Abel Ferreira critica gramado de São Januário: ‘Péssimas condições’

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, afirmou que o gramado de São Januário prejudicou o desempenho de sua equipe.

Ricardo Sá Pinto e Abel Ferreira
Ricardo Sá Pinto e Abel Ferreira (Foto: André Durão)

Retirando o lance isolado do pênalti convertido por Luiz Adriano, a vitória de 1 a 0 do Palmeiras sobre o Vasco foi um jogo equilibrado. Ficou como exemplo da evolução do Vasco com Sá Pinto e mostrou a Abel Ferreira o primeiro desafio que enfrentará na adaptação ao Brasil: o gramado.

O gramado é fundamental para que a circulação de bola de um time seja rápida. Uma grama reta e molhada faz com que a bola role mais rapidamente de um pé para o outro. Quando está irregular ou seca demais, o gramado torna a troca de passes mais lenta e dá mais tempo para que defensores pensem o que fazer. O resultado é um jogo pouco criativo e com predomínio da defesa.

A estratégia de Ricardo Sá Pinto mostrou na prática. O técnico manteve o 5-4-1 que venceu o Caracas no meio da semana. A ideia era que os laterais ficassem alinhados com os zagueiros e formassem uma linha de cinco jogadores na área. Thalles Magno e Benítez voltavam pelos lados e o meio-campo se alinhava com quatro jogadores, como a imagem mostra.

O Vasco chamou o Palmeiras para seu campo. Deu ao visitante uma tarefa clara: furar a retranca. É aí que o gramado entra. Furar retrancas é a coisa mais difícil que existe no futebol. O time enfrenta nove a dez jogadores que não saem nunca de trás e protegem o gol como se fosse a área. Não basta só talento. É preciso ter mecanismos ofensivos, saber executá-los e ainda imprimir uma certa velocidade para quebrar o paredão do adversário.

O mecanismo do Palmeiras foi ter amplitude. Rony e Viña jogaram bem abertos, rentes à linha de fundo. Eles esperavam a bola naquele setor com o intuito de chamar o ala do Vasco e abrir espaço para Luiz Adriano, Raphael Veiga e Verón – que rende muito melhor perto do gol. Até os zagueiros avançavam. Luiz Adriano também podia sair da área, levar um zagueiro e abrir espaço.

O objetivo de todo mecanismo ofensivo é mover as peças do tabuleiro adversário e abrir espaço. No Jogo de Posição isso é feito com espaços pré-definidos. No jogo apoiado, é feito atraindo gente para o setor da bola. Num jogo mais direto, com um pivô tirando um ou dois. Um gramado seco e irregular prejudica todos os mecanismos.

Ele tira a rapidez da circulação de bola e obriga os jogadores a darem vários toques para dominar a bola, sendo um para controlar a bola e outro para movimentá-la ao adversário.

Se estiver muito ruim, o gramado prejudica a própria movimentação, porque o jogador precisa girar o próprio corpo para adequar o pé à trajetória da bola.

Como tirar um adversário do lugar com essa morosidade? A imagem é um exemplo: Luiz Adriano busca a entrelinha (o espaço na defesa do Vasco). Verón se projeta para receber o passe, mas o gramado é tão seco e ruim que o toque sai lento, numa velocidade confortável para Andrey e um zagueiro chegarem e roubarem a bola.

“O gramado estava em péssimas condições. Às vezes, nossos jogadores davam dois, três toques para que a bola ficasse limpa. Isso fez com que a gente perdesse velocidade para achar os espaços. Jogando ainda mais com uma equipe num 5-4-1, que tira espaços de circulação de bola, fica muito difícil” – Abel Ferreira, após o jogo.

Não são só propostas ofensivas que ficam prejudicadas pelo gramado. Querendo o contra-ataque desde o início, o Vasco tentava sair com rapidez, mas a bola quicava tanto que Benitéz precisava girar o corpo e dominá-la protegendo do adversário para dar o passe. O resultado era simples: inferioridade numérica. O tempo a mais de domínio fazia o Palmeiras preencher a linha defensiva e cortar a ideia de contra-atacar.

É claro que é apenas o segundo jogo de Abel Ferreira. O gramado é um dos componentes que explicam o desempenho mediano do Palmeiras. O tempo de trabalho, o pouco entendimento do que o time deve executar e a estratégia do Vasco podem ser lembradas.

O gramado é o primeiro de – pode ter certeza, muitos problemas – que Abel Ferreira terá no Brasil. A pergunta é: ele tentará manter a ideia do Palmeiras protagonista com essa amplitude e o jogo por dentro? Ou se adaptará e em alguns jogos praticará um futebol mais reativo, de marcação, como o que o próprio Verdão fez para vencer o Galo?

Uma coisa é certa: precisamos melhorar nossos gramados.

Fonte: Blog Painel Tático

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