Tenorio relembra passagem pelo Vasco e revela: ‘Ainda tem dívida comigo’

O ex-atacante do Vasco, Carlos Tenorio, ainda falou sobre a relação com Felipe e sobre garoto que apelidado com o seu nome.

Lembra dele? Principal reforço do Vasco da Gama para a Libertadores de 2012, o atacante equatoriano Carlos Tenorio, atualmente com 41 anos, que está aposentado dos gramados, teve uma passagem por São Januário que ainda rende lembranças à massa vascaína. 

Carlos Tenorio jogou no Vasco nas temporadas 2012 e 2013, acumulando nesse período 48 partidas e 14 gols. O vascaíno o conhece também como o “El Demolidor”, apelido que recebeu de um narrador equatoriano durante a Copa do Mundo de 2006, onde balançou as redes 3 vezes. 

Além do Mundial da Alemanha, Carlos Tenorio também esteve na edição anterior da competição, em 2002, disputado na Coréia do Sul e no Japão. O atacante, que surgiu na LDU, de Quito, viveu o seu grande momento na carreira jogando em equipes da Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos. 

Já se passaram muitos anos desde que Carlos Tenorio deixou o Vasco, mas ele continua no imaginário de muito vascaíno. Para relembrar um pouco sobre a sua passagem pela Colina História, o repórter Willams Meneses do site Vasco Notícias, conversou com o atacante equatoriano, que respondeu também sobre outros assuntos. 

Em 2012, você chegou ao Vasco cercado de expectativa por sua fama de artilheiro, como um reforço de peso para a disputa da Libertadores, competição onde a equipe entrava cercada de expectativas pelo elenco e grandes resultados em 2011. Como avalia a sua chegada ao Clube? 

– Fiquei muito tempo nos países árabes, fique jogando no Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes. Fui um jogador que se deu muito bem, fiz boas temporadas alguns anos lá, onde conheci um amigo, um irmão, chamado Felipe. Quando terminou o meu contrato voltei ao Equador, e chegou uma proposta do Brasil, do Vasco. Nunca duvidei, sabia que tinha o Felipe e outros jogadores, mas a minha intenção era jogar num futebol mais reconhecido. Quem não quer jogar no Brasil? O futebol brasileiro é o melhor do mundo! É o futebol pentacampeão, é o sonho de qualquer jogador, ter o privilégio de jogar ali. Minha intenção nos clubes onde tive a oportunidade de jogar, sempre foi honrar a camisa, ter o respeito, a disciplina, o profissionalismo. Acho que são coisas fundamentais para um jogador. Fiquei 2 anos no Vasco, o time estava jogando a Libertadores, depois ficou fora, mas acho que foi uma experiência muito boa. Sou muito agradecido com todo o povo brasileiro, especialmente com as pessoas do Rio, os vascaínos. Foi uma torcida que me mostrou muito carinho, independentemente da situação que vive lá, tive várias contusões. Mas as vezes que conseguir jogar, joguei com raça, honrei a camisa, tive disciplina, tive sempre um respeito pela Instituição. Pude contar com os jogadores, o Juninho Pernambucano, o Dedé, o Felipe, depois vieram o Chris, o Renato (Silva). Eu fico muito feliz, tive muitos treinadores que me ajudaram muito, a torcida, os dirigentes, o pessoal que trabalhava dentro do Clube. Todo mundo. Tenho muito agradecimento com eles. 

Em sua terceira partida pelo Vasco, contra o Olaria, pelo Carioca, você marcou o seu primeiro gol com a camisa do Cruzmaltino, mas no mesmo jogo sofreu uma grave lesão rompendo o Tendão de Aquiles que o afastou dos gramados por 5 meses. O que sentiu naquele momento? 

– Eu rompi o Tendão de Aquiles, tive que operar, foi difícil para mim. Muito duro. Nunca imagina ter esse tipo de lesão, mas meu profissionalismo e disciplina, com raça, consegui recuperar em tempo recorde. Em 4 meses eu voltei para jogar um jogo de Libertadores, aí o Vasco foi às quartas de final. Se não tivesse machucado assim, poderia ter ajudado muito mais o time. Acho que o Vasco merece muito um time bom, um time histórico, mas os dirigentes não souberam administrar a situação da Instituição. É uma instituição que merece mais, tem uma torcida impressionante, muito apaixonada, eu gosto muito dessa torcida, desse time. Espero algum dia, com muitos ex-jogadores, nos casos de Pedrinho, Felipe, Edmundo, que podem estar na diretoria do time, e colocar o time para frente, acho que o Vasco merece um futuro melhor. 

Você teve a sua passagem pelo Vasco marcada por lesões, que implicaram diretamente em sua sequência na equipe. Sem esses seguidos problemas físicos, pensa que teria mais sucesso em São Januário, assim atendendo às expectativas de quando foi contratado? 

– A única coisa que fico triste é porque tive muitas contusões que atrapalharam jogar. Mas sabe o que me deixa feliz? Falo de coração. Se todo jogador pensasse assim seria diferente. Honrar a camisa, respeitar a camisa do Vasco, respeitar a Instituição. Acho que sempre fiz isso. Toda vez que joguei marquei muitos gols com a camisa do Vasco. Fiz muitos amigos. Não sou um cara de dar problema, de fazer confusão no vestiário. Sou um cara que sempre está ali, se jogar ou não jogar sempre estar com o time, e acho que todos no Vasco me deram apoio total.  

No Vasco você reencontrou um velho conhecido, Felipe, um grande ídolo do Clube. Ele foi um fator decisivo para aceitar a jogar no Vasco na época? Como é a sua relação com o “Maestro” atualmente? 

– Fico feliz, ainda falo com muitos deles, o Felipe, quando ficamos no Catar, o nome dele é o Maestro. Por meio dele conheci o Pedrinho, e conheci muita gente histórica do Vasco. Roberto Dinamite, que era o presidente, a diretoria, fico feliz. O Felipe é meu irmão, sabe o quanto de apreço tenho por ele, um cara legal, uma cara fera. Acho que ele é um dos caras que eu queria na diretoria do Vasco, com Pedrinho e outro jogador para melhorar e ir para frente. 

No atual elenco do Vasco, tem um jovem lateral-direito chamado de Cayo Tenório. Ele recebeu esse nome porque quando chegou à base do Clube jogava de atacante e tinha semelhança com você. Estava sabendo disso? Como se sente sobre isso? Gostaria de conhecê-lo? 

– Eu já tinha escutado sobre um moleque que tinha um apelido Tenorio. É bom saber que tem gente que se identifica com jogador. Fico feliz. Mais ainda no Brasil. O que posso falar é muito sucesso ao moleque, tomara que se dê bem, que tenha algo muito claro: a disciplina, o profissionalismo, são as armas fundamentais para você ter sucesso na vida. Este esporte requer de muita seriedade, de muito profissionalismo, dedicação, e correr atrás dos seus sonhos. Acho que todo mundo tem um sonho, mas são poucas as pessoas estão dispostas a pagar o preço que precisa para conseguir os seus sonhos, então sucesso para o moleque. Que ele jogue e dê muitas alegrias ao Vasco. 

Quando deixou o Vasco, no final de 2013, tendo como destino o El Nacional, do Equador, você reclamou de uma grande quantidade de dívidas do Clube. Atualmente, o Cruzmaltino ainda te deve alguma coisa ou já foi tudo acertado? 

– O Vasco vem tendo um grande número de problemas, de dívidas com os jogadores, atrasando salários. O Vasco tem uma dívida comigo. Acho que o Vasco não tem nada o que me cobrar, fiz o meu melhor, não consegui jogar direto por causa das contusões, mas tive profissionalismo e disciplina. É fundamental para um jogador. A dívida já vai muito tempo, mas a gente está buscando um acordo com eles. Hoje tenho que viajar ao Brasil, eu quero ajudar o Vasco, mas não tem como falar assim: “Ó, vou deixar o dinheiro de graça para o time” porque o dinheiro não vai ficar com o time. O que acontece: tenho que cobrar o dinheiro pelo meu trabalho. Se eu soubesse que o time fosse receber o dinheiro, mas para a Instituição eu não dava. Não tem como. Tem que cobrar o dinheiro, mas eu não sou um cara que busco fazer problema. Eu venho falando muito tempo, ninguém deu moral, aí eu vou ter que entrar na FIFA, mas mesmo estando lá, a ideia é falar com eles, chegar a um acordo para eles pagarem. Devem muito dinheiro. Muito dinheiro. A ideia é chegar a um acordo para eles pagarem, mas acho que o Vasco precisa ser um pouco mais profissional nesse sentido. Melhor cumprir o que falar com o jogador, chegar a um acordo, do que esperar entrar na Justiça. O jogador sempre vai cobrar os seus direitos. Fico tranquilo, acho que o Vasco vai pagar, e pode ter certeza que a ideia é entrar em contato com alguém do Clube para chegar a um acordo, eles falarem: “A gente vai pagar assim e assim, mas não leva o caso à FIFA”, não tem problema, mas, se não, pode tomar o tempo que quiser mas vão pagar, mas vai ser muito mais. Se eles quiserem ajudar o Clube, o cara vai e fala com o jogador. 

Depois que saiu do Vasco, Carlos Tenorio seguiu a carreira em equipes sul-americanas, sendo elas o El Nacional, o Bolívar, a LDU e o Sport Boys, até chegar ao Atlético Saquisilí. O atacante virou manchete no Brasil no ano passado de uma forma diferente do normal, quando já distante dos gramados, saiu como candidato a prefeito de Esmeraldas, a sua cidade natal. Atualmente, o “El Demolidor” segue se dedicando aos treinos, mas tem participados apenas de partidas amistosas.

Carlos Tenorio concedeu entrevista ao Vasco Notícias

Obs. Texto produzido pela equipe Vasco Notícias. Reprodução não permitida.

Site Vasco Notícias

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