Fonseca sugere que Alerj se preocupe com a questão Maracanã em vez da SAF
Presidente do Conselho Deliberativo criticou a Alerj em relação à ação que pede mais transparência da 777 Partners na SAF do Vasco da Gama.
O Vasco deu na noite desta quinta-feira mais um passo importante no rito de aprovação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) com a apresentação da 777 Partners de detalhes da proposta ao Conselho Deliberativo. A falta de transparência é o principal argumento de uma ação impetrada pela Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), mas o presidente do conselho vascaíno enxergou ”certo exagero” nisso.
Carlos Fonseca conversou com jornalistas após a reunião realizada na Sede Náutica do Vasco, na Lagoa. Ele conta que não se debruçou sobre os detalhes do processo, que pede uma liminar para impedir a realização de qualquer votação com relação à SAF, e traçou um paralelo com o recente desentendimento do Vasco com o consórcio que administra o Maracanã.
– Vou cometer um impropério porque eu não vi a ação, só me preocupei mesmo com o ”pode ter a reunião ou não pode?”. Me disseram que poderia, mas eu não tenho o conhecimento do contexto. Aí agora dando a minha opinião: me parece um certo exagero a Alerj se preocupar com isso enquanto o Maracanã está sendo gerido da forma como está, com o impedimento de um clube do tamanho do Vasco de utilizar um bem que é público e que sempre foi utilizado – cutucou o presidente do Conselho Deliberativo.
”Talvez os nobres parlamentares devessem se preocupar um pouco mais com a questão geral e não com uma associação. Porque, no fundo no fundo, o Vasco é uma associação que diz respeito aos seus associados. E, se estendendo muito, aos seus torcedores. Me parece que estão exorbitando um pouco de suas funções”, completou.
Carlos Fonseca também respondeu sobre o prazo para a aprovação, visto que a janela de transferências se abre no próximo dia 18. Existe uma urgência no rito para que o Vasco possa contar com o aporte financeiro da 777 Partners e contrate reforços.
O presidente do Conselho Deliberativo, no entanto, garante que isso não pautará o processo.
– A gente trabalha com a data a partir do dia 25 de julho (para a AGE). Se escorregar muito disso, a janela fica comprometida, porque tem que registrar, abrir CNPJ, contra no banco para poder contratar no novo CNPJ. A gente está ciente disso, temos urgência quanto a isso, mas não vamos cometer um atropelo sob pena de viciar o processo ou puxar uma votação que de repente diga não porque o sócio não está suficientemente esclarecido. Sempre tem que calibrar esse tipo de coisa. Eu quero que venha aqui conscientes do que querem, sabendo dos riscos e votem. Esse é o voto que interessa – afirmou Fonseca.
– Se der para aproveitar a janela cumprindo o rito, bacana. Se não der para aproveitar a janela cumprindo o rito, vai ser feito no tempo que o rito necessitar. Pode ter medidas alternativas? Imagino que possa. Cabe à diretoria administrativa descobrir quais são e realizar – acrescentou ele.
”A janela não pode ser uma faca na cabeça ou no peito do vascaíno para votar porque a janela vai fechar. De novo, não é esse o voto que eu quero”, concluiu.
Veja mais da entrevista de Carlos Fonseca:
Reformas de São Januário
– Eu prestei muita atenção e conheço algumas coisas do que foi negociado. O que eu vi: a 777 tem interesse que São Januário seja ampliado, ela entende que tem um potencial. Parte desse crescimento de receita pode vir de um estádio com mais lugares, com melhor acessibilidade. E isso pode trazer mais receitas. Ela quer que o estádio seja reformado. Por eles? Não necessariamente, mas pode ser por eles, pode ser pelo próprio clube ou pode ser por um terceiro. Para cada modalidade dessa foi prevista uma opção. Eles podem pegar um outro estádio? Não, tem o uso de 25 anos e o Vasco tem que estar em São Januário, eles não podem desvincular.
Balanço da reunião
– Acho que foi um bom primeiro passo para que a gente pudesse iniciar o debate, agora é oficial. A 777 veio aqui com seus principais personagens e formalizou a proposta para o clube. A gente tem ali uma tensão entre o que é transparência, se mostrar os contratos ou só os pontos principais… A tensão vai continuar existindo. É um contrato resguardado por sigilo comercial, mas quem pegar o contrato para ler talvez tenha uma certa decepção porque são páginas e páginas para falar o que todo mundo já sabe. A intenção é que não tenha novidade mesmo, a intenção é que a coisa esteja clara. Acho que dá para melhorar? Acho, acho que tem coisas que precisam ser mais mastigadas. Achei saudável o e-mail que a diretoria disponibilizou para que o vascaíno tenha a oportunidade de colocar seu questionamento para a gente responder a maior quantidade possível de dúvidas.
Dúvidas a serem respondidas
– Eu não queria que virasse hoje um debate de perguntas e respostas. Queria que as dúvidas fossem levantadas. Talvez por isso tenha saído esse e-mail de dúvidas, eu quero dúvidas. Não quero responder o que todo mundo já sabe. Isso é importante, a quantidade de perguntas que se faz sobre um determinado tema é importante. Mas eu gostaria que a diretoria pegasse essa dúvida e viesse aqui com respostas para essas perguntas. Acho que é por aí.
Pagamento das dívidas: aporte da 777 ou recurso de dividendos?
– São três empresas completamente distintas: o Vasco, a 777 e vai ter a SAF Vasco. O Vasco coloca nessa sociedade o seu potencial de geração de receita, e a 777 coloca nessa empresa o investimento, o dinheiro. Esses dois itens, somados, vão gerar uma capacidade nova de receita. Vai valorizar o time. Valorizando o time, crescem as chances de competir. Crescendo as chances, você eventualmente ganha. Ganhando, ganha receita de premiação… Esses recursos que o Vasco vai gerar com essa mistura é que pagariam a dívida. A 777 não vai tirar dinheiro do próprio bolso para pagar a dívida, o dinheiro do pagamento vai sair desse misto de operação com aporte.
E se a SAF eventualmente não der lucro? Quem paga essa dívida?
– A dívida é ao longo do tempo. O Vasco passou recentemente por dois processos muito importantes. Um foi o RCE, todas as dívidas foram complicadas num grande programa de refinanciamento. E isso vai ser pago em 10 anos. Como? A SAF, por força de lei, vai ter que mandar 20% da receita dela para pagar o RCE. Se em seis anos amortizar pelo menos 60%, ganhasse mais quatro anos para pagar os 40% restantes. É um prazo limite de 10 anos para pagar. E se quiser acelerar o pagamento? Por lei, pode ser acelerado se o credor der desconto na dívida. Vai ter dinheiro para pagar isso? Isso é gestão de fluxo de caixa. O RCE é um pedaço da dívida do Vasco, o Vasco tem outras dívidas. De antecipação de programa de sócio, que são dívidas de giro. Você tem a dívida tributária, que também é a longo prazo. E outras dívidas gerais, de manutenção, enfim. Como vai ser pago isso? Eu não sei, só sei que o dinheiro sai dessa mescla. Isso com o passar do tempo vai se fundir e vai se tornar o Vasco da Gama Sociedade Anônima do Futebol.
Quando entra o aporte?
– O valor da SAF é R$ 700 milhões. 70 já foram, tem mais 630. Esses R$ 630 milhões serão aportados em três anos a partir da assinatura. Assinou, vai constituir a empresa, tem todos os trâmites legais. Isso leva uma semana, duas… Depois com a empresa aberta, vai fazer a contra-corrente. Aberta a conta, vai entrar o primeiro aporte de recursos. Estou sendo aqui supertransparente.
O quanto vocês ainda podem mostrar do contrato?
– Acho que tem mais dados. A comissão tem que ver esses dados, as perguntas dos vascaínos vão ser fundamentais para responder as perguntas que precisam ser respondidas. A comissão está aí para provar que não tem ninguém mentindo, tem uma comissão olhando o contrato. Eles podem eventualmente dizer que é ruim, mas o que está sendo dito está no contrato. É um juízo de valor possível.
Acordo pode ser desfeito a qualquer momento?
– É um acordo comercial, são duas empresas que estão decidindo, juntas, criarem uma nova empresa. A partir do momento em que a empresa existe no mundo jurídico, ela está sujeita às possibilidades jurídicas legais. Quais são? Falência, venda, um sócio pode sair, pode ser uma venda amistosa, litigiosa. Você vai estar dentro desse mundo sujeito ao que qualquer outra empresa está, desde o botequim, que está na moda (risos), até a grande holding internacional. O acordo não pode ser desfeito. A empresa foi criada, o bebê nasceu. A partir daí o que vai acontecer naquela empresa é uma discussão entre os sócios.
Fonte: Globo Esporte
Por que a Alerj não se mexeu quando a dívida do Vasco só aumentava? Sabe p que o Sr. Eurico Miranda ia fazer?
Mandar eles pra pqp.
Por isso não se mentiam no Vasco. Estão igual ao stf.