Diretor de vôlei repudia e trata agressão como ‘injustificável’
Telon Bernardes, diretor do vôlei de base do Vasco da Gama, comentou a agressão o técnico Andre Gava durante partida do Sub-17.
Diretor das categorias de base de vôlei do Vasco, Telon Bernardes falou sobre a agressão do técnico André Gava durante um jogo do sub-17. O treinador empurrou um de seus atletas e foi demitido logo após a partida .
Em entrevista ao UOL , o diretor — que comparaceu ao jogo em questão — criticou duramente a postura do treinador. Telon contorno ainda recebeu o apoio dos pais das atletas após demitirem o comandante.
‘A gente abomina isso. É inadmissível’
– Ele [André Gava] já tinha pensado. Naquele exato momento, o jogo estava pegado e a discussão era a permanência da menina agredida na quadra, a Bia, se ela ficasse ou não. Ele tinha dito que era para ficar, e não sei se outros tinham falado para sair. Parece que ela estava sem saber o que era para fazer, perguntaram para ela e, na atitude impensada, [o André] empurrou ela para estar dentro da quadra.
– Fui rigorosamente na demissão. Não negociei. A gente prega muito por isso, ainda mais o Vasco. Abominamos o desrespeito. Fiquei arrasado, totalmente destruído.
– É injustificável. Ele já estava meio nervoso com a arbitragem, se perdeu um pouco, e em ato impulsivo, deu aquele empurrão para [a jogadora] ficar dentro da quadra. A partir daquele momento, o juiz o desclassificou. Eu tive que apagar todos os incêndios.
– Ele ficou muito atordoado. Tem 20 anos de profissão, o grupo adora ele, mas a partir daquele momento, daquela cena, não tinha o que fazer. Pedi para que ele saísse da quadra. Naquele momento foi decretado WO Ele saiu da quadra, foi para os fundos. Me dirigi a ele, desliguei, pedi para ir para casa dele.
– O que me restou foi dar toda a atenção para os pais e para os atletas. Fiz uma reunião com as meninas e os responsáveis, coloquei-me à disposição. Algumas meninas quiserem falar. Expliquei que nossos valores não são negociáveis, respeito e dignidade. Recebi contrapontos dos próprios atletas, ‘a gente sabe que André errou, mas a gente gosta dele, foi um fato isolado’. Ele tem o grupo nas mãos. A partir daí tive que ser bem enfático, expliquei que não estava dando o direito para eles decidirem, que naquele momento eles talvez não entendessem, mas que ele já tinha sido desligado.
– O grupo de pais me apoiou integralmente, não esperavam outra coisa. Alguns pais até tiveram uma certa tolerância, entenderam que as filhas deles queriam a continuidade no André. Talvez estivessem chateadas comigo, mas os pais me deram razão. Coloca até o projeto em risco, pela gravidade disso.
– O pai [da jogadora agredida] veio falar comigo, teve empatia . A Bia nem estava muito sentida, a mãe [dela] disse que já conversou com o André, que não ia registrar nenhum tipo de BO por agressão, porque a maior tristeza é a consciência dele. Conheci ele. A Bia, a agredida, jogou [a segunda partida do dia], entrou em quadra como se nada tivesse acontecido.
– O cara [André Gava] saiu chorando, completamente desolado, sem direção. Estou preocupado com o profissional, enviei áudio chorando e se desculpando. É o projeto da vida dele, que jogou no lixo. Já trabalhou no Vasco há 13 anos, é vascaíno. Falei que o que ele fez foi grave, ele sabe disso. Ele nunca agrediu ninguém. Ele estava arrasado [depois do empurrão], sem chão. Quando falei pra que tinha que se retirar, ele aceitou. Abaixou a cabeça, falou: ‘nem sei o que te falar, o que aconteceu’.
O jovem projeto do vôlei
Os jogadores chegaram ao Vasco há três semanas e os pais já conheciam André Gava. O clube não tinha vôlei nesta categoria desde 2013.
Tanto os atletas quanto o treinador são encarregados de serviço, e não funcionários do clube. O tempo surgiu de uma parceria com o Grajaú e tem a chancela do Vasco.
Telon é diretor da base do vôlei há três meses. Ele foi nomeado por Pedrinho, presidente do Cruzmaltino.
Fonte: Uol