Bastidores da volta de Philippe Coutinho ao Vasco

Após dois meses, aproximadamente, de negociações, o Vasco da Gama anunciou o retorno de Philippe Coutinho; veja os bastidores.

Philippe Coutinho na chegada ao Rio de Janeiro
Philippe Coutinho na chegada ao Rio de Janeiro (Foto: Bruno Murito / ge)

Mais de dois meses depois dos primeiros contatos, o Vasco anunciou a contratação de Philippe Coutinho. A negociação foi demorada, envolveu vários clubes e foi finalizada com a volta do meia por empréstimo. O final feliz contou com esforço da diretoria vascaína, mas ocorreu, especialmente, pelo desejo do jogador.

Contato inicial

O Vasco procurou o estafe de Coutinho no início de maio. Naquele momento, o clube sabia que o contrato do meia com o Al-Duhail, do Catar, terminaria em junho. Além disso, ele não estava nos planos do Aston Villa, clube inglês ao qual pertence, para a próxima temporada. O contato inicial foi feito pela SAF ainda na gestão da 777.

Ao mesmo tempo, o presidente do clube associativo, Pedrinho, recebeu a informação de que Coutinho queria voltar ao Vasco e procurou pessoas próximas ao jogador, que confirmaram: o retorno a São Januário era a prioridade do atleta.

Desde os primeiros passos da negociação, a vontade de Coutinho pesou. O meia sinalizou abrir mão de boa parte do salário que recebe na Inglaterra para vestir a camisa vascaína.

Pedrinho assume a negociação

Naquele início de maio, as conversas ocorriam de forma paralela, com 777 e Pedrinho atuando separadamente. A história mudou no dia 15 daquele mês, quando uma liminar da Justiça suspendeu os efeitos do contrato com a empresa americana e devolveu o controle do futebol vascaíno ao clube.

Já no dia seguinte à liminar, em entrevista coletiva, Pedrinho foi perguntado sobre Coutinho e respondeu que a negociação estava em andamento. A partir dali, o presidente do Vasco tomou as rédeas da negociação, que também teve participação do então diretor de futebol Pedro Martins.

Coutinho desembarcou no Rio de Janeiro no dia 24 de maio e confirmou que conversava com o clube em que foi revelado. A frase “todo mundo já sabe”, em referência à vontade do jogador, agitou as redes sociais. Logo depois, na primeira semana de junho, o meia se reuniu com Pedrinho. A proposta do clube previa redução de cerca de 70% do salário que o cria recebia fora do país.

Exigências

A redução salarial nunca foi problema para Coutinho, mas o meia exigiu garantias financeiras de que o clube pagaria os valores acordados. Além disso, pediu para Pedrinho contratar o volante Souza e o meia-atacante Alex Teixeira, seus amigos e também crias do Vasco.

As exigências incomodaram aliados de Pedrinho, mas não impediram o andamento da negociação. O presidente aceitou os pedidos e alinhou com os agentes do jogador os passos seguintes da contratação. Em meados de junho, estava tudo acertado entre Vasco e Coutinho.

Em entrevista coletiva na última sexta-feira, Pedrinho disse que a contratação de Coutinho era o principal objetivo da sua gestão. Ele quer priorizar reforços com o “DNA do Vasco”, e a chegada do trio vai de encontro aos planos do presidente.

Negociação com o Aston Villa

O principal entrave das conversas foi o modelo de negócio: Philippe Coutinho rescindiria com o Aston Villa ou chegaria por empréstimo? A negociação com o clube inglês atrasou o processo, mas o imbróglio nunca tirou o otimismo dos dirigentes vascaínos.

De meados de junho para cá, sempre que a reportagem consultou fontes ligadas ao clube ou ao jogador, a resposta era parecida: “negócio bem encaminhado” e “cada vez mais perto”. Aliás, a frase “Coutinho perto do Vasco” virou meme entre os torcedores nas últimas semanas.

Inicialmente, o jogador queria romper o vínculo com o Aston Villa. Do lado do Vasco, Pedrinho sempre considerou o empréstimo o caminho mais viável, mas a chance da rescisão foi considerada até o fim do último mês.

O clube inglês, no entanto, não aceitou abrir mão do contrato. Em maio de 2022, o Aston Villa pagou 20 milhões de euros (o equivalente a cerca de R$ 108 milhões) ao Barcelona para contratar Coutinho. A equipe inglesa, com quem o jogador tem vínculo até julho de 2026, espera que o meia volte aos seus melhores momentos no Vasco para, assim, poder recuperar parte do investimento feito há dois anos.

Por outro lado, o Aston Villa aceitou emprestar Coutinho sem exigir do Vasco compensação financeira. Esta parte da negociação também se deve ao jogador e seus empresários, que tinham questões a serem resolvidas com o clube da Inglaterra.

O Vasco precisou esperar o fim do vínculo de Coutinho com o Al-Duhail, no dia 30 de junho, para dar início a troca de documentos para assinatura do contrato.

Interesse de outros clubes

No meio da negociação, o Vasco precisou lidar com o assédio de outros clubes por Coutinho. Cruzeiro, Botafogo e Fluminense mostraram interesse na contratação do jogador de 32 anos. Antes, nos últimos anos, o nome do meia também foi especulado no Flamengo e no Corinthians.

O próprio Vasco sondou a situação do cria nas últimas temporadas, mas até este ano Coutinho não havia demonstrado interesse no retorno. De qualquer forma, em todas as vezes que foi procurado por um clube brasileiro, o meia disse que só voltaria ao país para jogar no Vasco.

Seleção e desejo da família

O retorno ao Vasco também é estratégico para Coutinho e sua família. O jogador vê na volta ao futebol brasileiro o trampolim para um sonho que não acabou: voltar à seleção brasileira e ao radar da comissão técnica, hoje sob comando de Dorival Júnior. Foi o técnico quem o lançou em 2009 e com quem fez os 44 jogos com a camisa do Vasco até completar 18 anos e ir para a Inter de Milão.

Ainê Coutinho, esposa do jogador, participou da decisão. A família entendeu que era o momento de voltar ao Brasil também para outros sonhos profissionais. Ainê tem vida ativa nas redes sociais e quase 1 milhão de seguidores no Instagram. Recentemente, ela lançou sua própria linha de perfumes e tem o interesse de impulsionar as vendas por aqui.

Enquanto avançava na negociação com o Vasco, Philippe Coutinho ainda comprou um shopping em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O Porto da Barra é um importante complexo gastronômico e comercial da cidade e será administrado pela PHA Empresa Patrimonial, empresa que o jogador tem em sociedade com a esposa Ainê e os irmãos Leandro e Cristiano.

O acordo também passa pelo Vasco ser parceiro do atleta nas ações do Instituto Philippe Coutinho. A volta do jogador ao Brasil passa muito pelo sonho de desenvolver a organização para jovens e crianças no Rio de Janeiro. As partes já pensam em como serão feitas as parcerias.

Fonte: Globo Esporte

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