Confira os 5 erros que levaram o Vasco a ser eliminado na Copa do Brasil

Após investir mais de R$ 100 milhões em reforços, o Vasco da Gama acabou sendo eliminado na 2ª fase da Copa do Brasil.

Jogadores durante cobranças de pênaltis contra o ABC
Jogadores durante cobranças de pênaltis contra o ABC (Foto: André Durão/ge)

O Vasco lambe as feridas da eliminação para o ABC, ainda na segunda fase da Copa do Brasil, somando o que poderia ter feito de diferente para evitar o vexame dentro de São Januário. Ao menos cinco erros foram cometidos. Somados, eles culminaram na desclassificação precoce depois de investir mais de R$ 100 milhões na contratação de reforços para a temporada.

Deixar o resultado ruim para trás é o mantra no CT Moacyr Barbosa, para não deixá-lo contaminar o ânimo dos jogadores para a partida de domingo, contra o Flamengo, pela semifinal do Carioca. O cruz-maltino precisará vencer o arquirrival para chegar à decisão. Entretanto, entender o que aconteceu de ruim contra o time potiguar pode ajudar o Vasco a não repetir o expediente negativo no fim de semana.

Os erros do Vasco que levaram à queda na Copa do Brasil

  • Oscilação na hora errada;
  • Atrito com a torcida;
  • Insistência em Pedro Raul como batedor de pênaltis;
  • Má gestão do desgaste do elenco;
  • Desencaixe do meio de campo.

Oscilação é normal, mas ela veio no jogo errado

Há um componente de azar que não pode ser esquecido, na hora de analisar o resultado do Vasco contra o ABC. O trabalho de Maurício Barbieri é muito recente, são exatos dois meses desde a primeira partida à frente do Vasco, o amistoso contra o River Plate. Neste cenário, a evolução das atuações e dos resultados foi até mais rápida do que poderia se prever. Quando passou bem pela sequência de clássicos, todos adversários de primeira divisão, ficou a sensação de que o encaixe havia sido imediato.

Entretanto, o próprio Barbieri afirmou algumas vezes que oscilações haveriam de acontecer, que eram normais em um começo de trabalho. De fato, elas são, mas o jogo escolhido para essa instabilidade natural dar as caras foi o pior possível. Em uma competição de mata-mata, a atuação tão ruim foi mortal. O Vasco deixou a Copa do Brasil bem antes do esperado, deixando de arrecadar com premiação R$ 2,1 milhões, no mínimo.

Aumento no preço dos ingressos gerou atrito com torcida

O clima em São Januário para uma partida tão importante e perigosa foi péssimo, completamente da relação de sinergia que tem marcado o elo entre jogadores e arquibancada desde o ano passado. Isso fruto da decisão da SAF de aumentar o preço dos ingressos para os jogos do Vasco, em alguns setores, em 66%.

A mudança ocorreu em uma partida decisiva, em que o time precisava de casa cheia, e entre dois clássicos contra o Flamengo, pelo Carioca, o que significa que os gastos para o torcedor vascaíno ir apoiar o time na semana já não eram pequenos e ficaram maiores depois do aumento no preço.

O resultado da falta de “timing” da SAF foi São Januário com 12 mil torcedores em um jogo decisivo, número baixo para a média de público recente na Colina, e clima morno no estádio, uma vez que organizadas fizeram protesto e não levaram instrumentos nem bandeiras para as arquibancadas.

Insistência com Pedro Raul nas cobranças de pênalti

Pedro Raul já havia perdido dois pênaltis em duas tentativas este ano, quando foi escalado por Maurício Barbieri para ser o responsável pela quinta cobrança da série contra o ABC.

A escolha se mostrou arriscada e Barbieri, na coletiva de imprensa, admitiu que poderia ter deixado o centroavante fora das cobranças normais, sendo obrigado a escalá-lo apenas nas alternadas. Bastaria ter colocado o zagueiro Léo na frente – o capitão cobrou depois de Pedro Raul e converteu.

A comissão técnica não ignorou o desenho da partida, que se encaminhava para as penalidades, tanto que colocou o zagueiro reserva Miranda em campo no segundo tempo para que ele fosse para a batida. O jogador cobrou o terceiro pênalti do Vasco e converteu.

Faltou Barbieri olhar com mais carinho para a pressão que existia sobre Pedro Raul. Ele já vinha de chances desperdiçadas em 2023 e fora muito vaiado pela torcida vascaína durante o empate no tempo normal.

Precisava de força máxima contra o Bangu?

Um dos fatores que explicam a oscilação do Vasco é a sequência de partidas decisivas. Um dos pilares do estilo implementado por Maurício Barbieri é a intensidade dos jogadores na transição ofensiva, na marcação, o grande volume de jogo. Isso depende de um preparo físico bom o bastante para suportar esse modo de jogar exigente.

Contra o ABC, essa intensidade não deu as caras. Um Vasco mais lento se torna muito menos perigoso para o adversário. A falta de uma gestão melhor do elenco pesou e o pior: o Vasco teve a chance de diminuir o cansaço acumulado. Contra o Bangu, pela última rodada da Taça Guanabara, o time foi com força máxima para a partida, mesmo ciente de que já estava classificado para as semifinais.

Barbieri venceu o jogo, o que deu o segundo lugar na Taça Guanabara e a possibilidade de encarar o Flamengo com vantagem. Mas agregou minutos jogados que pesaram nas pernas do Vasco contra o ABC.

Dificuldade para achar um meio de campo

Na partida contra o ABC, o Vasco teve novo meio de campo. Marlon Gomes entrou para jogar pelo lado esquerdo no 4-4-2 de Maurício Barbieri, com Andrey Santos de primeiro volante, mais à frente e Gabriel Pec mais aberto pela direita.

As mexidas têm sido recorrentes no setor que é fundamental para o equilíbrio entre marcação e criação de qualquer equipe. Rodrigo foi barrado para Andrey ser deslocado para a função mais defensiva no meio. Galarza já atuou no setor, Alex Teixeira também, como um meia mais centralizado, permitindo que Erick Marcus e Gabriel Pec jogassem mais como pontas.

Barbieri tenta ser versátil, adaptar o esquema e as peças de acordo com o adversário, o que é positivo. Mas, em contrapartida, isso dificulta o entrosamento e pode gerar instabilidade, tanto naqueles que entram quanto nos jogadores que saem.

Apenas Jair, na goleada sobre o Trem-AP, pela primeira fase da Copa do Brasil, acertou a batida em 2023. Pedro Raul perdeu duas cobranças, contra Volta Redonda e Flamengo, pela Taça Guanabara, e Alex Teixeira assumiu a responsabilidade diante do Bangu, mas também não converteu.

Fonte: O Globo

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