Fernando Diniz e Tchê Tchê voltam a trabalhar juntos após atrito

Fernando Diniz e Tchê Tchê voltam trabalhar juntos quatro anos após bronca pública, quando estavam no São Paulo.

Tchê Tchê em treino do Vasco
Tchê Tchê em treino do Vasco (Foto: Matheus Lima/Vasco)

O acerto de Fernando Diniz com o Vasco significa um reencontro esperado no futebol brasileiro: quatro anos depois de sua saída do São Paulo, o treinador voltará a trabalhar com Tchê Tchê, jogador com quem coleciona passagens marcantes, para o bem e para o mal.

No episódio mais conhecido, em 6 de janeiro de 2021, durante derrota do São Paulo para o Bragantino pelo Brasileirão, Diniz xingou Tchê Tchê aos gritos.

– Seu ingrato do c…, seu perninha do c…, seu mascaradinho. Vai se f…

Na ocasião, o volante havia reclamado com o treinador dizendo que os jogadores costumam retrucá-lo durante o jogo – e perguntou por que ele não poderia fazer o mesmo. Diniz, então, explodiu.

Naquele momento, o São Paulo liderava o Brasileirão de 2020, que só acabou em fevereiro de 2021. A partir daquele jogo, o Tricolor engatou uma sequência ruim e terminou na quarta colocação. Diniz foi demitido antes mesmo do fim do torneio. Em entrevista recente ao ge, o treinador garantiu que o episódio foi resolvido logo depois e não teve papel determinante na queda de produção da equipe.

— As pessoas às vezes associam alguma coisa com o incidente do Tchê Tchê, mas não foi isso. Foi uma coisa que no outro dia estava tudo ok. Como time, a gente já tinha resolvido essa questão. Eu acho que essa questão da mudança da direção naquele momento foi uma coisa que pesou, mas não foi só isso. É difícil explicar. O time perdeu confiança e depois não é que foi caindo, estava assim (para cima) e foi assim (para baixo). Eu não consigo explicar.

Quatro dias depois da partida em 2021, Diniz havia admitido publicamente o erro.

— Foi um erro que cometi, pedi desculpas para o Tchê Tchê pela exposição e para o time.

Cinco meses depois do episódio, Diniz e Tchê Tchê se reencontraram em campo, em lados opostos. O técnico estava no Santos. O meia, por sua vez, havia ido para o Atlético-MG. Em um jogo pelo Brasileirão, o treinador tomou a iniciativa de chamar o atleta no gramado logo após o apito final. O técnico abraçou o volante, que inicialmente relutou, mas depois aceitou o gesto de carinho. No fim, a conversa terminou de maneira bem amistosa.

– Minha relação com ele é bonita mesmo, autêntica. E em relações há deslizes. A minha relação é muito mais que aquele deslize. É ela que fica. Hoje foi espontâneo e posso falar isso. Minha relação é imensamente maior do que aquilo que quiseram recortar e vender. Uma parte muito pequena do real – afirmou Diniz, em coletiva após o jogo.

Dois meses depois do reencontro público, no entanto, Tchê Tchê falou pela primeira vez sobre o ocorrido. O meia disse, em entrevista ao canal “Podpah” que ficou com uma “raiva incontrolável” depois de ser xingado por Diniz e classificou o episódio como “desnecessário”.

— Primeira e última vez que vou tocar nesse assunto. Eu fui criado de uma maneira de sempre respeitar as pessoas, nunca xinguei ninguém. Tanto que no episódio eu poderia ter virado e xingado, mas não. Simplesmente mantive a minha postura, que é a que eu tenho no dia a dia. (…) Mas isso fez mal não foi só para mim. Você chegar em casa, todo mundo mal, seu pai te ligar chorando. É totalmente na contramão dos princípios que eu fui criado. Não sou mala, não sou perna, não sou arrogante. Ele (Diniz) foi mal naquilo, ele foi mal.

— Não foi um negócio saudável pra mim. Eu fiquei com muita raiva. Uma raiva incontrolável. E daí que eu falo que Deus é muito bom, porque no final das contas eu agi da maneira certa e as coisas continuaram dando certo para mim. Eu não precisava virar para o cara e xingar. Eu não fui criado assim. Do mesmo jeito que eu não sou um ‘mala’, eu não sou um cara desrespeitoso. O cara (Diniz) me conhecia, tinha uma ligação forte, então acho que foi uma coisa desnecessária – desabafou.

Tchê Tchê ainda revelou que esperou um posicionamento de alguém do São Paulo. Ele afirmou que não se posicionou oficialmente na época para não ficar marcado pelo caso, como alguém que brigou com o treinador e atrapalhou o clube na conquista do título do Brasileirão.

— Eu falei, ‘não vou me posicionar’. Esperei que alguém falasse por mim. Eu não me sentia à vontade. Ninguém me protegeu no clube, ninguém tomou a frente no ‘bagulho’. Simplesmente, “ah, aconteceu, é o pai dele”, tá ligado? Eu não tenho pai nenhum no futebol. Eu fiz o bagulho acontecer desde o início. Ninguém fez favor para mim.

Nem só da briga pública viveu a relação entre Diniz e Tchê Tchê. Em 2016, o treinador comandou o Audax-SP e levou a equipe para a decisão do Campeonato Paulista, na qual foi derrotada pelo Corinthians. O volante era um dos destaques do time. Depois do vice, o atleta foi contratado pelo Palmeiras e teve uma carreira de sucesso no Brasil, sendo quatro vezes campeão brasileiro e conquistando a Libertadores e a Copa do Brasil uma vez cada.

Em 2017, em entrevista à TV Gazeta, Diniz contou que recebeu uma declaração do jogador ao entregar a Tchê Tchê um prêmio de melhor volante do Brasileirão, competição que o meio-campista conquistou com a camisa do Palmeiras.

— Eu vim de última hora para o Troféu Mesa Redonda e foi algo muito legal. Na hora em que eu entreguei o prêmio para o Tchê Tchê, ele virou para mim e falou: “Pô, eu te amo, cara”. Nossa, cara, é algo que arrepia — contou o treinador.

Depois do Audax, Diniz e Tchê Tchê só trabalharam juntos no São Paulo. Quatro anos depois, o reencontro é no Rio de Janeiro.

Fonte: Globo Esporte

1 comentário
  • Responder

    São duas pessoas maduras acredito que isso já foi superado, o que aconteceu entre os dois já ficou no passado, vida que segue.

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