Hugo Moura comemora melhor fase da carreira e manda recado ao Atlético-MG

Volante do Vasco da Gama, Hugo Moura tem vivido grande momento com a camisa do Cruzmaltino na atual temporada.

Hugo Moura em ação pelo Vasco
Hugo Moura em ação pelo Vasco (Foto: Leandro Amorim/Vasco)

Aos 26 anos, Hugo Moura acredita estar vivendo a melhor fase da carreira. É titular no meio de campo do Vasco, vem colecionando boas atuações, conquistou o carinho da torcida e tem pela frente uma semifinal de Copa do Brasil para disputar. Ainda bem que ele não levou adiante a ideia de desistir do futebol.

Hugo e sua família são de Lídice, um pequeno distrito de Rio Claro, cidade a cerca de 100 quilômetros de distância do Rio de Janeiro. Ele foi descoberto em uma peneira do CFZ e, depois, foi para o Flamengo. Mas decidiu interromper a busca pelo sonho de virar jogador porque não aguentava mais as 5h que passava na estrada todos os dias para ir treinar e voltar para casa. Hugo tinha entre 14 e 15 anos.

O avô Edno, taxista, levava o neto nos treinos. O atual volante diz que decidiu abrir mão de tudo quando se deu conta do tamanho do esforço que a família de origem humilde fazia.

– Eu via que a gente estava com muita dificuldade, mas meu avô e meu pai não demonstravam porque eles queriam que eu chegasse no profissional. Eu tomei essa decisão (de desistir) na minha vida, que foi difícil, mas foi porque eu estava vendo o sofrimento deles. Eles não em passavam isso, mas eu estava vendo – contou em entrevista ao ge.

“Meus amigos eram todos de Lídice, minha família, eu ia ter que deixar eles lá. Eu não gostava disso”.

Hugo Moura ficou um ano inteiro afastado do futebol, para a frustração do avô. “Ele ficava ligando para os pais dos amigos que jogavam comigo na base para me convencer a voltar, pedia para conversarem comigo”. O Flamengo fez coro pelo seu retorno, embora fosse difícil encontrá-lo porque a casa onde ele morava não tinha telefone. A ligação era sempre para um vizinho, um parente…

Foi difícil, mas Hugo entendeu que o sacrifício dele e o da família seriam recompensados.

– Meu avô foi fundamental para mim, na minha carreira. Chego a me emocionar quando falo dele – diz o volante, que tem o rosto de Seu Edno tatuado no braço direito.

– A gente sabe que não é muito fácil acontecer isso, de morar longe, de vir para cá, deixar eles lá, os amigos. Eles estão muito orgulhosos e eu fico muito feliz de proporcionar essas coisas para eles. Os clubes pelo quais passei, os títulos que ganhei, hoje aqui no Vasco, eu dedico tudo a eles, eles que fizeram tudo isso por mim.

Hugo completou sua formação no Flamengo e fez parte do elenco de 2019, ano mágico do clube. Foi emprestado ao Coritiba, depois vendido ao Athletico, onde foi finalista da Libertadores de 2022. E hoje vive a melhor fase da carreira com a camisa do Vasco.

– Creio eu que é um dos melhores momentos da minha carreira, estou muito feliz de vestir essa camisa. Joguei muitas vezes contra o Vasco, então a gente sabe o que a torcida pede, o que o clube pede. Acho que tem que ter vontade aqui, nunca desistir. Sei que o jogo em São Januário para o adversário é muito difícil ganhar do Vasco – disse.

“Eu entendi muito rápido o que é jogar no Vasco da Gama”, concluiu.

A volta por cima de Hugo Moura

Hugo chegou ao Vasco por ordem do então técnico Ramón Díaz, que pedia urgência na contratação de um volante. Curiosamente, ele fez apenas dois jogos sob o comando do técnico argentino.

O jogador a princípio foi emprestado pelo Athletico, mas a obrigação de compra foi disparada por uma meta muito simples estipulada no contrato: ser relacionado para cinco partidas. Portanto, o Vasco vai ter que desembolsar R$ 10 milhões a partir de janeiro pela transferência em definitivo.

Sua estreia com assistência para o gol de Vegetti no clássico contra o Fluminense, apesar da derrota por 2 a 1, animou a torcida. Só que, três jogos depois, Hugo viveu o que ele define como seu pior momento como jogador de futebol: a expulsão na derrota para o Athletico, seu ex-clube, em Curitiba. Com um a menos, o Vasco perdeu o jogo por 1 a 0.

“Cara, eu sofri demais. Não só eu, como toda minha família sofremos demais naquele lance”.

– Saí do campo com 30, 35 mil pessoas gritando meu nome, eu saindo de campo expulso. Mas o futebol faz o jogo virar muito rápido, é muito dinâmico. Mas você tem que estar preparado. Porque, se eu chego contra o Athletico aqui e boto na minha cabeça que vai acontecer tudo de novo, não iria dar certo.

Ele se refere aos três jogos recentes que o Vasco fez contra o Athletico: um pelo returno do Brasileirão e dois pelas quartas de final da Copa do Brasil. Hugo tomou conta do meio de campo nas três partidas, em especial na ida do mata-mata, em São Januário, quando fez o gol da vitória por 2 a 1. Para ele, sua melhor atuação com a camisa cruz-maltina.

– A gente sabe que tem uns que falam “ah veio do Flamengo, veio do Athletico, preto e vermelho, rubro-negro…”. Às vezes eles ficam em dúvida sobre o que a gente pode entregar dentro de campo – pontuou Hugo.

– Muitas coisas me ajudaram nessa retomada contra o Athletico, eu sei que aquele lance não significa quem eu sou. Aconteceu, foi um aprendizado na minha vida. Mas não é fácil jogar em rival (risos). Fica muita dúvida, as pessoas acham “ah, você errou o lance porque já jogou lá”, mas não é assim. Eu sempre vou honrar a camisa do clube que eu passar porque é o clube que pode mudar minha vida, vida da minha família, do meu filho. Então vou dar a vida por essa camisa que estou vestindo hoje, que é a do Vasco – concluiu.

“Vão sofrer no nosso caldeirão”

Hugou contou que Rafael Paiva pede para que ele constantemente pise na área.

– Ele dá liberdade para chegar na frente, pisar na área para fazer o gol. Ele fala que vai sempre sobrar uma bola – revelou o volante.

– Você vê no lance do gol do Vegetti contra o Athletico, o Piton faz o cruzamento, eu vou para a frente do Thiago Heleno, ele não sabia onde marcar. A bola foi e o Vegetti fez o gol. Então dificulta muito para a linha de defesa do adversário – completou.

A classificação para as semifinais da Copa do Brasil reforçaram um espírito de resiliência e de luta desse time do Vasco, que buscou a virada no primeiro jogo contra o Athletico e foi atrás do gol que levou a decisão para os pênaltis em Curitiba depois de estar perdendo por 2 a 0 (e com um jogador a menos).

É com esse espírito que o Vasco vai enfrentar o Atlético-MG na semifinal. O primeiro jogo, na Arena MRV, será na próxima quarta-feira.

– A gente está com o pensamento positivo demais nessa Copa do Brasil por tudo que a gente vem construindo. A gente sabe que é um jogo difícil, vamos enfrentar uma equipe de primeira do futebol brasileiro, mas a camisa do Vasco é muito pesada, a gente sabe disso. Vamos dar o nosso melhor para conquistar esse objetivo porque o clube merece, a torcida merece e todos nós do grupo merecemos também ser campeões. E levantar um pouco a nossa moral, a moral do clube, dos torcedores, que vêm de muita luta e muita batalha nesses anos que não foram fáceis Vamos fazer de tudo para dar alegria a eles – disse, antes de avisar:

– Não vai ser um jogo fácil. Temos que encarar de igual para igual lá porque, quando vierem aqui para o nosso caldeirão, a gente sabe que eles vão sofrer também.

Fonte: Globo Esporte

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