Fábio Braz relembra passagem pelo Vasco e comenta parceria com Romário

O ex-zagueiro do Vasco da Gama, Fábio Braz, ainda falou sobre Valdiram, companheiro de time, que teve problemas com drogas e morreu em 2019.

Fábio Braz em ação pelo Vasco
Fábio Braz em ação pelo Vasco (Foto: Paulo Cruz/Agif/Folhapress)

Morando de favor na casa de um amigo em São Paulo, Fábio Braz tinha vergonha de ficar no apartamento sozinho enquanto ele trabalhava. Por isso, à base de pão de forma com manteiga e achocolatado, passava o dia inteiro treinando na rua e no Parque Ibirapuera. “Meu amigo ia trabalhar todos os dias 7h da manhã. Eu ficava sem graça de ficar dormindo na casa dele, de favor, durante o dia, e ia para o Ibirapuera treinar. Todos os dias corria e fazia exercícios no parque, sem parar. Em pouco tempo estava voando fisicamente”, lembra.

Até que o telefone tocou. Do outro lado da linha, dois grandes ex-zagueiros com uma oportunidade: jogar no Vasco da Gama.

“O Ricardo Rocha e o Alexandre Torres me ligaram, disseram que o Vasco estava com meu DVD, o Renato Gaúcho tinha gostado e queria me contratar. Precisava ir no dia seguinte para já jogar no fim de semana. Me perguntaram se eu estava bem fisicamente, nessa época que eu ficava na rua. Eu disse que sim, aceitei correndo”, conta.

Em dois jogos, já era titular e “salvava” Romário no Brasileirão. “Era uma quarta. Na quinta, eu já estava no Rio assistindo ao jogo do time, no domingo fui para o jogo contra o Paraná, no Pinheirão. Eles estavam muito bem, era aquele time do Thiago Neves e do Borges. Empatamos, foi um bom resultado. Fui bem no jogo, que terminou 0 a 0. No segundo jogo, em São Januário, contra o Brasiliense, ganhamos de 1 a 0, Romário perdeu um pênalti e eu fiz o gol da vitória. Meu contrato era de três meses. Depois, renovei por mais três. Aí renovei por seis. Depois duas vezes por um ano. Foram três anos de Vasco”, disse.

“Mais de 1002 rebotes” de Romário

“Um dia depois do treino, ele me ligou e falou: ‘zagueirão, me encontra aqui na Barra’. Fui correndo, né? [risos]”, se recorda Fábio Braz.

Assim começou a “maior amizade de sua vida”: com ninguém menos que Romário, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, que marcou 1002 gols. O ex-zagueiro diz que pegou mais “rebotes” do atacante do que o Baixinho colocou de bolas na rede.

“Nós moramos juntos, né? Imagina. [risos] Eu acompanhava o Romário, saía muito com ele. Nem sempre rebote, mas tinha muito. Mais de 1002 com certeza”.

O fim da trajetória, curiosamente, foi por excesso de treino. Novo técnico do clube, Celso Roth não gostou da atitude do zagueiro que corria no campo até escurecer e o afastou.

“O treino acabava e eu continuava no campo, correndo, fazendo exercício. Um dia, o Celso Roth me mandou sair do campo de tanto treinar. Eu disse que não sairia e fiquei até escurecer. Aí, depois desse episódio, ele começou a encrencar, fui afastado e acabei sendo colocado para treinar separado”, lamenta.

“Não botei uma gota de álcool na boca até os 30 anos. Acho que até por isso me dei muito bem com o Romário. A gente saía, curtia nosso som, o hip hop, que a gente gosta muito, mas não precisava de bebida.”
Fabio Braz, ex-zagueiro, sobre a relação com o Baixinho

“Saía para a night e bebia Coca Cola light. Hoje em dia, bebo um vinhozinho, um espumante, mas muito pouco. Fui beber a primeira vez com 30 anos, porque sabia que dependia do corpo para ser atleta.”

Como era a relação com Valdiram, morto em 2019

O primeiro jogador a ter contato com Valdiram no Vasco foi Fábio Braz. Viciado em crack, o atacante virou morador de rua e foi encontrado morto em 2019, espancado. “Eu morava no Leme e ele em Copacabana. Dava carona para ele. No primeiro dia, saímos depois do treino. Eu tomei um suco e ele foi beber. A gente sabia o que ia acontecer se ele não parasse. Dávamos muitos conselhos, tentávamos ajudar, mas ele não ouvia ninguém. Ele bebia muito, todos os dias, sem parar. Tinha vários dias em que sumia, não ia treinar, a esposa ia no clube procurar e ninguém sabia onde ele estava. Ele tinha amantes, era uma vida desregrada. Nenhum jogador consegue viver assim. Ele não ganhava tanto dinheiro e gastava tudo. Andava com maços de dinheiro na mão e não voltava com nada.”

No Brasiliense, companheiro do indisciplinado Jobson

Fabio Braz também jogou com Jobson no Brasiliense. Outro atacante, Jobson fez sucesso no Botafogo, mas também sofreu com dependência química ao longo da carreira. Chegou a ser preso e conviveu com problemas de indisciplina pelos clubes que defendeu. “Era diferente porque ele [Jobson] escutava. Era mais novo, e é um bom menino, não tinha muita cabeça, tinha os problemas que o Valdiram teve, mas ouvia os conselhos. Tinha momentos de tranquilidade. Mas basta um de loucura que compromete. Infelizmente. Os dois eram grandes jogadores que poderiam ter tido carreiras ainda maiores. Pelo menos o Jobson, hoje, está melhor de cabeça e não repetiu a tristeza que foi a situação da morte do Valdiram.

UOL Esporte

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