Cristóvão Borges se inspira na biografia de André Agassi

Para superar obstáculos, Cristóvão Borges se inspira na história do ex-tenista André Agassi.

Aos 52 anos, Cristóvão, técnico do Vasco, vive o momento mais importante da sua trajetória profissional desde que passou a comandar o time do banco de reservas. O AVC hemorrágico sofrido pelo amigo Ricardo Gomes deu ao baiano, de Salvador, a possibilidade de estreitar mais a relação de irmandade com o companheiro e ser o responsável por conduzir o clube ao bicampeonato da Copa Libertadores.

Morador da Lagoa, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, Cristóvão tenta amenizar a tensão pela importância do desafio jogando futevôlei com os amigos em uma rede na Praia do Leblon. Mas a grande inspiração do momento vem através da biografia do ex-tenista Andre Agassi, leitura que o motiva a superar ainda mais obstáculos do que os já ultrapassados no ano passado.

“A biografia do André Agassi é muito interessante. O cara passa coisas legais de saber. Ver as dificuldades, a história, tudo é bastante especial. É uma coisa de superação, ser campeão, e superar tudo. Ter a coisa do foco e sustentar um nível muito alto de competição. A luta contra as dores tem muito a ver com o que passamos. Leio e sinto o que ele quer dizer”, afirmou.

Em Atibaia, interior de São Paulo, cidade sede da pré-temporada cruzmaltina, o treinador conversou com a reportagem do UOL Esporte e falou sobre questões extra-campo que influenciam no seu trabalho. Em um papo descontraído, no qual o “campo-bola” ficou de lado, Cristóvão mostrou serenidade e motivação para levar o Vasco ao topo em 2012.

Confira a entrevista exclusiva:

– A importância da leitura no trabalho:

“Leio um pouco menos do que desejava depois dessas atribuições e a substituição ao Ricardo. Entramos em uma sequência de trabalho muito intensa. Fiquei com pouco tempo para fazer muitas das coisas que gosto. Ler, cinema, restaurante, música, praia…  Já me perguntaram sobre escrever um livro, mas nunca pensei. Tenho muitos amigos e me lembram bastante coisas. Minha memória é ruim. Não conseguiria escrever e ainda acho que perderia muita coisa se fosse fazer isso”.

– Eternizar o momento especial na carreira:

“Nunca pensei. O mais importante foi sentir a responsabilidade. Sabia que precisava dar respostas positivas. Vínhamos de conquistas e precisávamos dar continuidade. Vivi estressado com isso tudo. Um dia, quando fui visitar o Ricardo no hospital, vi um semblante bem natural, ali percebi que ele voltaria, foi uma sensação diferente. Me senti protegido e fiquei cada vez mais à vontade dali para a frente”.

– A paixão pela música:

“Gosto de MPB. Antes da viagem para a pré-temporada assisti ao show do Chico Buarque. Foi maravilhoso. Sou baiano e suspeito para falar. Adoro o Luiz Melodia, meu amigo, além de tudo ainda é vascaíno. Gosto muito, ouço música o tempo inteiro. O nordestino tem muito dessa coisa. Músicas que falam sobre desbravar, de sair para tentar a vida fora. A história de quem trabalha com futebol tem muito a ver com isso. Só não ouço muito nos dias de jogos. Fico em função do time, vendo os vídeos e preparando palestras”.

– Mudança de vida:

“Minha exposição aumentou muito. Até pelo destaque que o Vasco teve no Brasil. Fizemos jogos muito emocionantes e conseguimos atrair a atenção de torcedores independente do clube. Meus amigos dizem que atrapalho quando chego nos lugares (risos). As pessoas pedem fotos e autógrafos. O porteiro do meu prédio não pode me ver que puxa assunto de futebol. Os que torcem para o Vasco têm uma recomendação a dar. Muitos amigos flamenguistas torceram para a gente também”.

– Lazer com o amigo Ricardo Gomes:

“O que mais fazíamos juntos era jantar, até pelo fato de ele ter morado muito tempo fora do país, e ser um grande conhecedor de vinhos. Sempre fui na indicação dele. Isso é o que mais fazíamos e vamos voltar aos poucos a fazer de vez em quando. Durante esse tempo mesmo da recuperação saímos várias vezes. Um dia antes de viajar para Atibaia jantei com o Ricardo e o Poletto (preparador físico)”.

– Seleção Brasileira e frustração:

“Fui chamado em todas as convocações de 1989 e fiquei fora apenas na última, que foi a da Copa do Mundo de 1990. Foi muito marcante e achava que poderia ter sido convocado. Era um jogador experiente na época e estava atuando bem pelo Grêmio. Não foi nada que mexeu muito com a minha direção, mas sabia que poderia ter ido”.

– Principal jogador que atuou junto:

“Um dos caras que me impressionou mais foi o Valdo. Ele atuou até pouco tempo. Era impressionante. Jogamos juntos no time do Grêmio, que era bom demais. Talvez foi o melhor time em que joguei. Valdo, Bonamigo, Cuca, Jorge Veras… O Assis, irmão do Ronaldinho, estava subindo. Jogávamos em dois toques. Apelidaram de “Grêmio show”.

– Defensor do Nordeste:

“Não me considero. Vejo que minha terra não precisa de defensor. É mais na situação de conhecer a cultura, saber como é a gente da minha terra. Por ter morado em todos os cantos do páis acho que posso falar um pouco. Tenho o maior orgulho do baiano, hospitaleiro, que gosta de gente, isso é muito bacana”.

– Carnaval:

“Tive épocas que cansei de ir para Salvador no sábado e voltar quarta-feira de cinzas. Gosto muito da Mangueira, é dificil escolher uma escola, também adoro a Beija-Flor. Assisto sempre quando posso. Fiquei anos sem participar do Carnaval, só voltei quando o Ricardo assumiu o Vitória-BA”.

– Religião:

“A minha família é muito religiosa e também sou. Por força disso temos crenças, não sou um conhecedor, mas vivi próximo de tudo, do Candomblé, lá na Bahia é assim. Mas sou católico e exercito sempre que possível. Agradeço a Deus e rezo todos os dias”.

uol

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