Elinton Andrade treinou em uma fazenda após deixar o Vasco em 2005

O goleiro Elinton Andrade deixou o Vasco em 2005 e teve que treinar em uma fazenda para dar uma reviravolta na história.

A carreira de Elinton Andrade ficou marcada pela acachapante goleada de 7 a 2 sofrida pelo Vasco pelo Atlético-PR em 2005. O que poucos sabem é o que o goleiro teve de realizar treinamentos em uma fazenda no interior de Braga, em Portugal, ao melhor estilo Rocky Balboa para dar uma reviravolta na história e viver o auge na França anos depois.

Apesar de ter o nome frequentemente ligado ao Vasco, Elinton disputou poucos jogos com a camisa do clube. Após deixar São Januário, em 2005, em baixa, o goleiro demorou para ter novas oportunidades. Até que o empresário ligou e ofereceu uma chance no exótico futebol vietnamita.

“Decidi que era o momento de tentar. Quando fui assinar o contrato, os caras inventaram que eu não podia levar minha esposa porque teria mulher para gente lá. Mudaram o acordo e pedi para ir embora. Na volta teve uma escala em Paris e decidi ficar por lá mesmo. Era dezembro de 2005. Meu empresário era italiano e decidi que não voltaria ao Brasil. Tentaria a sorte pela Europa”, disse Elinton ao UOL Esporte.

A decisão do goleiro passa por um indeferimento do governo português para um pedido de Elinton em tirar a dupla cidadania. Segundo o país, ele não teria o desejo concedido por não saber ler e escrever e por não ter emprego e onde morar. Foi então que ele entrou em contato com a família da sua ex-mulher que moravam em uma fazenda em Quinta de Calvelos, no interior de Braga.

Elinton Andrade pediu para morar com eles para enfim conseguir tirar a dupla cidadania. A permissão foi concedida, mas ele teria que ajudar com os afazeres da fazenda. O goleiro aproveitou, então, para trabalhar e treinar ao melhor estilo Rocky Balboa.

“Fazia de tudo um pouco esperando pela minha documentação. Foram seis meses em que virei agricultor. Fazia tudo. Plantei tomate, pepino, batata… eu nem como carne, mas tive que ajudar a matar um porco para a alimentação da família. Eu não tinha dinheiro, mas tinha força física”, afirmou ele.

“Eu treinava lá. Eu tinha um programa de treinamento. Estilo Rocky Balboa. Subia a montanha correndo, que era o meu treino de resistência. Fazia um circuito onde as ovelhas ficavam com uns engradados e repetia os movimentos que aprendi nos clubes. Batia bola na parede. Supino com malas que eu não desarrumei. Eu achava que tudo acabaria rápido, mas durou seis meses”, completou Elinton.

Demorou, mas saiu. Em meio a tudo isso, uma proposta do Ascoli o fez dividir espaço com Gianluca Pagliuca. Cada um jogava um tempo durante os jogos da pré-temporada e tudo corria bem. O problema é que a documentação não saiu a tempo e ele perdeu o tempo de inscrição. Sem clube, voltou ao Brasil já que atravessava problemas na vida pessoal e viu o fim de um relacionamento.

“Perdi tudo. Não tinha dinheiro, não tinha clube, não tinha mulher. O carro que tinha vendi quando fui para o Vietnã para ter um dinheiro lá. Até o quarto na casa da minha mãe eu perdi, virou uma academia. Voltei para casa da minha mãe para dormir na sala”, lembrou do momento e que apelou para a fé. 

“Entrei na igreja e pedi para ter um filho e voltar a jogar futebol profissional. Assim que sai de lá, meu telefone tocou. Era meu empresário com proposta do Moto Club, do Maranhão. Precisava voltar para o mercado e fui. Fiquei três meses e fui para o Duque de Caxias. Queriam contrato de um ano, mas falei de três meses porque iria para Europa. Fomos muito bem e pintou o contrato para a Romênia, no Arges Pitesti. Nesse meio tempo tinha voltado para a minha ex-mulher”, completou.

E foi justamente na Romênia o ponto de virada. Lá despertou interesse do Olympique de Marselha, onde viveu o auge da carreira. 

“Cheguei com um ano com opção de dois e logo com seis meses o Didier Deschamps renovou por três temporadas. Profissionalmente estava ótimo, mas familiarmente não. Acabei me separando da minha ex-mulher. Mas eu devia estar no Olympique até hoje. Eles me amavam, mesmo que eu não jogasse muito. Quem jogava era o Mandanda, que foi campeão mundial agora [reserva de Cortoui]. Mesmo no banco eu me entregava. Corria de um lado para o outro nos gols, era uma relação muito legal. Tricampeão da Liga, campeão da Copa da Liga, duas vezes campeão da Supercopa”, afirmou.

Voltou ao Brasil para ficar perto do filho Bernardo. Perdeu oportunidades de seguir carreira na Europa. Defendeu Náutico e Duque de Caxias, mas viu a carreira seguir um rumo inesperado. E ainda bem. Virou goleiro de praia e dos bons.

“Seleção brasileira e portuguesa me procuraram ao mesmo tempo. Pensei que era o momento de retribuir o passaporte português. De retribuir isso para a família que me adotou. Tive alguns conselhos e me decidi de vez por Portugal. Logo no meu primeiro jogo, contra a Hungria, marquei dois gols. Caí nas graças. As maiores emoções que tive foram no futebol de praia. Fui campeão do mundo, ganhei medalha de bronze na olimpíada europeia, chorei igual uma criança, ganhei título de melhor goleiro e jogador do mundo. São quatro anos de futebol de praia. Dinheiro zero, ganhei uma diária por evento e tal. Mas não é significativo. Agora começa o Carioca e os clubes me ligam, mas é muito difícil me tirar da seleção portuguesa. Tudo que o Cristiano Ronaldo tem, tirando o dinheiro, eu tenho. Viajo de primeira classe, hotel cinco estrelas”, finalizou.

Além do futebol de areia, Elinton tem uma empresa de alta performance na Barra da Tijuca. Lá ele capacita jovens a ingressarem e até mesmo atletas que estão sem espaço a retomarem a carreira. 

Uol

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