Cruzeiro jogará sequência do Brasileiro sem torcida; Raposa encara o Vasco dia 22
Cruzeiro e Coritiba foram punidos preventivamente pelo STJD com 30 dias sem torcida no estádios como mandante e visitante.
Coritiba e Cruzeiro foram punidos preventivamente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e vão jogar sem torcida nos próximos 30 dias – ou seja, até o fim do Campeonato Brasileiro. O presidente do STJD, José Perdiz, acatou, nesta quinta-feira, um pedido feito pela Procuradoria-Geral devido à briga de torcedores dos times ocorrida no último sábado, na Vila Capanema.
No sábado, torcedores dos dois clubes invadiram o gramado da Vila Capanema e protagonizaram uma guerra campal. O jogo precisou ser paralisado e foi retomado após quase 40 minutos.
Com a punição, Coxa e Raposa não contarão com o apoio da torcida tanto nas partidas como mandante quanto visitante.
No pedido, Perdiz também determinou que eles percam a carga de ingressos como visitante. Além disso, ele indeferiu o pedido de interdição da Vila Capanema – local no qual a partida foi disputada – e também não aprovou o afastamento das organizadas de Coritiba e Cruzeiro.
O Coritiba tem mais quatro jogos na Série A, sendo dois em casa e dois fora. Já o Cruzeiro ainda faz mais seis confrontos – a direção celeste já suspendeu venda de ingressos para jogo contra o Vasco, marcado para 22 deste mês.
O STJD já tinha feito tal medida preventiva nesta Série A contra o Vasco e o Santos por conta de confusões nos estádios. Depois, com julgamento e recursos, o time carioca foi punido por quatro partidas com portões fechados, enquanto a equipe paulista recebeu dois jogos.
Veja o despacho do presidente do STJD
Por todo o exposto, defiro, parcialmente, os pedidos liminares da Procuradoria, para determinar que os próximos jogos cujos mandos de campo sejam do Coritiba/SAF, bem como aqueles que sejam do Cruzeiro/SAF, válidos pelo Campeonato Brasileiro Série A 2023, ocorram com os portões fechados (artigo 175, §2º do CBJD c/c artigo 79 do RGC), suspendendo, outrossim, o direito de ambas as agremiações de adquirirem para suas respectivas torcidas, carga de ingressos de visitante, até o julgamento da futura denúncia a ser protocolada pela Procuradoria por uma das comissões disciplinares do STJD.
Quanto ao pedido de interdição do estádio Durival Britto e Silva, indefiro a interdição do mesmo vez que os jogos do Coritiba SAF como mandante não são realizados rotineiramente em suas dependências, sendo a realização permitida no jogo em comento em face da realização de um show musical no seu estádio originário, ressaltando que todos os estádios aptos a receberem partidas do campeonato brasileiro foram alvos de vistorias prévias custodiadas por regras da CBF.
Dessa forma, em uma cognição sumária, deixo de interditar o estádio Durival Britto e Silva, mas, caso uma vistoria ou fatos novos demonstrem a incapacidade da citada praça desportiva em receber jogos, volto a analisar a possibilidade de sua interdição.
Por fim, quanto ao pedido de afastamento das torcidas organizadas do Coritiba SAF “IMPÉRIO ALVIVERDE e MANCHA ALVIVERDE”, e “MÁFIA AZUL” e “PAVILHÃO INDEPENDENTE”, ambas do Cruzeiro SAF, indefiro a pretensão, diante do seu total descabimento e incompetência da justiça desportiva.
A uma porque torcedores e torcidas organizadas não constam do rol taxativo do artigo 1º, §1º do CBJD, não sendo, portanto, jurisdicionados deste Tribunal.
A duas, porque a competência para providências desta natureza é do Ministério Público, sendo, ainda, notório que o órgão não está olvidando de seu dever, pois conforme informações divulgadas na imprensa nacional[2] o parquet dos estados do Paraná e Minas Gerais estão estudando providências cabíveis dentro da competência do Poder Judiciário.
As poucas vezes que o STJD puniu clubes infratores apenas com a interdição parcial dos estádios, vedando a ocupação dos espaços reservados para as torcidas organizadas, constatou-se a pouca efetividade e baixo poder pedagógico para inibir novas práticas de violência. Razão pela qual a medida mais eficaz demonstra ser a aplicação dos “portões fechados”, apesar de saber do enorme prejuízo causado aos clubes e a própria competição em si.
Devolvam-se os autos à Secretaria para que esta faça a autuação da presente Medida Inominada e novamente abra vista à Procuradoria da súmula e documentos pertinentes da partida em comento.
A presente medida liminar terá o prazo máximo de vigência limitado aos 30 (trinta) dias previsto no artigo 35, §1º do CBJD ou até o efetivo julgamento da denúncia por uma das comissões disciplinares do STJD.
Intimem-se a Procuradoria e as equipes, citando-se estas últimas, para que, querendo, apresentem, no prazo legal, suas respectivas defesas.
Denúncia e possíveis punições
Coritiba e Cruzeiro também foram denunciados pela Procuradoria do STJD, e ambos correm risco de perderem até 20 mandos de campo. O julgamento dos clubes em primeira instância ainda não tem data marcada.
Os times foram denunciados no Artigo 213, incisos I e II do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Cada um dos incisos prevê perda de até dez mandos de campo, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Em caso de perda de mando, o Artigo 73 do Regulamento Geral de Competições da CBF em 2023 prevê que o time deverá jogar um estádio que esteja, no mínimo, 100 quilômetros distante da cidade-sede do clube – Curitiba e Belo Horizonte, neste caso.
No início da semana, a Polícia Militar suspendeu o laudo de segurança de liberação da Vila Capanema, palco da partida. Além disso, a torcida organizada Império, do Coritiba, está impedida de entrar nos estádios do Paraná e vai responder a um inquérito aberto pelo Ministério Público do Paraná.
Invasão e briga
A briga aconteceu após Robson marcar o gol do Coxa, aos 45 minutos do segundo tempo. Logo em seguida, a torcida do Cruzeiro saiu da área de visitantes e invadiu o gramado, em direção ao setor coxa-branca. Os torcedores do Coxa também entraram no campo.
A confusão generalizada durou cerca de quatro minutos, com os atletas dos dois times descendo para o vestiário. A pancadaria só parou com a chegada do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM-PR).
A arbitragem esperou cerca de 25 minutos e definiu que a partida seria retomada. O jogo parou com 45 minutos do segundo tempo e tinha seis minutos de acréscimos. Os portões da Vila Capanema foram fechados. Os torcedores que ainda estavam nas arquibancadas assistiram aos minutos finais. Quem saiu, não retornou. O jogo terminou 1 a 0 para o Coritiba.
Fonte: Globo Esporte