Defesa de tricolor agredido entra com recurso contra absolvição de 3 vascaínos
Integrantes de uma torcida organizada do Vasco da Gama foram acusados e absolvidos em julgamento no ano passado.
A defesa de Pedro Lucas Scudieri, o Scudi, entrou com recurso contra a decisão da Justiça que absolveu três dos quatro torcedores de uma organizada do Vasco acusados de agredirem o torcedor do Fluminense há cinco anos.
A agressão ocorreu em fevereiro de 2017. Scudi foi atingido com barras de ferro, chegou a ficar em coma induzido e passou 157 dias internado. O jovem precisou passar por diversas cirurgias e possui graves sequelas até hoje.
O ge teve acesso ao documento, que informa que mesmo depois de cinco anos, Scudi “ainda não movimenta o lado esquerdo do corpo, não consegue ficar em pé, mesmo parado, tem que se locomover com o auxílio de cadeira de rodas e, embora consiga falar, depende de uma dose de concentração do interlocutor para ser compreendido”.
O julgamento ocorreu em abril de 2021 no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e absolveu três dos quatro membros de uma torcida organizada do Vasco acusados de agredir o torcedor do Fluminense.
Diego Augusto Carvalho Ribeiro, Diogo Gabriel de Souza e João Victor Correia Giffoni Hygino haviam sido denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) por tentativa de homicídio triplamente qualificada e associação criminosa. Eles estavam em prisão preventiva e foram liberados.
O caso voltou à tona no início desse mês, quando membros da mesma torcida organizada vascaína ameaçaram tricolores em uma rede social. Nas postagens com promessas de agressão, se vangloriam: “Pedro Scudieri deixou saudades”. A defesa do jovem anexou ao documento prints com algumas das declarações.
O Fluminense tem acompanhado o caso de Scudi e dado suporte à família. Na época da absolvição, o presidente Mário Bittencourt lamentou a decisão.
– Fiquei bastante triste com o que li (na sentença), por ser amigo do Scudi e acompanhar a luta dele de perto… É uma sentença muito pouco fundamentada. Falei com a mãe dele ontem à noite. Ela está muito triste com o que aconteceu. Disse a ela que tenha forças, que o Fluminense e toda nossa torcida, que ama o Scudi, ainda vamos ajudá-lo bastante – disse o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, em participação na FluTV em 2021.
Na época, a sessão foi presidida pelo Juiz Gustavo Gomes Calil, na 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A própria Promotoria de Justiça requereu a absolvição dos réus por “insuficiência de provas de autoria quanto à tentativa de homicídio e ao crime de incitação à violência, bem como a absolvição por ausência de materialidade do crime de associação criminosa”. Na sequência, o júri do Conselho de Sentença, formado por sete pessoas, votou a favor da absolvição.
A Bravo 52, torcida organizada do Fluminense a qual Scudi faz parte, se mostrou indignada com a decisão da Justiça na ocasião.
“Brasil o país… da impunidade! Com alegação de falta de provas, a Justiça concedeu absolvição dos acusados. A Bravo 52 não desistirá e lutará até o final! São mais de quatro anos de batalha do nosso amigo, um trauma que ficará para sempre em nossas vidas. Um resultado absurdo que comprova a vergonha que é o nosso país. Agradecemos o apoio e torcida de todos. Voltaremos ainda mais fortes! Contamos com vocês!”
A página da FJV Oficial, por sua vez, postou a seguinte mensagem: “É longa, mas não é perpétua”. Nos comentários, alguns usuários comemoram a notícia. A publicação foi apagada e o perfil fechado ao público na sequência.
Scudi foi agredido em fevereiro de 2017 após voltar de uma partida entre Fluminense e Portuguesa-RJ, em Xerém. Ele estava em um ponto de ônibus próximo do Maracanã após guardar materiais da Bravo 52, torcida do Fluminense, com amigos. Segundo a denúncia, membros da Força Jovem Vasco que passavam pelo local tentaram interceptar os carros em que estavam os amigos de Scudi. Sem sucesso, viram o torcedor sozinho no ponto de ônibus e o atacaram.
Fonte: Globo Esporte