Cristóvão Borges diz ter autonomia para escalar o Vasco

Cristóvão Borges “Todos acham que, quando eu ia visitá-lo ou quando nos falamos, é para ele dar palpite".

A aproximação de Ricardo Gomes com o grupo tem sido cada vez maior na medida em que ele se recupera do AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido em agosto. Esse envolvimento faz muito torcedor pensar que ele seja o responsável pelas escalações do Vasco. No entanto, há 74 dias no comando, Cristóvão Borges garante que o Trem-Bala está em suas mãos.

“Todos acham que, quando eu ia visitá-lo (no hospital) ou quando nos falamos, é para ele dar palpite. O Ricardo nunca soube o time que eu ia botar para jogar. Nunca me perguntou nem fez a menor questão de saber”, afirma o ‘aluno’ Cristóvão, que, apesar de ser seis anos mais velho, aprendeu os macetes da profissão com o ex-zagueiro de 46 anos: “Não digo que ele é meu pai porque sou mais velho. E ele é branco e eu sou preto. Mas, sem dúvida, foi com quem eu mais aprendi. Do que eu sei, 80% aprendi com ele”.

Hoje, em seu 19º jogo no comando do time, Cristóvão não usa o termo ‘técnico do Vasco’ para si, mas se sente adaptado. Isso, sem esquecer as dificuldades ao ver o velho amigo entre a vida e a morte e, ao mesmo tempo, tendo que assumir o time no Brasileiro, embalado pela inédita conquista da Copa do Brasil.

“As duas primeiras semanas foram de choque, porque o Ricardo corria risco de vida e eu tinha que corresponder à expectativa de uma equipe vitoriosa. Chegou a ser um sofrimento, porque era uma missão muito grande. Com o passar do tempo, a relação com os jogadores me fortaleceu. Hoje, eu me sinto cada vez mais à vontade”, diz.

Ao mesmo tempo, Cristóvão já provou o gosto amargo da profissão, ao ser vaiado: “Não tem como não passar por este batismo. Sinceramente, achei que ia ser muito antes. Mas demorou”, sorri. “A gente não gosta, porque todo mundo quer receber carinho, mas compreendo, porque a torcida quer resultado sem pensar em nada. Às vezes, fico chateado porque é injusto.”

Por problemas de lesão, suspensão ou até mesmo o baixo rendimento de alguns atletas, Cristóvão já fez algumas modificações arriscadas. Seguro, o treinador segue sem medo de errar nos últimos cinco jogos e garante que até agora não cometeu nenhum deslize grave que fizesse dele o responsável pela derrota: “Ninguém escapa desse erro. Mas sinto que não vai ser este ano”, brinca.

Treinador também sabe xingar

O semblante de Cristóvão é sempre o mais tranquilo possível. Exemplo na época de jogador por sua disciplina, a aparência é de quem jamais perde a cabeça. “Não é sempre assim. Eu fico nervoso, atacado, grito, xingo e sou mal-educado. Faço tudo isso”, garante ele, aos risos.

No vestiário, ele também não tem o menor problema em deixar o ‘circo pegar fogo’ entre os seus comandados. “Eu apaziguo, mas quando é necessário, estimulo e deixo brigar. Quando é saudável e um deve falar o que o outro precisa ouvir, eu deixo. Mas, quando pega fogo demais eu tenho que interferir para não sair porrada”, conta o treinador.

Para extravasar e sair da pressão do dia a dia, Cristóvão tem a sua receita, além de apreciar um bom vinho tinto: “Jogo meu futevôlei com os amigos, converso um monte de besteiras e tomo um banho de mar para ficar mais leve. É uma terapia”.

‘Não estou preocupado com o que será’

Quais são os seus planos com a volta do Ricardo Gomes no ano que vem?
Não estou preocupado com o que vai ser. Recebi uma missão. Missão do meu amigo, que estava precisando. Eu conversei com os jogadores nos primeiros dias e disse que a maneira que a gente tinha de ajudar era dar notícias boas. Espero que o título venha e, se continuar assim, o que vai acontecer comigo será coisa boa.

A Copa Sul-Americana é o resultado do seu trabalho. Se a conquista vier, terá um gosto especial?
Não nesse sentido. Vai ser especial, porque é como se fosse um pacote só. Vamos ganhar, ser campeões, porque o cara que criou não está podendo agora, mas foi ele quem criou. Faz parte do presente que a gente tem que dar.

Já perguntou o que fazer ao Ricardo Gomes?
Nós trabalhamos juntos há (seis) anos e eu sei como é o trabalho. A gente divide e ele confia em mim. Uma vez, eu disse que tinha umas coisas difíceis de resolver. Ele respondeu: “Se vira. Tenho que me preocupar com a minha recuperação”. Na outra, eu brinquei que ele estava na moleza e tinha que trabalhar. Tirei um quadro para ele me ajudar a enfrentar um sistema de jogo. Ele disse: “Não quero saber, não”.

Fonte: o dia

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