Carlos Brazil comenta ausência da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2021

O dirigente da base do Vasco da Gama, Carlos Brazil, reconheceu a importância da Copinha, mas vê ponto positivo com cancelamento.

Carlos Brazil, diretor executivo da base do Vasco
Carlos Brazil, diretor executivo da base do Vasco (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco da Gama)

Cancelada pela primeira vez em 33 anos – em 1987, não houve disputa por decisão da prefeitura de SP -, a Copa São Paulo de juniores terminaria sua 52ª nesta segunda-feira, dia do aniversário da cidade. Sem a mais tradicional competição de base do país, os clubes sofrem para adaptar, de acordo com as possibilidades, a programação dos atletas sub-20.

O calendário de futebol masculino sub-20 – e de toda a base em geral – foi bem prejudicado no último ano. Reduzido, com estaduais em poucas regiões e as competições nacionais restritas a poucos times – foram 32 participantes na Copa do Brasil e 20 no Brasileiro. Ao todo, atuaram 40 clubes diferentes nestas duas competições organizadas pela CBF.

A Copinha, que foi cancelada por cuidados de segurança para evitar contaminação e transmissão de Covid-19, recebe mais de 100 times de todas as regiões do país – a maioria do estado de São Paulo.

Campeão da Copa do Brasil sub-20 em 2019, o Palmeiras foi campeão paulista no fim de dezembro. Na Copa do Brasil, caiu na semifinal. No Brasileiro, nas quartas. A ausência da Copinha, com tantos jogos concentrados a partir de outubro (quando o Paulista sub-20 começou), foi até certo ponto um alívio no calendário, explicou o coordenador da base do clube, João Paulo Sampaio.

– A gente tem um calendário bom de base hoje no sub-20, com Brasileiro, Copa do Brasil. A Copa São Paulo é boa para fomentar os outros clubes que não têm possibilidade de aparecer tanto e não jogam o Brasileiro. Mas, para a gente, foi até um descanso. Também aproveitamos para ajudar o profissional – comentou João Paulo.

No Vasco, campeão carioca e da Copa do Brasil sub-20, ainda há um compromisso previsto para 28 de fevereiro – a disputa da Supercopa, contra o Atlético-MG. Mas o dirigente vascaíno da base, Carlos Brazil faz coro com o colega palmeirense, apesar de reconhecer a Copinha como “extremamente importante para formação, pela mídia e pelo charme”.

– Esse ano (não ter a Copinha) não é tão negativo. Tivemos três competições sub-20 em quatro meses. O Carioca, a Copa do Brasil e o Brasileiro. Tivemos semana de cinco jogos. Sabíamos que em uma das competições íamos deixar a desejar e foi assim no Brasileiro (o Vasco terminou em 13º lugar na primeira fase) – analisou Brazil, lembrando que os clubes ainda vão usar os garotos no início do estadual. – Esse descanso acabou sendo salutar e providencial.

Sparring para Sampaoli

No Atlético-MG, que venceu nesse domingo o Brasileiro sub-20 contra o Athletico, os jovens serão divididos. Parte vai ter folga, outra parte já segue preparação para compor elenco inicial do Campeonato Mineiro de 2021 – o que deve ser uma tônica entre os clubes grandes, pois o Brasileiro 2020 termina dia 25 de fevereiro, e os estaduais começam três dias depois.

Novo diretor executivo do Atlético-MG, Rodrigo Caetano explica que a garotada também vai servir de “sparring” para o time dirigido por Jorge Sampaoli na reta final do Brasileiro, uma prática muito comum entre treinadores argentinos.

– A ideia é ter esse time de sparring e de transição para que sejam utilizados no início do estadual. Estamos fazendo esse filtro. Alguns depois da final do Brasileiro sub-20 vão ter descanso, outros vão seguir com a gente, aqueles que devem começar o estadual e os que estourarem a idade – contou Caetano, que deixou o Inter depois de três anos em dezembro de 2020.

Executivo do atual campeão da Copinha, o Internacional, Erasmo Damiani entende que, neste momento, com as rodadas finais do Brasileiro, seria difícil para os clubes fazerem a lista para viajar a São Paulo. Na reta final da temporada 2020/2021, Abel Braga, técnico do time principal, promoveu alguns atletas em definitivo no comando do Inter.

– Essa é uma idade em que os garotos já vêm se preparando com Brasileiro sub-20, Copa do Brasil sub-20. Para os demais clubes, cria problemas. Mas de todo modo é uma competição a menos para se observar jogadores – lembra Damiani, que foi campeão da Copinha pelo Figueirense em 2008.

– Aqui no Inter, essa semana (a última) tivemos dia em que o profissional puxou cinco jogadores, no outro dia pediram mais seis.

Dez meses parados

No Rio de Janeiro, o Nova Iguaçu é um dos principais clubes formadores, com jogadores emprestados em base de clubes grandes no Rio de Janeiro e Brasil afora. Sem disputar competições nacionais, o sub-20 não fez nem 20 jogos na temporada. A Copinha, para eles, apresenta outra realidade: a maior vitrine de base do país.

O presidente do Nova Iguaçu, Jânio de Freitas, lembrou que, normalmente, o sub-20 costuma fazer 50 jogos por ano – também não houve nessa temporada outro torneio estadual, cancelado pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

– A Copinha faz uma falta muito grande para a gente. Mas, a meu ver, este ano ela não ia ter o resultado que todo ano a gente espera. Nós ficamos 10 meses parados no sub-20. Houve perda de trabalho técnico, físico e psicológico também. Tivemos parentes de jogadores que morreram – contou o presidente do Nova Iguaçu.

O time da Baixada Fluminense já aproveita jogadores do sub-20, que estariam em disputa na Copinha, na competição profissional preliminar do Carioca 2021 – o Nova Iguaçu lidera a fase de classificação para a Série A do Carioca.

Contratos suspensos

A situação não é muito diferente para o Figueirense, que luta para se manter na Série B no profissional. “Praticamente não tivemos atividade na temporada”, diz o italiano Raffael Messina, coordenador técnico da base do time catarinense desde fevereiro de 2020.

– Não voltamos com nenhuma categoria depois de março. Suspendemos os contratos até o final de dezembro. Ficamos na espera do Estadual, mas não teve. Também foi cancelada a Copinha. Ficamos sem calendário – disse Messina.

No Figueirense, ao menos, cinco jogadores do sub-20 treinaram entre os profissionais nesta campanha da Série B – Davi Kuhn, de 17 anos, foi relacionado e fez alguns jogos na Segundona. Na base, porém, até maio não deve haver competição em Santa Catarina.

No interior paulista, que recebe a Copinha em diversas sedes pelo estado, os efeitos também foram sentidos. O Oeste, semifinalista da Copinha 2020, também fechou a base desde o início da pandemia – alguns jogadores sub-20 atuaram no Paulistão na Série B do Brasileiro.

A maioria dos times sub-20 do interior paulista só atuou na Copinha – e não fez nem 10 partidas em toda a temporada. Foi o caso do Ituano, do São Bento, do Mirassol e do Novorizontino. Alguns atletas jovens ainda tiveram algumas poucas oportunidades no profissional. O que significa, obviamente, um prejuízo na formação desses atletas.

– A Copa São Paulo é o campeonato de maior visibilidade do Brasil para a base. Ele é disputado em uma época do ano em que era a única competição do país com foco da mídia. Para os clubes, a falta de uma competição como essa gera uma dificuldade muito grande, mas de uma maneira mais realista sabemos que os negócios gerados para os clubes não são muitos. Em sua maioria é especulação, sem envolvimento de valores financeiros. Não é uma receita concreta, é mais uma projeção do trabalho feito nos clubes – Genilson da Rocha Santos, presidente do Novorizontino.

Fonte: Globo Esporte

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