de torcedores e dirigentes de outros clubes: o projeto de “torcida única”, criado pelo Ministério Público do Paraná em parceria com o Furacão, onde não se prevê espaço destinado aos visitantes.
O vascaíno que quiser ir ao jogo desta quarta-feira deverá fazê-lo comprando ingressos em qualquer área do estádio e não poderá se fazer presente com camisa ou adereços do Vasco.
No jogo entre Atlético e Flamengo, por exemplo, os próprios atleticanos indicaram o setor Coronel Dulcídio superior como um local informal aos visitantes. Entretanto, a rivalidade entre os torcedores do Furacão e os vascaínos desde os episódios em São Januário, em 2004, e em Joinville, em 2013, deixará o ambiente em alerta.
Nos bastidores, Petraglia assume que seu plano é de não liberar espaço aos visitantes como praxe na Arena – o Atlético tampouco tem solicitado ingressos para seus torcedores quando joga longe de Curitiba.
Além dos bastidores quentes, o jogo é de grande expectativa também em campo. Tanto Atlético quanto Vasco se apoiam nos dois jogos a menos que ambos têm em relação a maioria dos clubes no Brasileirão para projetar uma reação na tabela.
O Furacão, que está invicto há sete partidas (incluindo jogos pela Copa Sul-Americana), conseguiu deixar a zona de rebaixamento após 10 rodadas e vê no duelo direto a chance de ganhar terreno.
“Tem que pensar jogo a jogo. Se pensar em outro objetivo além disso, fica muito distante. Agora é subir de posição, consolidar uma posição fora da zona de rebaixamento e depois subir casa a casa”, disse o técnico Tiago Nunes.
O Vasco, que vem de vitória sobre a Chapecoense por 3 a 1 e ocupa a 13ª colocação, promoverá a estreia de um velho conhecido dos atleticanos: o treinador Alberto Valentim, que como jogador foi ídolo do clube.
Ele chegou ao Rio de Janeiro na noite da última segunda-feira após desligamento conturbado do Pyramids, do Egito, e viajou para Curitiba (PR) no dia seguinte, onde se encontrou com a delegação cruzmaltina e se apresentou pela primeira vez pessoalmente aos jogadores. Na parte da tarde, comandou uma atividade já no local da partida e lembrou com carinho Furacão.
“É um clube que tenho muito carinho. Encerrei minha carreira aqui. Meu último jogo antes de ir para o Egito foi aqui. Vamos ter de trabalhar bastante nesse jogo, os jogadores vão ter de se doar. É sempre diferente vir aqui. Meu filho nasceu aqui”.
Uol