Tudo sobre o AVC de Ricardo Gomes

Hoje faz um mês que Ricardo Gomes sentiu um AVC hemorrágico. Veja tudo sobre o caso.

Há exatos 30 dias, Ricardo Gomes vivia o pior drama de sua vida. Aos 37 minutos do segundo tempo do clássico contra o Flamengo, no Engenhão, o técnico do Vasco sofria um AVC hemorrágico. Um quadro que inspirava cuidados, mas que resultou numa cirurgia bem sucedida. Um mês depois e já de alta, o treinador segue com intensas sessões de reabilitação. Em entrevista ao iG, a fonoaudióloga Elizabeth Gonçalves Ribeiro fala sobre a recuperação do paciente.

Elizabeth iniciou o tratamento de Ricardo ainda no Hospital Pasteur, onde ele ficou internado por três semanas. Atualmente, ela mantém a rotina de sessões diárias na casa do treinador. A evolução, segundo a fonoaudióloga, é surpreendente. O ambiente familiar favorece a recuperação, principalmente por ele já comunicar suas necessidades e ter uma bagagem cultural, proporcionando recursos em suas interpretações e comunicação.

Apesar da evolução, a fonoaudióloga não estabelece prazos para o paciente. A fala seria uma das maiores sequelas após o acidente. Leia a seguir trechos da entrevista:

Sessões de fono fora do hospital
“As estratégias de reabilitação da fala no pós-alta não são diferentes, pois o Ricardo está no período que favorece a reorganização devido à neuroplasticidade cerebral; já que o AVC ser recente. Tal fato favorece novas conexões. O que muda é a questão do ambiente. Por estar em casa, o trabalho é mais produtivo, pois apresenta melhor atenção, concentração, motivação, o que favorece o trabalho de reorganização da fala”.

Estágio da fala do treinador atualmente
“Hoje, Ricardo já consegue se comunicar pela fala, comunicando suas necessidades, e interpretando temas apresentados durante a consulta. A dificuldade surge, quando o material de linguagem tem maior volume. Porém, faz parte do processo de reabilitação”.

Surpresa na reabilitação
“Não existem casos iguais, todos os casos são únicos. Desta forma, posso informar que o processo de reabilitação de Ricardo é surpreendente. É uma pessoa de muita garra, e se empenha em todas as atividades desenvolvidas. Sim, a reabilitação de Ricardo é surpreendente. É uma pessoa especial. Com grande bagagem cultural, o que favorece também todo o trabalho de reorganização da linguagem”.

Previsão
“A fala já voltou. É normal? Não trabalhamos com este modelo. A reabilitação favorece uma comunicação funcional, é para isto que a fala existe, para nos comunicarmos. Existem pessoas normais que não comunicam nada, não é mesmo?!”.

Duração das sessões
“Uma profissional, com consultas de 40 minutos a uma hora, sempre na dependência do seu estado. Aproveito para esclarecer o que significa fala. Fala é a expressão motora da linguagem; e faz parte de um processamento, ou seja, tem etapas. Estas etapas ocorrem ao mesmo tempo quando um indivíduo quer comunicar algo. A primeira é a etapa do conceito que armazena todo o nosso vocabulário adquirido durante o nosso desenvolvimento. Desta forma, primeiro escolhemos sobre o que queremos comunicar, a partir daí, selecionamos as palavras mentalmente, organizamos de forma espacial a mensagem ordenando sequencialmente as palavras para formar uma frase, em seguida organizamos os fonemas e sílabas, para que então o aparelho fonador possa executar através dos movimentos de lábios, língua, laringe, respiração. Podemos então, ver como é complexo o ato de fala”.

Entenda o caso

28/08 – Ricardo Gomes foi submetido a uma neurocirurgia para drenagem de hematoma cerebral e controle da hipertensão intracraniana. O procedimento, que durou cerca de três horas, foi realizado com sucesso pela equipe do neurocirurgião José Antonio Guasti e com o suporte clínico do médico Fábio Guimarães Miranda. A tomografia computadorizada no pós-operatório imediato foi satisfatória, mostrando que o hematoma foi totalmente removido e a pressão intracraniana está mantida sob controle.

29/08 – Um eletroencefalograma (exame para verificar as condições neurológicas) apresentou alterações esperadas para o quadro do paciente. O pós-cirúrgico evoluiu bem, sem apresentar intercorrências.

30/08 – Uma angiotomografia computadorizada (exame que mapeia os vasos sanguíneos cerebrais) evidenciou a ausência de um aneurisma. Assim, os médicos descartaram a possibilidade de uma nova intervenção cirúrgica.

31/08 – A sedação que induzia ao coma do paciente foi retirada. Ele apresentou reações positivas, como abrir os olhos e movimentar os membros superiores e inferiores. O paciente iniciou o tratamento de fisioterapia motora e respiratória. Ele também entrou em processo de retirada da respiração artificial.

01/09 – O paciente apresenta uma melhora progressiva, sem sinais de complicações. Ele está recuperando gradativamente o nível de consciência e atendendo aos comandos verbais. Uma nova tomografia computadorizada evidenciou uma boa absorção dos resíduos dos líquidos no tecido cerebral, decorrentes da hemorragia que ele sofreu. Numa escala de 1 a 5, ele está com grau 2 nos movimentos do lado direito. Já o lado esquerdo está com força normal.

02/09 – O paciente apresentou um quadro de agitação e necessitou ser levemente sedado. Uma tomografia computadorizada realizada neste período confirmou um bom aspecto, sem evidências de complicações. Dessa forma, o cateter cerebral foi removido.

03/09 – Uma nova tomografia computadorizada cerebral evidenciou uma melhora em comparação ao último exame. O paciente permaneceu com o quadro clínico e neurológico estável, mantendo-se sedado, entubado (tubo traqueal), em ventilação mecânica. Foi iniciada a redução da sedação.

06/09 – Outra tomografia computadorizada apresentou um ótimo resultado, evidenciando a absorção completa do hematoma cerebral, decorrente do AAVE hemorrágico que ele sofreu, dia 28/08.

07/09 – Em nova avaliação da equipe de médicos, foi completamente retirada a administração de sedativos, aumentando o nível de consciência de Ricardo Gomes. As visitas foram liberadas.

08/09 – Boletim médico informa que nas últimas 24 horas, neurologicamente, o treinador apresentou “melhora progressiva do seu nível de consciência, permanecendo acordado com maior frequência, sem utilização de sedativos”. No complemento do comunicado, a junta médica afirma que avaliará a possibilidade de submetê-lo a uma extubação – deixar o paciente respirando sem o tubo traqueal. A expectativa com a retirada deste aparelho é a resposta de Gomes às sequelas na fala

09/09 – Foi retirado o tubo traqueal e a ventilação mecânica que auxiliavam na respiração do técnico do Vasco. O procedimento constava como última etapa do pós-operatório. A reação de Ricardo ao se comunicar com os familiares deixou a equipe médica otimista. O treinador esboçou palavras como “estou bem” e disse “eu te amo” para o filho Diego.

12/09 – Ricardo Gomes deixou a UTI depois de 15 dias e foi transferido para um quarto privativo. Lúcido, sem o tubo traqueal e sem sedativos, o paciente so movimentava e interagia com parentes e familiares.

13/09 – Os médicos retiraram a sonda de nutrição do paciente, permitindo que ele se alimentasse de comida pastosa em sua dieta oral.

14/09 – Ricardo Gomes faz fisioterapia e fono em quarto privativo no hospital. Reação depois de 48 horas fora da UTI anima médicos.

18/09 – Técnico recebe alta pela manhã após três semanas de internação. Médicos concedem entrevista coletiva transmitindo otimisto na recuperação do paciente.

20/09 – Médico que operou Ricardo acredita em recuperação plena do treinador em seis meses.

20/09 – Em nota oficial, família do técnico surpreende e fala em volta do treinador antes do esperado.

Fonte: ig

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