Barbieri explica situação de Orellano, comenta posições carentes e busca por reforços

Maurício Barbieri explicou o motivo de Orellano ter tido poucas oportunidades e diz que o jogador ajudará o Vasco ao longo da temporada.

Maurício Barbieri em entrevista coletiva nesta terça-feira
Maurício Barbieri em entrevista coletiva nesta terça-feira (Foto: Reprodução / Vasco TV)

A dois dias do jogo contra o Coritiba, no Couto Pereira, o técnico Maurício Barbieri deu entrevista no CT Moacyr Barbosa, nesta terça, mas a atuação no empate por 1 a 1 contra o Fluminense, no sábado, ainda foi tema da coletiva.

O treinador se defendeu das críticas de parte da torcida, que não gostou do fato de o Vasco ter se defendido muito e ficado pouco com a bola. Barbieri explicou que a estratégia foi a melhor arma que o time teve no momento para pontuar no clássico e reforçou que a equipe do Vasco é um processo em andamento.

– Entendemos o torcedor, é também o nosso sentimento. Precisamos didaticamente diferenciar aquilo que é a história e o momento do Vasco. Eu já disse que o Vasco começava a temporada atrás de seus rivais regionais pelo tamanho da reformulação do elenco, no processo de construção. O Vasco contra o Fluminense foi uma equipe em formação, com jogadores em formação… O Rodrigo, por exemplo, está jogando jogos como profissionais pela primeira vez na carreira. O Andrey está em sua primeira Série A. Enfrentamos um adversário que tem um produto final quase pronto, com jogadores como Cano, Marcelo, Ganso… Vinha de um resultado elogiado na América do Sul.

– Entramos em campo para competir. Gostaríamos de ter tido mais a posse? Com certeza. Mas o Vasco não joga sozinho. Temos encontrado estratégias para disputar pontos com todos os adversários. Tivemos um início de campeonato dos mais difíceis. Existia uma expectativa criada mais por parte da imprensa. Todos davam que o Atlético-MG ganharia o jogo. Depois todos apostavam na vitória do Palmeiras. Criamos uma expectativa e essa expectativa está jogando agora contra nós. Não entendemos. Estamos lutando para competir e vamos melhorar. Mas nesse momento entender nossas limitações é sinal de sabedoria. São as armas que nos possibilitam em dado momento disputar os pontos. Volto a dizer, em função do momento que o Vasco se encontra. Isso não é desrespeito nenhum à grandeza e à história do clube. O Vasco vai voltar a enfrentar qualquer adversário de igual para igual, mas precisamos de tempo, paciência e muito trabalho – analisou o treinador do Vasco.

As críticas e cobranças também foram pautas na entrevista de Barbieri. O treinador desabafou sobre a pressão, segundo ele desproporcional, que os profissionais do futebol recebem.

– Sobre a pressão desumana, acho que é isso mesmo. Existe uma cobrança que ela é irreal, desproporcional, que traz um peso muito grande para quem trabalha. Em um dia, você não serve. No outro dia, talvez você seja bom. E depois você não serve de novo. Não conheço nenhum outro segmento ou profissão onde isso aconteça tão rápido e com tanta frequência. Em qualquer lugar você precisa de um tempo para avaliar a pessoa. A construção de qualquer carreira envolve erros e acertos. Você hoje não é o mesmo profissional que era no início.

– O futebol tem se tornado uma coisa desproporcional, desumana. O jogador sempre quer acertar, mas nem sempre ele é capaz de acertar. Mas ele quer. Com o treinador a mesma coisa. Para mim também é difícil. Não basta você ter a certeza de que está fazendo a coisa certa. Em algum momento, você precisa de um reconhecimento. Você espera isso como ser humano. Somos seres afetivos, sociais, a gente precisa desse contato. Em alguns momentos, o treinador é uma figura que sabe que está fazendo, que está no processo, no caminho, só que é só porrada. E as vezes ele coloca a culpa nele em situações em que ele não controla. A finalização dentro de um jogador dentro da área, ele não controla. Um erro do defensor, ele não controla. Ele pode trabalhar na semana para ajustar.

Barbieri ainda comentou como a pressão afeta os familiares das pessoas envolvidas no futebol.

– Estamos todos juntos, no mesmo barco, mas as vezes vai se criando essa dinâmica ao ponto de, muitas vezes, você ter receio de sair para jantar porque você não sabe o que vai ouvir na rua. Você tem receio de sair com a sua família. E as vezes você é cobrado pela sua família porque a sua família quer sair com você, quer ter o seu momento de lazer, de convívio. A gente quase não tem tempo porque a gente sabe como é o calendário, dinâmica dos treinos, olhar vídeo. E quanto tem tempo, você acaba se privando porque você não sabe o que vai ouvir, o tipo de cobrança, as besteiras.

– Para mim é muito emblemático, tenho um filho que fez 16 anos, mas que uns quatro ou cinco anos atrás…ele foi no estádio e a torcida estava xingando o pai dele e ele não quis mais ir ao estádio. Ele é meu filho. E aí eu pergunto a vocês: o que que o futebol ganhou com isso? No que o futebol se tornou melhor? Estou falando, mas sei que não vai mudar. Gostaria que todos nós fizéssemos um esforço nesse sentido. A crítica ela faz parte, é pertinente, mas escolher as palavras é importante. – Vai chegar um momento em que não vai valer a pena. Por mais que o treinador – a minoria – consiga ter um bom salário, boas condições de trabalho, chega um momento que não vale a pena. Qual é o preço de ver o seu filho crescer? As pessoas não veem isso – lamentou.

O Vasco de Barbieri volta a campo nesta quinta, às 19h, contra o Coritiba, no Couto Pereira.

Outros trechos

Mais da estratégia contra o Flu

– Em relação ao primeiro ponto do Fluminense, claro que a gente queria ter tido a capacidade de ter ficado mais com a bola e ter ligado mais os contra-ataques. Agora, a gente jogou contra uma equipe que fez um ataca-marcando que encaixou a marcação para que a gente não conseguisse sair nos contra-ataques bem. Fez até com menos eficiência do que no primeiro tempo, porque esse é um ponto importante de se falar: no segundo tempo, o Vasco teve mais oportunidades de contra-ataque do que no primeiro.

– E muito se falou desse domínio do Fluminense é importante lembrar que o Léo Jardim fez seis intervenções no segundo tempo. Das seis, quatro foram em chutes de fora da área. O Fluminense finalizou duas vezes dentro da área do Vasco. Dessas duas, foram cruzamentos. Então esse domínio que se dá ao Fluminense não é verdadeiro. O que o Fluminense fez no segundo tempo foi abrir o Arias de um lado, o Lima do outro, fazer a bola chegar nos dois e colocar na área. Quando a maioria das equipes do Brasil fazem isso, são acusadas de fazerem chuveirinho. Agora, faltou ao Vasco conectar melhor os passes e a transição, sem dúvida nenhuma.

“Armadilha do Flu”

– É preciso entender que um dos “pais” desse futebol por aproximação, ofensivo, que é o Johan Cruijff, ele sempre diz o seguinte: “Futebol é um jogo de erros. Quem erra menos, leva vantagem”. Você entrar em uma proposta de explorar mais os contra-ataques e em transição significa que você joga com passes mais longos, o que diminui a precisão e significa que precisa jogar em uma velocidade maior, porque precisa aproveitar o tempo e o espaço que o adversário te oferece antes dele se retrair. Isso também diminui a precisão. Então jogar pertinho, acertar um passe de cinco metros é muito mais fácil do que um passe de vinte ou trinta (metros). Por isso que se acerta muito mais. O Fluminense é uma excelente equipe, não estou discutindo isso, mas o que gosta de fazer é ficar trocando passes curtos para atrair o adversário e abrir espaços.

– O Vasco não caiu nessa armadilha. Eles geraram volume, tiveram posse de bola, entraram tocando na área do Vasco? Não. Tendo em conta que estamos falando da melhor equipe da América do Sul, acho que o Vasco se defendeu bem. Mas sim, poderia atacar melhor. Gostaríamos e caminhamos para isso. Ser mais eficiente, ter mais a bola, mas é um processo. Não acontece da noite para o dia. Vamos chegar num nível muito melhor no futuro.

Substituições de Jair e Alex Teixeira

– O Jair pediu para sair. O Alex é um jogador que tem agregado uma intensidade muito grande, mas não tem conseguido sustentar essa intensidade. Isso não tem a ver com falta de preparação do Alex. Tem a ver com a característica que o Vasco tem imprimido nos jogos. Por fazer um jogo muito intenso, de altíssimo nível das transições, de atacar, de defender.

Orellano pode atuar como camisa 10?

– Cheguei a falar com ele pessoalmente perguntando se ele tinha jogado por dentro. Ele disse que poucas vezes na carreira, que a maior parte da carreira ele atuou aberto. Ele é um jogador que tem muito desequilíbrio quando joga do lado. Mas é um jogado que, por característica física, teria ou terá muita dificuldade de exercer o papel que o (Gabriel) Pec exerce. Para colocar o Orellano próximo daquilo que ele exerce, preciso compensar a equipe de alguma maneira. Ele tem entrado, mas nesse jogo (contra o Fluminense), entendi que não era um jogo que favoreceria ele pelas características. Mas entrou nos outros jogos. Vem crescendo. Tem uma personalidade mais retraída, tímida, mas vem se soltando com os companheiros. Vai ajudar o Vasco ao longo da temporada, sem dúvida.

– Sobre o Orellano, a gente vem trabalhando para desenvolver a questão de ajuda defensiva. Agora, tem uma coisa que é característica. Temos dois jogadores que estão jogando que vai ficar mais fácil de entender. Eu não posso pedir para o Alex o que eu peço para o Pec. Porque o Alex não tem características físicas para fazer o que o Pec consegue fazer com naturalidade. Vale lembrar que no jogo contra o Palmeiras, o Alex precisou ser sacrificado porque o Palmeiras fazia uma saída com três, segurando o Marcos Rocha. Então, o Alex teria a vida facilidade, só que nesse jogo o time mudou. Não veio com o Marcos Rocha e fez uma construção com três, só que com o Piquerez. Com isso, soltou o lateral-direito e o Alex precisou correr atrás dele. É uma situação que não tinha como prever antes do jogo começar. Por isso, por mais que tente desenvolver algumas coisas com o Luca (Orellano), tem coisas que ele não vai ser capaz de me entregar. Preciso de sabedoria para criar uma maneira de jogar para potencializar aquilo que ele tem de bom e expor ele menos vezes ao que ele não tenha de tão bom.

– Tem um outro ponto: o Luca joga essencialmente aberto do lado direito. Nós temos outro jogador que joga aberto também por ali que é o Pec, que hoje é o jogador que mais tem participação em gol da equipe do Vasco. Podem jogar os dois juntos? Em algumas circunstâncias, sim. Em outras, preciso fazer uma escolha. É natural. Não é Luca sim ou não. Para o Luca entrar, tenho que modificar a equipe. Existe uma dinâmica, um sistema e uma engrenagem. E tem também o processo de adaptação. É jovem e jogou a carreira inteira no Vélez. Nunca tinha saído. Para ele, tudo é novo. O clube é novo, o país é novo, a pressão é nova. É um menino que quando chegou, era completamente introvertido. Não é que ele não sorria, ele não abria a boca. Hoje ele sorri, ele brinca com os companheiros. Está se soltando e o jogo dele vai se soltando também.

Evolução do Robson

– Acho que o Robson vem conseguindo ter uma sequência que ele teve poucas vezes nos últimos anos. Isso também é fruto do preparo físico, que tem sido muito bem feito. O Robson tem um histórico de lesões, se lesionou aqui no começou. Ajustamos as cargas de treino, ele se dedica muito. Ele treina muito na academia para se cuidar. Vem num crescimento grande e evolução. Não só ele. Importante lembramos que o Pec não é o Pec da temporada passada. O Alex não é o Alex da temporada passada. O próprio Léo chegou com desconfiança. Isso tem a ver com trabalho, com o dia a dia. O Robson tem a característica de ser muito veloz e tem evoluído no jogo aéreo, que ele apresentava um pouco de dificuldade. Ele tem se entendido bem com o Léo. É um dos jogadores que foi questionado sem ter a possibilidade de mostrar seu trabalho. O próprio Léo Jardim foi questionado. O trabalho envolve tempo e processo. Alguns jogadores estão dando uma resposta muito positiva, e outros vão surpreender no decorrer da temporada.

Estratégia contra o Coritiba

– Acho que é um jogo difícil, como são todos no Brasileiro. O campeonato, até pela classificação de momento, a gente tem visto muitas surpresas. É um campeonato equilibrado. Apesar de o Coritiba não vir em um bom momento em termos de pontuação, é uma equipe que se fecha bastante, com três zagueiros. Tem um jogador como Alef Manga, muito forte, que puxa os contra-ataques. É um desafio, um jogo fora de casa, contra a torcida. O Vasco tem que procurar se impor nesse sentido.

– O fato de ser um jogo em casa ou fora de casa não condiciona a nossa estratégia. O que mais influencia é a maneira de o adversário jogar. Acho que o Coritiba é mais complicado ter uma avaliação completa porque vem de mudança de treinador. A ideia do Vasco sempre é assumir o jogo e ser vertical, quando entendemos ser possível. A ideia contra o Coritiba é fazer a mesma coisa, mas depende de como eles vão se apresentar.

Posições carentes e busca por reforços

– Se eu disser a você que preciso da posição x, amanhã o Paulo vai receber 40 nomes daquela posição. E os que custavam um, vão estar sendo oferecidos por cinco. (risada). Não é inteligente da minha parte dizer isso ou não. O que eu posso dizer e a gente já manifestou isso publicamente é que sim, existem peças que vão chegar no meio da temporada.

– O clube está se mexendo. Temos um departamento de mercado, scout que está fazendo esse trabalho. E, quando isso acontecer, a ideia é que consiga elevar o nosso nível, vamos caminhar nessa direção. Enquanto não abre a janela, estou trabalhando com o elenco que tenho e procurando alternativas, variações. É ajudando-os a se desenvolverem individualmente, porque agrega valor na equipe e ao clube. Eu não vou te falar quais são as posições nem eventuais nomes. Tem situações que estamos mapeando. Tem nomes que talvez já tenha discutido, mas não vou abrir eles aqui (risada).

Rwan e Carabajal

– São jogadores que estão se adaptando à nossa maneira de jogar. Conversei com os dois e relataram uma diferença grande em relação à intensidade dos treinamentos ao que eles estavam habituados. O Carabajal disse que estava acostumado a jogo mais cadenciado antes, mas que já tinha feito jogos com bastante intensidade na Argentina. Ele falou “Vou me adaptar, preciso de um tempo”. Ele mesmo disse que era muito mais fácil você sair de uma situação de grande intensidade e depois baixar do que o contrário. Isso envolve tempo. Fez uma semana muito boa antes do jogo contra o Bahia. Não conseguiu, sabe disso e vem trabalhando.

– O Rwan é um menino que finaliza muito bem. Nos teinos sempre faz complemento de finalização, tem bastante mobilidade. É uma das coisas que tenho procurado ajustar para que ele consiga controlar um pouco mais essas movimentações. Em alguns momentos ele sai muito da zona que seria o atacante. Faz parte do processo, é um elenco em formação com jogadores em formação. Não é o caso do Gabriel (Carabajal) por conta da idade, mas está se adaptando a forma de jogar. O Rwan tem 21 anos.

Preparação para saída de Andrey

– O Andrey é um jogador muito importante para nós. Apesar de ser muito jovem e estar amadurecendo, é um jogador muito inteligente para ocupar e fechar espaços. Ele está entre os dez maiores interceptadores do campeonato. Foi o jogador que mais roubos bolas a nosso favor. Além disso consegue chegar à área e fazer gol.

– Sobre a saída dele, temos buscado alternativas e possibilidades. Vamos fazer isso com maior intensidade a partir do momento que ele se apresentar à Seleção. Vamos buscar soluções internas, mas a gente já vem trabalhando isso diariamente e também fazendo substituições durante os jogos.

Fonte: Globo Esporte

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1 comentário
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    Fraco,muito fraco,não cria alternativa msm com a semana cheia,aí Barbieri Contra flores,poderia ter vindo do intervalo três zagueiros,dois cabeça,orrelhano livre na frente,vc voltou com time morto das pernas e só modificou quanto empataram seu fraco

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