100 anos dos Camisas Negras é celebrado com presenças ilustres e protesto em SJ

O Vasco da Gama promoveu um evento em São Januário, com presença de torcedores, dirigentes e familiares dos Camisas Negras.

Formação dos Camisas Negras
Formação dos Camisas Negras (Foto: Emanuelle Ribeiro)

Em homenagem ao centenário dos Camisas Negras, comemorado neste sábado, o Vasco está realizando uma programação especial em São Januário para celebrar os 100 anos do primeiro título carioca. O evento conta com exposição de quadros com informações sobre a campanha, fotos restauradas da época, exibição de documentário e muitas homenagens. Familiares dos Camisas Negras estão presentes e vão receber as réplicas das camisas produzidas pelo clube.

O evento também foi utilizado para falar sobre a interdição de São Januário pela Justiça. “O Vasco e a Barreira do Vasco são uma casa só”.

Formação dos Camisas Negras (Foto: Emanuelle Ribeiro)

Familiares de Leitão, Torterolli, Mingote, Adão, Cláudio Destri e Russinho – jogadores que fizeram parte do histórico time – foram homenageados pelo Vasco. Dirigentes daquele momento, inclusive o presidente que firmou a Resposta Histórica, José Augusto Prestes, também foram representados por familiares.

O evento contou ainda com a entrega da Medalha Pai Santana (honraria para causas sociais) para familiares dos Camisas Negras e personalidades que se destacaram na luta contra o racismo. Será inaugurada uma placa comemorativa aos Centenário dos Camisas Negras na entrada da social.

Marcio Ferreira da Costa é um dos familiares presentes no evento. Ele é neto de Russinho, com quem morou junto de 1953 a 1992, ano da morte do ex-atacante.

Protesto contra jogos sem torcida no Vasco (Foto: Emanuelle Ribeiro)

– O que me marcou no vovô é que ele foi um vencedor, ele dizia que no dicionário dele só tinha a palavra sorte. E tudo que ele queria acontecia – contou Marcio.

O neto ainda lembrou de um episódio em que o jogador perdeu um pênalti de propósito por não concordar com a marcação. A honestidade era outro ponto forte de Russinho, que pouco depois dessa partida deixou o clube. Ele chegou ao Vasco em 1924 para o lugar de Arlindo e teve sua exclusão solicitada pela AMEA em movimento que resultou na famosa Resposta Histórica.

Vasco venceu o Flamengo pelo Carioca de 1923 (Foto: Emanuelle Ribeiro)

Russinho terá sua história contada pelo historiador Bruno Pagano no livro “Russinho: o inigualável êxtase do gol”, que será lançado em São Januário no dia 25 de agosto.

O presidente da associação, Jorge Salgado, falou sobre a importância de valorizar a história do Vasco de luta contra o preconceito. O evento contou com a participação de dirigentes do clube e da SAF e de autoridades do Rio de Janeiro. Carlos Roberto Osório leu um manifesto na abertura do evento:

Darê Gomes, da Ferj, com honraria Pai Santana (Foto: Emanuelle Ribeiro)

– São lutas que ecoam ao longo das décadas. Celebramos com reverência o centenário da conquista dos lendários Camisas Negras, que trouxeram impacto para todo o Brasil e o futebol mundial. O Vasco mostrou que a paixão pelo futebol não tinha cor, classe ou alfabetização – destacou o 1° vice-presidente geral do clube.

Osório também falou sobre São Januário, destacando que “mais uma vez querem excluir o clube”. E afirmou que o Maracanã é um patrimônio público do Rio de Janeiro e que o Vasco merece ter acesso ao equipamento.

Crias do Vasco com uniforme dos Camisas Negras em 1923 (Foto: Daniel Ramalho/Vasco)

– Como nos tempos dos Camsias Negras o Vasco continua a exaltar valores. A história do Vasco não é só sobre futebol, mas sobre defender o que é certo, promover igualdade. Os Camisas Negras são eternos, assim como os valores que representam – completou .

CEO da SAF, Lúcio Barbosa também falou brevemente sobre a história do clube.

– Cada um recebe a cruz que consegue carregar, e o Vasco carregou muitas – Lúcio Barbosa.

Há 100 anos, a equipe do Vasco, formada por negros e pobres em sua maioria, fez história dentro de campo com uma campanha espetacular: 11 vitórias, dois empates e apenas uma derrota.

Vasco reproduz uniforme dos Camisas Negras em 1923 (Foto: Daniel Ramalho/Vasco)

Além do título, o Vasco marcou o nome na história com a luta para incluir negros e operários em um esporte até então elitista.

O documentário ‘Camisas Negras – Uma jornada histórica’, feito pelo Ciclo de Oficinas (Projeto Social do CRVG com aulas de Dança, Música, Teatro e Produção Audiovisual) também será exibido.

O Vasco também preparou um ensaio em São Januário com jogadores da base vestindo os uniformes. Participaram o goleiro Phillipe Gabriel, o zagueiro Lyncon e o meia Lucas Eduardo. Na foto acima, Lyncon segura o quadro da “Resposta Histórica”, redigida em 1924 para informar da desistência de fazer parte da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA), que só aceitaria a inscrição do Vasco caso o clube excluísse 12 de seus jogadores, em sua maioria negros e pobres.

Fonte: Globo Esporte

Estamos no Google NotíciasSiga-nos!
Comente

Veja também
777 pede prazo para apresentar defesa em processo movido pela Leadenhall nos EUA

A 777 Partners pediu prazo até dia 24 de maio para apresentar defesa do processo movido pelo fundo inglês Leadenhall.

Paralisação do Brasileiro pode ser benéfica para o Vasco

Com duas rodadas paralisadas, o técnico Álvaro Pacheco terá tempo para desenvolver seu trabalho no Vasco da Gama.

Oposição cobra transparência ao Vasco após reassumir controle da SAF

Conselheiros de oposição reclamaram da falta de aviso e diálogo interno no Vasco da Gama sobre a investida na Justiça contra a 777 Partners.

SAF negociava antecipação de aportes da 777 antes de liminar da Justiça

Com problemas de fluxo de caixa, a SAF negociava a antecipação dos aportes junto a 777 Partners para colocar as contas em dia.

Conheça José Lamacchia, dono da Crefisa, interessado na Vasco SAF

José Roberto Lamacchia, dono da Crefisa, está interessado em comprar a parte da 777 Partners na SAF do Vasco da Gama.

Sair da versão mobile